08 de março: Luta e afirmação dos direitos das mulheres
Por Najara Lima Costa
O 8 de março é resultado de inúmeras reivindicações por direitos sociais, especialmente no campo do trabalho. A data é “comemorada” a partir de um contexto de luta política iniciado no século XIX, mais precisamente no ano de 1857, e se remete ao movimento de trabalhadoras de uma fábrica têxtil de Nova Iorque, que por meio de uma greve, exigiram melhores condições de trabalho. Desde então, outras dinâmicas entre grupos de mulheres postularam com maior expressividade novas conquistas, dentre elas o sufrágio universal.
No início do século XX, um incêndio ocasionado por precárias condições com relação à segurança no local de trabalho gerou a morte de inúmeros trabalhadores de uma fábrica de tecidos também em Nova Iorque, em sua maioria mulheres. É preciso expor que o trabalho feminino, menor remunerado, garantia maior acúmulo de capital aos proprietários dos meios de produção. Este episódio gerou inúmeros protestos relacionados ao direito por salubridade e melhores condições nos espaços de ofício resultando na conquista de alguns direitos.
Somente no ano de 1975, no contexto do Ano Internacional da Mulher, a ONU (Organização das Nações Unidas) reconhece a data do “08 de março” enquanto um marco para se tratar a questão dos direitos femininos sobre uma perspectiva internacional. Entende-se nesta conjuntura que políticas específicas precisariam ser executadas como forma de se conter tantas desigualdades entre homens e mulheres e a partir de então orientam-se novas diretrizes prospectando-se políticas institucionais entre as nações, considerando, obviamente, a realidade local.
O desafio do século XXI se postula especialmente no total rompimento do modelo universalizante questionando-se quem são as maiores vítimas das persistentes explorações em sociedades tidas enquanto democráticas. É preciso expor, por exemplo, que as pautas das mulheres negras não são as mesmas das mulheres brancas e que lutar por igualdade significa, primeiramente, entender especificidades, afinal de contas fazer parte de um grupo social específico influencia totalmente no nosso “lugar ao sol”.
Pensar o “8 de março” como um movimento histórico de luta por afirmação de direitos é assumir o quão necessário é pautar as intersecções complexas e que criam exclusões, pois como afirmou a pensadora Kimberlé Crenshaw “raça, classe e gênero” são categorias que precisam ser analisadas conjuntamente, já que favorecem desigualdades ou orientam privilégios. Mulheres socialmente marginalizadas possuem maiores dificuldades no alcance aos direitos fundamentais é este é um fator que precisa ser prioritariamente pontuado a respeito do debate.
Najara Lima Costa é mestranda em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC – UFABC. É negra, taboanense, professora de sociologia jurídica e pesquisadora das relações raciais com foco em educação e trabalho.