Blog do Armando Andrade: O nascimento do Parque das Hortênsias
Ao assumir o mandato de Prefeito em 1977, alimentava a esperança de poder melhorar a qualidade de vida da nossa população e dentre a previsão de muitas obras estava a criação de áreas verdes, pensando principalmente nas nossas gerações futuras.
Foi um sonho, que parecia inatingível, mas tomei coragem e obstinadamente, pensando simplesmente no bem estar da população taboanense decidi enfrentar o desafio!
Bem próximo da sede da Prefeitura, ao lado da Praça Miguel Ortega, existia uma área municipal, oriunda de dois loteamentos, o Jardim Monte Alegre e o Jardim Santa Rosa. Era um espaço de acidentada topografia, praticamente abandonado que vinha servindo de depósito de lixo e, acreditem, também utilizados por um morador das proximidades, como cocheira.
Convoquei o pessoal de engenharia, de obras, de educação e coloquei a idéia, prontamente apoiada por todos, como um importante passo de humanização da cidade.
Feito o levantamento topográfico, chegando a constatação da existência de 48 mil m² no local, a engenharia projetou as alamedas e a infra estrutura para possibilitar o bem estar dos futuros frequentadores.
O setor de obras, comandado por Antonio Martins, após o trabalho de terraplanagem e limpeza, partia para a colocação de guias e sarjetas nas alamedas, construção de muro de fecho da área total, construção da casa de caseiro e sanitários em vários pontos.
Com o máximo de dedicação o engenheiro Orlindo de Jesus Domingos comandava seu Departamento, passando a projetar os ambientes internos para os abrigos dos primeiros animais que chegavam; a entrada monumental e os espaços aonde viriam ser a parte administrativa do futuro parque.
Minha amizade com o empresário e amigo José Eduardo Takaia abria as portas da Fuji Filmes, empresa representada por ele na região, para uma parceria que nos trouxe nada menos de 5 mil mudas de hortênsias das serras gaúchas, o que acabou por originar o nome de Parque das Hortênsias, placas de identificação dos diversos setores, painel de localização na entrada e folhetos com a planta de todos os recintos.
Contratamos uma empresa especializada para construir em diversos pontos da área, quiosques de utilização múltipla e uma belíssima ponte de madeira rústica sobre o lago criado a partir do represamento das águas das nascentes existentes.
No lago foram colocados pedalinhos especiais para propiciar aos futuros frequentadores, a possibilidade de um passeio fluvial que acabou se transformando, à época, numa das mais desejadas opções de lazer, dentre as tantas ali existentes.
A Divisão de Educação com o Professor Fenólio à frente montava a logística de divulgação da obra programando ações motivacionais para toda a população, dentre elas o “Dia da Plantação de Mudas”, em 14 de fevereiro de 1978, quando convidados da administração como comerciantes, empresários, políticos, simples moradores, professores e estudantes, compareceram ao Parque, ainda embrionário, para plantar a sua muda de arvore. Foi um dia inesquecível!
O local foi concebido para tornar-se um grande bosque com a preservação de pedras gigantescas naturais da área, o aproveitamento de nascentes e a formação de um zoológico, transformado com o tempo na sua maior atração.
Vale registrar que nessa mesma época o Geraldo do Nascimento, escolhido para ser o caseiro do local, já começara a preparar o ambiente visando a procriação de algumas espécies, sendo que os primeiros nascidos em cativeiro foram o lobo guará e o tatu, dentre tantos outros.
Nesses mais de trinta anos já passados o Parque das Hortênsias se destacou como referência importante de lazer e cultura de toda a região, graças ao objetivo inicial de preservação do meio ambiente, apesar de não ter sido agraciado com a atenção devida dos prefeitos que sucederam à sua criação.
A única ação positiva nesse tempo todo foi a criação do Museu do Parque inaugurado pelo atual prefeito, depois de um árduo trabalho de seu atual diretor Ricardo Andrade, que abriga mais de 50 animais empalhados e outro tanto conservados em formol.
Ao invés de conservar para preservar, as administrações posteriores preferiram ir acabando com algumas atrações do local. Retiraram a ponte de travessia do lago, acabaram com os pedalinhos alegando falta de segurança, não movendo uma palha sequer para a sua modernização.
É de se lamentar que a maior e melhor opção de lazer da região e único centro permanente de aulas ao vivo de preservação, utilizada pelas escolas da cidade e de outros municípios não tenha recebido os cuidados que nortearam sua implantação.