Ansiedade às vésperas da Black Friday tem explicação psicológica
Especialista explica por que o período gera este sentimento e como a pandemia potencializa o comportamento
No dia 27 de novembro acontece oficialmente a Black Friday no Brasil, data que está no calendário do varejo há nove anos e marca o início da temporada de compras natalinas. Em 2020, há a expectativa que a Black Friday seja o ponto de retomada das compras entre os consumidores brasileiros, que estão comprando muito mais pela internet desde o início da pandemia – de acordo com relatório da Conversion, as maiores lojas virtuais brasileiras registraram 1,21 bilhão de acessos em setembro, mantendo uma média que levou o e-commerce para outro patamar.
Até o dia 27 de novembro, consumidores vão viver a expectativa para aproveitar o período de grandes descontos, o que pode gerar hábitos nocivos. De acordo com Luciana Rodrigues, coordenadora dos cursos de saúde da Faculdade Anhanguera, de Taboão da Serra, este momento é propício para o desenvolvimento de uma compulsão por compras, e alerta para possíveis riscos. Nos dois últimos anos, a Black Friday movimentou R$ 3,2 bilhões apenas no e-commerce, segundo a empresa de mensuração de dados de comércio online, Ebit-Nielsen, e a expectativa é que o número aumente.
Desta forma, promoções como a Black Friday podem afetar o público interessado em adquirir um ou mais itens. Para a coordenadora, “Pessoas com transtorno compulsivo por compras são inibidas da sensação de prazer, fazendo com que uma compra necessária não seja o suficiente. Ela sempre precisará de mais, mas nunca estará satisfeita. É totalmente o contrário da sensação prazerosa de comprar itens que preencham desejos ou sonhos de serem conquistados. Para o compulsivo, não há limite. Por isso, a compulsão é tratada como um distúrbio, podendo causar desconforto psicológico, inquietação e sintomas graves de depressão”, diz.
Mas o que acontece?
“No campo científico, a amígdala, localizada em uma parte profunda do cérebro, entende sinais sensoriais do ambiente e os interpreta como alertas, que faz com que a reação seja defensiva. Além disso, o hipocampo, ligado à memória emocional, sofre quando a ansiedade acontece em momentos longos e intensos. Ele reduz de tamanho, provocando problemas de concentração. O cortisol, a noradrenalina e adrenalina que causam a tensão e taquicardia são a combinação perfeita para que crises de ansiedade aconteçam. Ou seja, a amígdala identifica a necessidade de algo, cria um estado de alarme, ao passo que os elementos são os responsáveis pela intensidade da resposta compulsiva”, diz Luciana.
Entretanto, é preciso estar atento à sintomas que denotam um nível grave de ansiedade e compulsão por compras. A ajuda médica e psicológica são as melhores saídas para tratar o transtorno que assombra a vida dos brasileiros, considerados o povo mais ansioso do mundo, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Para evitar a ansiedade e a compulsão por compras gerada por essa sensação, é preciso disciplina. Alternativas como o relaxamento, técnicas de respiração profunda, pausas diárias para desestresse do cérebro, meditação e yoga são algumas opções”, finaliza.