Combate à violência contra a mulher em Taboão da Serra é pauta de jornalístico da TV Globo
Edimon Teixeira
Na vanguarda quando o assunto é violência contra a mulher, as ações encabeçadas pelo município de Taboão da Serra ganharam projeção nacional na manhã desta sexta-feira, 24. O jornal “Bom dia Brasil”, da TV Globo, exibiu a matéria intitulada “Violência doméstica passa de uma geração para outra”, em que destaca o trabalho feito na cidade.
Umas das personagens retratadas na reportagem, a copeira hospitalar Vânia Kellen dos Santos, moradora de Taboão da Serra, relatou a rotina de violência que enfrentou durante os oito anos em que esteve casada. De acordo com a vítima, ela era agredida com murros, chutes, além de ser ameaçada de morte, numa das ocasiões, com uma faca.
“Ele me enrolava num edredom para não ficar marca”, desabafou à repórter Neide Duarte. “Não ficando marca não tem como… é minha palavra contra a dele”, completou. Em outro episódio, o agressor chegou a jogá-la para fora de um carro em movimento. “A gente nunca acredita. A gente acha que com a gente vai ser diferente”, disse.
A reportagem, com quatro minutos de duração, traz dados de uma pesquisa inédita, realizada em nove capitais do Nordeste, em que foram ouvidas 10 mil mulheres, durante dois anos. Segundo a amostra, 40% daquelas que cresceram em lares violentos sofreram violência doméstica na vida adulta, quando nem mesmo as gestantes foram poupadas.
“Elas presenciaram a violência sofrida pelas suas mães, quando essa mulher era criança ou adolescente”, revela José Raimundo de Carvalho, coordenador da pesquisa feita pela Universidade Federal do Ceará, que afirmou ainda que os parceiros atuais destas mulheres também viveram num ambiente em que as mães deles eram agredidas.
De acordo com Sueli Amoedo, Coordenadora dos Direitos da Mulher de Taboão da Serra, as represálias dos agressores se intensificam quando a vítima decide dar um basta. “Quando elas querem romper o relacionamento, é que a violência começa a ficar mais incisiva. É quando eles ameaçam, vão até o trabalho delas, mandam mensagem”, conta.
O mapa da violência contra a mulher traz outros dados preocupantes. Das mulheres entrevistadas, 240, das quais, 70% negras, sofreram agressões durante a gravidez. “É pior você viver com um agressor perto dos seus filhos”, pondera Vânia. “É melhor que você se separe, procure ajuda. Denuncie, grite por socorro”, aconselha a copeira hospitalar.
Marcha contra a violência
Acontece na manhã deste sábado, 25, em Taboão da Serra, a partir das 9h, a “1ª Caminhada pela Paz e pelo Combate da Violência Contra a Mulher”. Idealizada pela bancada feminina da Câmara de Vereadores, a marcha deve começar em frente à Casa de Leis e seguir pela rodovia Régis Bittencourt até a praça Nicola Vivilechio, na região central.
A campanha, iniciada há três semanas, conta com vídeo na Internet e já tem adesão maciça de interessados. “A expectativa é que todos possam ir às ruas pedir um basta na violência”, prevê Joice Silva (PTB), presidente da Câmara de Vereadores. “Vamos pedir paz a todas as mulheres, principalmente àquelas que são vítimas do feminicídio”, defende.