Adolescente que matou professora na Vila Sônia estudava em Taboão da Serra até 6 de março
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O adolescente de 13 anos, responsável por ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro Vila Sônia, era até fevereiro aluno da EE José Roberto Pacheco, no Jd. Pazini, em Taboão da Serra. Ele foi transferido há poucos dias após comportamento suspeito e violento que gerou preocupação dos pais e alunos.
Boletim de ocorrência registrado no dia 28 de fevereiro por uma funcionária da Escola Estadual José Roberto Pacheco, revela que o adolescente era descrito como uma pessoa de perfil agressivo e vinha apresentando comportamento suspeito nas redes sociais, postando vídeos comprometedores portando arma de fogo e simulando ataques violentos.
Segundo relatos, quando o adolescente ainda estudava em Taboão da Serra ele teria encaminhado mensagens e fotos de armas aos demais alunos por meio do WhatsApp, o que deixou alguns pais amedrontados e acuados. O boletim de ocorrência afirma que os responsáveis pelo adolescente foram convocados à escola José Roberto Pacheco e orientados pela direção de que providências seriam tomadas.
Apesar do boletim de ocorrência e da transferência de escola, a Secretaria da Educação do Estado não informou se o jovem recebia algum tipo de acompanhamento especial. Ele estava no 8º ano do ensino fundamental. O ataque chocou a comunidade escolar e reacendeu o debate sobre a segurança nas escolas e a necessidade de prevenção de casos como esse.
Em entrevista coletiva, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, confirmou que o autor dos ataques foi transferido de escola porque tinha histórico de violência. O secretário da Educação, Renato Feder, presente na mesma entrevista, afirmou que a transferência ocorreu no dia 6 de março.
O prefeito de Taboão da Serra, Aprígio, lamentou a tragédia através de suas redes sociais. “Fiquei profundamente entristecido com a notícia do ataque à faca ocorrido na Escola Estadual Thomázia Montoro em São Paulo. Gostaria de expressar minha solidariedade às famílias dos professores e alunos que foram vítimas desse ato de violência sem sentido”.
Ainda de acordo com a nota, “neste momento de dor, é importante que todos nos unamos em apoio às vítimas e seus familiares. Gostaria de enviar meus pensamentos e orações a todos os afetados por esse ataque. Que possamos encontrar força e união neste momento difícil e trabalhar juntos para garantir um ambiente de aprendizado seguro e saudável para todos”, escreveu o prefeito de Taboão da Serra.
Assassinato
A professora Elizabeth Tenreiro, 71 anos, morreu após ser esfaqueada nesta segunda-feira (27), na Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro Vila Sônia, em São Paulo, próximo a Taboão da Serra. Um adolescente de 13 anos, responsável pelo ataque, foi apreendido.
Elizabeth foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Outros três professores e dois estudantes ficaram feridos no ataque.
O governo estadual informou que os feridos foram encaminhados aos hospitais das Clínicas, Bandeirantes, Universitário e São Luís.
“A situação causa consternação a todos e a prioridade neste momento é prestar socorro às vítimas e apoio aos familiares”, disse o governo, por meio de nota.
Luto oficial
As polícias civil e militar estão no local para atender a ocorrência. Os secretários de Educação, Renato Feder, e da Segurança, Guilherme Derrite, também estão na escola. Foi decretado luto oficial de três dias no estado. A escola ficará fechada e será avaliada a reabertura gradual.
Movimentos sociais atribuem ataques a escolas a discurso de ódio
É preciso debater a proliferação de discursos fascistas e de ódio para conter a violência que chega às escolas, avalia a Campanha Nacional pelo Direito à Educação (CNDE). O movimento, que reúne organizações da sociedade civil, emitiu uma nota lamentando o ataque ocorrido nesta segunda-feira (27) na Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste da capital paulista. Um estudante de 13 anos de idade matou uma professora a facadas, e feriu mais três docentes e dois alunos.
“É importante ressaltar que o aumento de ideias e comportamentos fascistas, de extrema direita entre a população, de uma cultura de ódio, xenofobia e intolerância em suas mais variadas formas, contribuem diretamente para um cenário propício a atitudes cada vez mais violentas na sociedade, seja nas escolas, ou fora delas”, destaca a análise do movimento.
Para a CNDE, o problema é complexo e não será resolvido apenas com medidas de “segurança”. “O debate sobre a violência nas escolas não pode se limitar à segurança pública”, enfatiza o texto. “ A violência contra as escolas é reflexo de um conjunto de problemas estruturais na sociedade brasileira que têm sido amplificados por comportamentos e atitudes diametralmente opostos à construção de uma cultura de paz”, acrescenta.
O movimento cita ainda os dados do relatório Ultraconservadorismo e Extremismo de Direita entre Adolescentes e Jovens no Brasil, lançado em dezembro de 2022. O estudo aponta que ao longo dos anos 2000 ocorreram 16 ataques em escolas brasileiras que mataram 35 pessoas e deixaram 72 feridas.
Bullying e violência
“Casos de ataques com armas de fogo nas escolas praticados por alunos e ex-alunos, em geral, são normalmente associados ao bullying e situações prolongadas de exposição a processos violentos, incluindo negligências familiares, autoritarismo parental e conteúdo disseminado em redes sociais e aplicativos de trocas de mensagem”, diz o relatório.
As informações iniciais a respeito do ataque na escola Thomazia Montoro apontam para a presença de alguns desses elementos. Os estudantes ouvidos na manhã desta segunda-feira pela reportagem da Agência Brasil atribuem o ataque a uma briga, que teria chegado a troca de socos na semana passada. Na ocasião, o autor do ataque teria ofendido um outro estudante com termos racistas. Há relatos que apontam, no entanto, que o agressor era vítima de bullying na escola.
Entre as medidas que devem, na avaliação da CNDE, ser tomadas para enfrentar esse problema, o movimento enumera: o fim dos programas de militarização de escolas, o desarmamento da sociedade, a promoção de políticas de saúde mental e resposta firme aos discursos fascistas.
Repercussão
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio de Almeida, também apontou para a radicalização a partir dos discursos de ódio como um dos fatores que podem ter desencadeado o ataque. “Ao que tudo indica, trata-se de ataque ligado aos efeitos da radicalização de jovens, conectados por redes de incitação ao ódio e à violência”, disse no Twitter.
Almeida diz acreditar que possam ser necessárias algumas medidas regulatórias e repressivas, mas chama a atenção para a necessidade de medidas que encarem os outros aspectos da situação. Segundo ele, o ministério “constituiu o GT de enfrentamento ao discurso de ódio e ao extremismo, cujo relatório deverá subsidiar a formulação de políticas nacionais de educação em direitos humanos”.
O ministro da Educação, Camilo Santana, disse, também pelo Twitter, ter ficado consternado com o caso. “Manifesto minha solidariedade aos familiares e amigos dos professores e estudantes feridos no ataque, colocando o MEC à disposição da Secretaria de Educação e do Governo do Estado para colaborar no que for possível”, disse.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, demonstrou pesar e tristeza pela morte da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, que não resistiu aos ferimentos sofridos no incidente. Ele agradeceu à professora de educação física que conseguiu conter o agressor. “Não tenho palavras para expressar a minha tristeza com a notícia do ataque a alunos e professores da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia. O adolescente de 13 anos já foi apreendido e nossos esforços estão concentrados em socorrer os feridos e acolher os familiares.”
Com informações de Daniel Mello da Agência Brasil