Ciclismo radical conquista jovens de Taboão e Embu
Por David da Silva
No próximo domingo, 27 de julho, a feia paisagem urbana do Jd Vitória, na periferia de Embu das Artes, vai tornar-se um cenário de beleza para apreciadores e atletas do esporte radical. O Campeonato de Dirt Jump, idealizado por 4 jovens praticantes da modalidade, premiará os melhores nas categorias amador e iniciante, com a participação especial de profissionais.
A “febre” das manobras radicais sobre bicicletas tomou conta da juventude no início dos anos 70, a partir dos Estados Unidos. Os garotos imitavam em suas ‘bikes’ seus ídolos do motocross. Em 1974 foi fundada a NBL (National Bicycle League), maior organizadora do esporte no mundo. No Brasil, o bicicross foi introduzido em julho de 1978, pela Monark, que contratou Orlando Camacho, com grande experiência em competições e vários títulos conquistados. Camacho organizou uma equipe com garotos do bairro paulistano da Moóca, e em agosto de 1978 o Brasil assistia a primeira exibição no Guarujá.
Nascem as pistas
A primeira pista para BMX (sigla americana para o bicicross) foi construida em 1980 na marginal Pinheiros, perto da ponte Cidade Jardim. Toda esta movimentação sobre duas rodas atraiu Emerson Soares Muniz ainda na infância, em Pirapora (MG). Ao mudar-se para Taboão da Serra, Emerson foi iniciado no esporte por Marcos (Jd Stª Tereza, Embu), e resolveu construir, com pá e enxada, uma pista ao lado do campo do EC Tubarão. “Nesta época os grandes da ‘bike’ eram Edmar e Dionísio, o Joy, do Embu, que difundiram o esporte em toda nossa região”, revela Emerson.
A pista de Taboão foi soterrada por basculantes que retiraram terra do piscinão do Pq Pinheiros. No Embu, a pista para BMX no morro do Jd Vitória, também foi construida “no braço” por Sivaldo, 18 anos, Wellington, 18 e Eric, o Geléia, 17, todos introduzidos no Dirt Jump por Emerson.
Sonho construido peça por peça
Por serem filhos de famílias de baixa renda, estes atletas não têm dinheiro para comprar uma ‘bike’ pronta. Trabalham duro, como Emerson, que luta 12 horas por dia em uma banca de jornais, ou Sivaldo, que faz pequenos ‘bicos’, e a grana suada é investida em peças com que montam as bikes dos sonhos.
O Dirt Jump é a modalidade mais radical do BMX. O piloto salta em rampas de terra de alturas variadas, e executa manobras no ar. Nas competições, julga-se o estilo praticado, a altura a que o piloto se alça, a criatividade e a perfeição da manobra. Para a competição de 27 de julho, a pista do Jd Vitória foi montada com auxílio de um trator cedido pelo prefeito Geraldo Cruz.
Os vencedores ganharão peças para bikes e equipamentos de segurança, patrocinados pelas empresas DRAC, Lostbollet, Academia Punhos Predador, Lima Bikes, Two-Force Bikes, Master Bikes e Trail Bikes. O local da competição fica atrás da garagem da Viação Campo Limpo.