A cultura de Taboão da Serra merece mais
Antigo Tico´s Bar; uma das referências do rock taboanense por anos
Por Ramon Andrade
Quem passa na estrada do São Francisco e vê esse posto de gasolina abandonado, mal pode imaginar o significado cultural que esse lugar carrega para o movimento Rock Taboanense. Lá, foi a primeira oportunidade de tocar para muita gente, lá foi um espaço de vivência para os roqueiros que queriam trocar experiências e fazer amizades. Quantas bandas e músicos locais surgiram neste espaço.
Quem na primeira década dos anos 2000 pôde curtir esse rolê, sabe bem do que estou falando, e tenho certeza que guarda na memória lembranças deste lugar.
Taboão da Serra sempre teve movimentos culturais fortes, no Rock, Reggae, Hip Hop, Samba, Cultura popular, Poesia etc. A Coperifa nasceu aqui!
E pra mim, o retrato de como está o espaço do antigo Tico’s Bar infelizmente é o espelho de como os movimentos culturais de Taboão da Serra são tratados pela Secretária de Cultura, de forma sucateada.
Tem-se pouco conhecimento da geração cultural taboanense, quase nunca fomentam, e com isso, pouco se valoriza as personalidades e os movimentos culturais da Cidade. Até por isso é comum a gente escutar: “Taboão da Serra não tem cultura”. Na verdade deveríamos falar assim: – A prefeitura pouco valorizou a cultura gerada em nosso território.
Cidade iluminada no Natal, curso de balé, eventos com patrimônio cultural externo (geralmente centralizados no CEMUR), fomento a ONGs específicas e centrais, tão longe de serem suficientes para suprir a necessidade de valorização dos nossos atores culturais, que são muitos.
Ações públicas efetivas e com interesse real de exercer sua função, mapearia as manifestações e espaços culturais, construiria um memorial para não esquecermos daqueles que mesmo na adversidade fomentou espaços culturais e que são referência para as manifestações atuais, e estas, deveriam ser assistidas e incentivadas como um recurso de inclusão social, reconhecimento identitário, lazer e vivência.
Mas, enquanto nós nos organizarmos como cidadãos que só obedecem as leis e diretrizes do poder público, sem interesse deliberativo das coisas públicas, realmente continuaremos a dizer: “é assim mesmo”. Não temos a noção do nosso Poder porque somos incentivados ao desinteresse político, até porque se tivéssemos consciência do nosso poder, e a força que tem a nossa participação, dificilmente um patrimônio histórico cultural da cidade estaria nestas condições, sem utilidade. Dificilmente artistas locais precisaria se deslocar para o Capital para conseguir fomento, a cidade teria a notoriedade cultural que sempre mereceu, mas enquanto isso, continuemos sendo uma “cidade dormitório”.
NOS EMANCIPEMOS!
Ramon Andrade é empreendedor social, estudante de Filosofia e cria do Pirajuçara.