Confusão durante sessão termina em bate-boca e acusação de machismo na Câmara Municipal
A vereadora e presidente da Casa Joice Silva declarou que o colega foi machista e desrespeitoso; Nóbrega nega
Sessão teve clima quente e discussões pra lá de acaloradas
Por Rose Santana
A Câmara Municipal de Taboão da Serra viveu nesta terça-feira, dia 25, mais uma sessão tensa. Em meio a um racha na base governista e a proximidade das eleições, os vereadores Eduardo Nóbrega e a presidente da Casa, Joice Silva, trocaram acusações e o clima ficou quente até o encerramento dos trabalhos.
A vereadora Joice Silva chegou a advertir Nóbrega, além de tê-lo acusado de ser “machista” e desrespeitar o parlamento e o regimento interno, uma vez que ele utilizou a tribuna com a sessão paralisada. Claramente irritado, Nóbrega acusou o grupo da base do governo de usar de “manobras legais” para impedir a abertura de uma CEI e a votação de um veto do prefeito.
Faltando 14 minutos para o fim da sessão, o vereador Marcos Paulo utilizou o artigo 103 e pediu uma nova reunião de lideranças fora do plenário, por 20 minutos. A manobra, prevista no regimento interno da Casa, acabaria com a sessão e com as discussões acaloradas. Nóbrega não aceitou e pediu para que fosse reconsiderado o tempo.
“É brincadeira o que está fazendo. Está desrespeitando o parlamento. A senhora é fraca. […] não sabe fazer conta de matemática? Faltam 16 minutos [para o término da sessão] e pedem 20 [de suspensão]? Ela rasgou a história dela e da mãe dela [a atual secretária de assistência social Arlete Silva]”, disparou o parlamentar visivelmente nervoso.
Apesar do protesto, Joice manteve sua decisão e suspendeu a sessão dizendo: “Cumpra o regimento porque a presidente até dezembro sou eu”. O bate boca continuou nos corredores da Câmara Municipal.
Atrito
Durante entrevista coletiva, Joice Silva lamentou a postura do colega e afirmou que o vereador Eduardo Nóbrega “insultou a população, desrespeitou a presidência dessa Casa, não só de uma forma desrespeitosa, mas de uma forma machista”.
“Ele não respeita a minha presidência, não só por eu ser a presidente, mas por eu ser mulher. Isso já foi feito várias vezes aqui. Eu nunca me manifestei. Tentando trazer a história da minha mãe pra minha história. Respeito muito a história da minha mãe que fez um grandioso e ainda faz, um grandioso trabalho nessa cidade, mas ele precisa respeitar que eu tenho mandato, eu fui uma vereadora muito bem votada e eu exijo esse respeito”, disparou Joice Silva.
Joice Silva ainda comentou que o regimento interno “dá caminhos para os dois grupos” e que cada um utiliza da forma que puder. “Enquanto nós estivermos dentro da legalidade e do regimento, assim nós iremos fazer. Respeitarei as questões abordadas por eles pelo regimento, assim como também respeito a do outro grupo no qual eu faço parte. Mas eu estou hoje, inconformada com a falta de respeito que o vereador teve tanto em plenário como fora de plenário na frente […] não só com a presidente da Casa, mas comigo que sou vereadora e sou mulher, e ele precisa aprender a me respeitar”, ressaltou.
O outro lado
Em entrevista no fim da sessão, o vereador Eduardo Nóbrega garantiu que não foi machista e que apenas questionou e cobrou a presidente da Casa sobre questões legais e voltou a acusar a base aliada de “impedir a leitura do requerimento de CPI”.
“Nós queremos investigar uma possibilidade de um crime grave que aconteceu na prefeitura de Taboão, somente isso […] na ordem do dia são duas horas, a base passou o tempo inteiro, solicitando o requerimento 103, reunião de liderança […] isso apequena o parlamento de Taboão da Serra”.
Para Nóbrega, as manobras que travaram a sessão são lícitas, mas não condizem com “grandeza” do parlamento. “Eu pedi a palavra, pela ordem e cobrei da presidente, simplesmente que ela não fizesse a Câmara passar pelo vexame de um pedido 20 minutos de reunião de liderança, quando só tinha 16 minutos para acabar a sessão”, declarou.
Eduardo Nóbrega relatou que é um dos grandes defensores da “igualdade de gênero”. “Montaram um palco aqui hoje [na Câmara] para tentar criar uma situação, eu não vou perder a civilidade e não posso. Vocês podem pegar as minhas palavras em tribuna, o que eu dizia era ‘não apequena a Câmara, não rasgue a sua história’”, garantiu o parlamentar.