Cooperifa invade a Câmara Municipal de São Paulo
ACERVO DO PORTAL O TABOANENSE – MATÉRIA PUBLICADA EM OUTUBRO DE 2003
Não foi um ato de protesto. Muito embora, a presença da Cooperifa, Cooperativa Cultural da Perifeira, por si só representa um justo reclamo. A diversidade de raças, em nosso país, forma uma das mais belas culturas do planeta, em todos os segmentos da arte. Simples e rica, a cultura da brasilidade sofre as conseqüências de uma política que não valoriza o cidadão brasileiro, condenando-o ao desconhecimento de sua essência.
Mas, se a cabeça pensa, o marasmo acaba. E esse é o barato deste segmento poético encarnado na forma de poetas da periferia. O movimento Cooperifa nasceu em Taboão da Serra tendo o poeta Sergio Vaz como seu divulgador principal. No bar Garajão pontuou durante 1 ano, todas as quartas feiras à noite, com passagens inesquecíveis. Hoje, por falta de espaço em nossa Serra, o sarau acontece no bar do Zé Batidão, no bairro da Piraporinha, no mesmo dia e horário, e com igual sucesso segue espalhando o rastilho da pólvora, atraindo sempre novas vozes, versos e sentimentos.
A poesia invasora deu seu recado na Câmara Municipal de São Paulo a convite do vereador e professor Carlos Giannazi. São momentos que envaidecem a alma de quem vive e presencia. Além dos versos falados e representados; o samba, o pagode, o rap e o forró enriqueceram a noite no coração paulistano.
No salão nobre Brasil Vita, Sergio Vaz comemorou o triunfo. Nada menos que 30 poetas se apresentaram. Entre eles, a menina Carolina de 12 anos, de Embu das Artes, acompanhada da poetisa Vilma, a “Negra Drama”. Ainda, o Alessandro Buzo, de São Miguel Paulista, o Sacolinha, de Suzano, o Luciano, do Jd Rosana, o Herton de Moraes, de Osasco e os dignos representantes de Piraporinha, Taboão da Serra e adjacencias. Um salve rapaziada! Marco Pezão, Helbert, Kennya, Marcio Batista, Samantha, Pilar, Binho, Sabedoria de Vida, Pelezinho, 2HO, André, Agostinho Neto, Tavinho Rodrigues, Diney do Gueto, Grupo Cavalo de Pau, Papo de Família e Jocelino.
A poesia é a mais antiga forma de linguagem e brota, na periferia, sem preconceitos de cor, raça ou sexo. E ela se manifesta em qualquer idade ou profissão. É a palavra. É a Cooperifa abrindo o leque e envolvendo os manifestantes da nobre arte de escrever e declamar.
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