Cão Pastor na contra mão do quadro de rejeição à técnicos e dirigentes negros
Publicado no Blog Valente Cão Pastor
Nesta 5ª feira, (25), o Jornalista Jorge Monteiro, publicou uma matéria, que aborda o assunto racismo no futebol e falta de profissionais negros, no comando técnico e diretivo no Brasil. O argumento é forte e muito bem embasado.
Times campeões regionais de futebol em 2019 só possuem 1 técnico negro
Jorge Monteiro, aproveitou o recente término da maioria dos campeonatos regionais brasileiros, para fazer um interessante levantamento; entre os 21 clubes campeões estaduais do Brasil, um único time foi comandado por um treinador negro; trata-se do E. C. Bahia, do técnico Roger Machado, ex – S. E. Palmeiras.
Para reforçar a tese, vale observar, que nenhuma das 40 equipes das Séries A e B do brasileirão de 2018, foram comandadas por treinadores negros; o que contrasta com o grande número de atletas negros em atividades, isto demonstra que existe um preconceito contra os profissionais negro em posição de comando no futebol do brasileiro.
Isso se evidencia, quando fazemos aquela celebre pergunta; por onde anda?
Para técnicos negros como Lula Pereira; Cristóvão Borges e Jair Ventura e a resposta é única, estão sem clube; até mesmo o ídolo Flamenguista e único técnico negro, campeão brasileiro da série A em 2009, que nunca mais voltou a dirigir uma equipe de 1ª divisão e em 2017, interrompeu a carreira. A exceção e Givanildo Pereira, hoje treinando o América de Minas Gerais.
CATS; uma das exceções que confirmam a regra
O C. A. Taboão da Serra, é um dos oásis neste deserto, a equipe Serrana, sempre manteve suas portas abertas, para profissionais negros, tanto no time principal, como nas categorias de base, o elenco de profissionais, foi comandado por 6 técnicos negros, nos últimos 9 anos, (média de uma contratação a cada 1 ano e meio).
Além de treinadores, o Tricolor da Serra, conta com muitos profissionais negros, em outros postos dentro da equipe, coordenadores, auxiliares técnicos, departamento médico, preparadores e até gerente de futebol; são funções, que são ou já foram ocupadas por profissionais negros, em Taboão da Serra.
Dermival de Almeida Lima, (conhecido como Baiano), natural da cidade de Capim Grosso, estado da Bahia, nascido em 28 de junho de 1978, (40 anos), foi o último treinador negro, a dirigir a equipe profissional do Cão Pastor.
Baiano comandou o time Serrano, na Série A-3 do Campeonato Paulista de 2019, ele ocupou o banco de reservas em 11 da 15 rodadas da competição, no período de 20/11/2018 à 03/03/2019.
Wellington Marinho, (conhecido como Boi), natural da cidade de São Paulo, estado de São Paulo, nascido em 10 de junho de 1981, (37 anos), foi outro treinador negro, a dirigir a equipe profissional do Cão Pastor, Boi comandou o time Serrano na Segunda Divisão Campeonato Paulista de 2014.
Ele ocupou o banco de reservas, numa única rodada da competição, em 12/04/2014, porém, retornou no comando da equipe Sub- 20, no Campeonato Paulista da 1ª Divisão de 2017, no período entre 12/05 à 08/11/2017.
Moisés Macedo, natural da cidade de São Paulo, estado de São Paulo, dirigiu o time principal do Taboão da Serra, no Campeonato Paulista da 2ª Divisão em 2012 e também, o time de Base Sub – 20 no Campeonato Paulista de 2011 e na Copa São Paulo de Futebol Junior de 2012.
Um fato curioso, marcou sua passagem pelo Canil, o jovem presidente, Anderson Nóbrega, tentou uma inovação no comando técnico e logo após efetivar Moisés, como treinador do profissional, Trouxe Tuca Guimarães, para uma parceria; Moisés treinaria o Time durante a semana e Tuca comandaria a equipe nos jogos. Quando Tuca entendeu a proposta, demitiu-se imediatamente; Pode???
O último técnico campeão profissional pelo Cão Pastor.
Comandante de um dos melhores times da história do C. A. Taboão da Serra, liderou a equipe na vitoriosa campanha de 2010, que além de garantir o Acesso para A Série A-3 de 2011, ainda trouxe o último título para o Canil do Cão Pastor.
Sérgio Ferreira da Silva, (conhecido como Índio), formou uma equipe coesa, aguerrida e habilidosa, que fez uma campanha impecável, que levou o torcedor Taboanense a se entusiasmar e atravessar o estado acompanhando o clube até o título.
O mais longevo treinador da história do clube
Axel Rodrigues Arruda, (conhecido como Axel Arruda), natural da cidade de Santos, estado de São Paulo, nascido em 9 de janeiro de 1970, (49 anos), foi o treinador, que mais dirigiu a equipe profissional do Cão Pastor, nas Série A-3, Copa Paulista, Segunda Divisão e Copa São Paulo de Futebol Jr.
Axel, totalizou em suas 2 passagens pelo time Serrano; 87 jogos, somando; 35 vitórias, 22 empates e 30 derrotas com 127 pontos ganhos, em exatos 1 ano 11 meses e 18 dias, tendo como ponto alto da sua passagem, o acesso da Série B, para a Série A-3 do Campeonato Paulista em 2016.
Obs.: Infelizmente, no momento estes 5 profissionais encontram-se desempregados.
A aposta do CATS para o futuro do futebol profissional
Diego de Souza Gama Silva, (conhecido como Diego Souza), natural da cidade de São Paulo, estado de São Paulo, nascido em 22 de março de 1984, (35 anos), está numa fase de transição na carreira, ainda atua como atleta na equipe profissional, tendo Disputado a Série A-3 2019, pelo Cão Pastor.
Porém, dando início a um objetivo futuro, Diego, está se enveredando pelos caminhos de treinador e como é de costume, o Tricolor, na pessoa do presidente Anderson Nóbrega, aposta no talento e na experiencia do atleta, e já lhe confio o comando do time Sub – 20, na disputa da Copinha 50 e agora na Copa Ouro da APF e no Paulista de Base da FPF, a meta é que mais a frente, Diego Souza troque os gramados pelos bancos de reservas do clube Serrano.
Uma comissão técnica completa, formada apenas por profissionais negros
No Campeonato Paulista Categoria de Base Sub – 20 da 1ª Divisão de 2015, o Cão Pastor, atingiu o ideal e conquistou o título, com uma emblemática comissão técnica integrada somente por negros: o coordenador de futebol, Alves, (na foto A), o técnico Edmílson Abel, (ex-Internacional, na foto B), o auxiliar técnico, Paulinho Oliveira, (na foto C), o Preparador físico, Renato Rodrigues, (na foto D, ex- Corinthians), e o preparador de goleiros, Marcos Moura, (na foto E).
O gerente de futebol que organizou e modernizou as estruturas do clube.
Erivelton Rafael de Lima, (conhecido como Erivelton Lima), natural da cidade de Sumé, estado da Paraíba, nascido em 24 de outubro de 1978, (40 anos), atuou como zagueiro, na equipe do Cão Pastor, na temporada de 2008, seu ultimo clube como jogador profissional.
Erivelton, voltou ao Canil do Cão Pastor, no cargo de gerente do departamento de futebol, atuando de 2011 à 2014, na sua gestão, organizou as estruturas do clube, investindo nos departamentos médico e físico, no marketing, lançou o plano de Sócio Torcedor do clube; isso ajudou a equipe a revelar atletas como Gutagol do Corinthians e a chegar ao 5º posto na Copa São Paulo 2014, melhor posição do clube na competição.
Alguns outros profissionais negros que passaram ou estão no Canil do Cão Pastor.
Luiz da Silva Feu – é o auxiliar técnico fixo do clube, desde 2017, quando iniciou sua 2ª passagem pelo time Serrano. (foto 1)
João Silva – está na coordenação de futebol, do base e também do profissional, desde a temporada de 2015, quando foi campeão com a equipe Sub – 20. (foto 2)
Raul Santana – Fisioteraopeuta que integrou a equipe do Cão Pastor na temporada de 2017. (foto 3)
Ronaldo Pereira – preparador físico que também atuou como treinador da equipe Sub – 20, em 2 jogos, na temporada de 2017. (foto 4)
Tonhão Gonçalves – (ex-Palmeiras), auxiliar técnico da equipe profissional na temporada de 2017. (foto 5)
Gerson Gonçalves – este modesto divulgador do dia-a-dia do C. A. Taboão Serra, o Cão Pastor.
DeDeclaração do presidente Anderson Nóbrega, à Folha de São Paulo, em matéria dos jornalistas Alberto Nogueira e Alex Sabino, de 04/03/2019, que também trata da escassez de técnicos negros no futebol paulista:
“Você nem repara nisso. Você contrata o profissional, aquilo que quer no momento. A cor da pele não tem nada a ver e quem falar o contrário é muito preconceituoso”.
https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2019/03/ausentes-na-elite-treinadores-negros-sao-menos-de-10-no-futebol-paulista.shtml
Mas a pergunta não cala
Se o preconceito não existe no futebol, então o que explica, que um treinador, que teve uma única oportunidade num time de ponta, numa competição de ponta, e sagrou-se Campeão Brasileiro Série A, em 2009, como Andrade; jamais voltou a receber se quer uma proposta de um time de série A ou B do brasileiro, até interromper sua carreira, 8 anos mais tarde, em 2017? (para refletir).
N.R.: Na elaboração desta matéria, as pessoas nela retratadas, não foram consultadas, quanto a sua auto-definição racial.