Annis Bassit, primeiro prefeito de Embu, relembra os passos para a emancipação do município
O ano é o de 1958, no dia 17 de março, decidimos nos reunir à residência do Dr. Carlos Koch, às 20h30, para que fosse constituída uma entidade com força jurídica, a fim de pleitear a emancipação de nossa cidade.
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Neste primeiro encontro foi marcada a Assembleia Geral Ordinária, para 13 de maio, para a escolha da primeira diretoria. Em 17 de março de 1958 foi formada essa primeira diretoria, os encontros aconteceram sempre na residência do Dr. Carlos Koch, fundou-se assim a Associação Cívica de Embu. Participaram desta reunião 21 embuenses, interessados no Movimento da Emancipação.
Formada a diretoria eleita pelo conselho e cumprida todas as exigências legais, o pedido foi encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado, e teve como patrono o então deputado estadual, Francisco Scalamandré Sobrinho que, em memorável caravana foi entregue ao presidente da Assembleia. O processo teria agora uma nova etapa, passar pela Comissão de Justiça da Assembleia. Para a alegria de todos, o mesmo foi aprovado.
Após esta aprovação o plebiscito deveria ser marcado pela Secretaria de Estado da Justiça, o que ocorreu no dia 21 de novembro de 1958. Graças ao trabalho de todos os membros da Associação Cívica foi o mesmo aprovado quase que por unanimidade, tendo apenas quatro votos contrários.
Na época os municípios deveria ter pelo menos 5491 habitantes. Em 1959, através da lei Nº 5285 de 18 de fevereiro de 1959, o então governador, Dr. Jânio da Silva Quadros criava o município de Embu. Após a promulgação da lei, as eleições foram marcadas para o dia 04 de outubro de 1959.
Passada a eleição, a posse foi marcada para o dia 1º de janeiro de 1960, o que ocorreu na sede da Associação Atlética Embuense, na Rua Andronico dos Prazeres Gonçalves, esquina com a Rua da Emancipação. Onde se deu a posse dos senhores Vereadores, Prefeito, vice-prefeito.
A posse ocorreu em um ambiente totalmente festivo e de emoção. Tudo era festa.
Passada a euforia da posse, dia 2 de janeiro de 1960, já tínhamos que iniciar a organização do município, o que ocorreu no prédio onde hoje está instalado o Banco do Brasil, e, às 8h da manhã, eu e o funcionário Joaquim Mathias de Moraes, adentramos ao prédio onde deveríamos iniciar o nosso trabalho.
Ocorre que, não tínhamos sequer um lápis, uma folha de papel, muito menos máquina de escrever, para que houvesse algum suporte para poder trabalhar… Os móveis da Prefeitura recém-criada eram apenas duas escrivaninhas, doadas pelo Sr. Raimón e pelo Sr. Henrique da Prestação que vendia móveis na cidade, além de quatro cadeiras, doadas pelo mesmo Sr. Henrique.
Em seguida, convidamos a Sra. Delphina Ribeiro para ser também funcionária naquele primeiro instante. Para que tenhamos ideia do quanto foi benéfica nossa luta, podemos citar alguns números para ilustrar melhor o que representou a Emancipação de Embu.
Na eleição de 4 de outubro de 1959 tínhamos 1091 eleitores, e hoje temos mais de 170 mil eleitores. A população era de 5491 pessoas, hoje estamos com 240 mil. Iniciamos com um orçamento irrisório, e hoje temos um orçamento de R$ 362 milhões.
Daqueles ilustres e abnegados Emancipadores, só estão vivos entre nós, cinco deles:
João Batista Medina Filho, Manoel Batista Medina, Annis Neme Bassith, Benedito Lourenço de Moraes e Joaquim Mathias de Moraes.
Artigo publicado originalmente no Portal O Taboanense em 2013