Chuva afasta público na celebração da 60ª edição da Paixão de Cristo
O ator Clayton Novais que interpretou Jesus cristo neste ano
A Paixão de Cristo de Taboão da Serra chegou a uma marca histórica nesta sexta-feira, dia 25. A apresentação deste ano marcou a comemoração de 60 anos do espetáculo, que começou antes mesmo da cidade ser emancipada, pelo visionário Manoel da Nova. E apesar do clima festivo, a mudança do local do ato final dificultou o trabalho da produção e a chuva que caiu forte durante todo o dia afastou o público.
Segundo a organização do evento, cerca de seis mil pessoas acompanharam o espetáculo que neste ano foi todo interpretado no estacionamento do Parque das Hortênsias. As obras de canalização do córrego Poá impediram que o segundo ato, o da crucificação, acontecesse no Morro do Cristo, como vinha acontecendo nos últimos 14 anos. Neste ano também o calvário de Jesus foi bem mais curto, realizado apenas no local.
Mas, apesar de todas as mudanças, da forte chuva e o público abaixo do esperado, a encenação deste ano foi uma das mais aplaudidas e de melhor produção técnica, sem falhas de som ou luzes, facilitando que o público pudesse acompanhar todo o espetáculo sem precisar de grandes locomoções.
As celebrações da data começaram com uma missa no Santuário Santa Terezinha. Em seguida, centenas de fiéis realizaram uma procissão até o Parque das Hortênsias. E foi ali que o Monsenhor Aguinaldo deu início a liturgia do evento católico. O espetáculo começou por volta das 19h.
A moradora Jennifer Alves, 33 anos, gostou da apresentação deste ano. “Eu moro aqui [em Taboão da Serra] há dois anos, não sabia que tinha uma peça tão bonita assim mostrando a vida de Jesus, achei muito bonito, não tinha visto nada assim antes”, disse. Já Mariângela de Freitas, moradora do Jd. Maria Rosa, elogiou a atuação dos atores. “Parece que a gente volta no tempo e vive aquela época de Cristo”.
O roteiro deste ano apresentou diversas mudanças em relação ao ano passado. Novas passagens da vida de Cristo foram inseridas para aumentar o contexto da sua história, principalmente na crucificação. Nos anos anteriores, após a condenação, começava o calvário até o morro do Cristo, onde a encenação ganhava o seu fim apoteótico.
Com a mudança deste ano, o espetáculo ganhou agilidade. O calvário durou pouco mais de 15 minutos e logo em seguida já teve início a crucificação. Novas passagens foram inseridas na história. “A gente queria levar para o público mais emoção, tenho certeza que conseguimos essa resposta, porque com a encenação toda aqui, as pessoas ficam mais próximas dos atores”, afirmou Amaral, produtor do espetáculo.
Durante a crucificação um novo cenário foi montado retratando o Santo Sepulcro. O momento que Judas se suicida também ganhou uma nova passagem, com ele sendo atormentado por demônios realmente assustadores. Quando Judas se enforca, seus pés quase que puderam ser tocados pelo público, tamanha era a proximidade.
Mas o quebra-cabeça para a encenação da ressurreição foi mais complicado. Nas edições anteriores, a topografia do morro ajudava com a cena de Jesus subindo aos céus. Desta vez, a direção precisou fazer com que cristo ficasse o centro do palco ao lado de dois anjos, enquanto os preparativos para a cena final eram finalizados. Em poucos segundo, o ator Clayton Novais, que mais uma vez interpretou Jesus, foi alçado ao infinito por um braço mecânico acoplado a um caminhão. A queima de fogos ajudou a levar o público, que aguentou firme debaixo do temporal, ao delírio pela 60ª vez consecutiva.