Cobrança de taxa em Embu traz à tona discussão sobre custo do lixo
Da redação da Gazeta de S. Paulo
Esta semana a cobrança da taxa do lixo em Embu das Artes, gerou manifestações e até uma petição na internet para barrar o novo encargo municipal. Além de ter como objetivo aumentar a arrecadação, a prefeitura justifica que o serviço de coleta e destinação do lixo é muito caro e que a taxa pagaria parte dos custos. Hoje, a cidade gasta R$ 1,8 milhões com o lixo e espera arrecadar cerca de R$ 1 milhão com a taxa. O lixo não é problema exclusivo de Embu, que produz 5.600 mil toneladas de lixo por mês. A Gazeta em uma série de reportagens já mostrou que o manejo dos resíduos sólidos é um desafio nacional.
Uma das alternativas apontadas pelo governo federal, através do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é que uma das opções para diminuir os custos com a destinação do lixo seria aumentar a coleta seletiva e reciclagem do lixo domiciliar, o que diminuiria a quantidade de resíduos levados aos aterros, já que a maior parte dos gastos é com o transporte do lixo até os aterros legalizados.
Nas cidades vizinhas, como Taboão da Serra e Itapecerica da Serra o problema é o mesmo. Taboão gasta em média R$ 1,5 milhões por mês com o lixo e produz 7,5 mil toneladas de lixo domiciliar e mais cerca de 1,5 mil toneladas de lixo, como entulho, totalizando mais de 9 mil toneladas mensal.
Segundo a assessoria de imprensa de Taboão da Serra, a Cooperativa – Cooperzagati, realiza na cidade o trabalho de coleta seletiva, porém apenas 7% do total de lixo produzido no município é reciclado.
Já em Itapecerica da Serra, a prefeitura informou que no primeiro semestre deste ano, produziu cerca de 1,6 mil toneladas de lixo e gastou mais de R$ 1 milhão para o tratamento e descarte.
Na cidade, a coleta seletiva e reciclagem é feita através de uma parceria entre a prefeitura e a Cooperativa Recicla Vera Cruz. A assessoria de Itapecerica da Serra informou que o reciclado recolhido é em média de 58 toneladas mensal e 696 toneladas anual, ou seja cerca de 3% do lixo mensal é reciclado em Itapecerica da Serra.
Todo o lixo recolhido em Itapecerica da Serra e em Taboão da Serra, são levados para o aterro da cidade de Caieiras, também na região metropolitana de São Paulo.
Processo. No município de Embu das Artes, a Cooperativa de Reciclagem Matéria Prima de Embu (Coopermape) realiza um trabalho de reciclagem e coleta seletiva em um espaço dentro do aterro sanitário de Embu das Artes, no Jardim Santo Antônio. Segundo a cooperativa, do total mensal de lixo recolhido na cidade, cerca de 3% é reciclado.
“Acreditamos que o trabalho poderia ser ainda mais grandioso, já que as pessoas ainda descartam lixo que poderia ser reciclado. De 100% da coleta seletiva que trabalhamos aqui, conseguimos aproveitar mais de 80%. São caixas de leite, garrafas, cadernos, latinhas e papéis de escritório, os materiais que mais separamos”, disse a coordenadora de galpão, Andreia Brás.
Ainda segundo a coordenadora “o material chega nos caminhões, é despejado em uma esteira onde os outros funcionários fazem uma nova separação, dessa vez por estilo de material. Depois de separados, eles são encaminhados para a compactação e depois ficam disponíveis para as empresas recicladoras”.
Além de Andreia Brás, outras 19 pessoas trabalham diariamente das 8h às 17h no local, compondo uma carga horária de 40 horas semanais.
Caieiras. O aterro de Caieiras tem uma área de 3,5 milhões de m² e recebe mais de 10,5 mil toneladas de lixo por dia. Segundo a empresa responsável pelo local, a Essencis Soluções Ambientais, o aterro recebe o lixo da Capital e de outros 15 municípios da região metropolitana de São Paulo.
Brasil. A economia brasileira perde cerca de R$ 120 bilhões por ano em produtos que poderiam ser reciclados, mas são deixados no lixo, segundo o especialista em economia circular e sustentabilidade e coordenador do grupo de resíduos sólidos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Paulo Da Pieve.
Os brasileiros jogam fora 76 milhões de toneladas de lixo, cerca de 30% poderiam ser reaproveitados, mas só 3% vão para a reciclagem, aponta o especialista. Em outros países, como a Alemanha, desde 2010 mais de 50% do lixo já é reciclado.