Crise política racha grupo, acirra ânimos e Fernandes classifica atitude de “golpe”
Fernando Fernandes e vereadores aliados durante coletiva sobre novo quadro político de Taboão da Serra
A política de Taboão da Serra não vivia uma crise tão grave há muito tempo. Uma briga sem precedentes entre cinco vereadores e o prefeito Fernando Fernandes chegou ao ponto máximo de tensionamento na manhã desta quinta-feira, dia 30. Com os ânimos acirrados, o grupo que reelegeu Fernandes está rachado e tudo indica que a cidade viverá um período de turbulências.
O racha da base culminou na retirada do apoio a deputada estadual Analice Fernandes pelos parlamentares que formam o Bloco Independente e Harmônico (BIH): Eduardo Nóbrega (PSDB), Érica Franquini (PSDB), Carlinhos do Leme (PSDB), André Egydio (PSDB) e Alex Bodinho (PPS). Eles declararam apoio a Hugo Prado (PSB), atual presidente da Câmara de Embu, que concorre a uma vaga na Assembleia.
Para completar o quadro, tão surreal quanto uma pintura de Salvador Dali, o vice-prefeito Laércio Lopes (PSDB) se posicionou ao lado do BIH durante a coletiva de imprensa realizada na noite de quarta-feira, dia 29, jogando mais lenha na fogueira, aumentando especulações e rivalidades.
Na manhã desta quinta, o prefeito Fernando Fernandes convidou a imprensa para uma coletiva, onde expôs sua decepção com o grupo com qual foi eleito, quase todos tucanos, assim como ele. Se não bastasse isso, Fernandes disse que a atitude do grupo caracteriza infidelidade partidária e que indica um possível “golpe político”.
“É um direito deles escolherem quem querem apoiar, porém existe uma base política que precisa ser respeitada. Essa decisão caracteriza infidelidade partidária e ao que tudo indica, pode ser um golpe. Ninguém chegará no poder através disso, pelo menos não na minha gestão. Esses vereadores, mesmo com as diferenças, sempre declararam apoio ao atual governo, como agora decidem tomar essa atitude?”, questionou Fernando Fernandes.
Fernandes disse que o fato do vice-prefeito ter se aliado ao BIH, além de diversas reuniões,, que segundo o prefeito, o grupo de vereadores realizou com Aprígio, mostra que esse é um plano arquitetado para tomar o poder. “Isso é uma tentativa de golpe, eles querem tomar o poder agora, eu não tenho outra leitura a não ser um golpe”.
O prefeito ainda disse que a tentativa de “golpe” começara a ser percebida nas próximas sessões da Câmara, com tentativas de abertura de CPIs e acusações. “É o desenho político que vamos assistir a partir de agora na Câmara Municipal”.
Ele ainda sugeriu que o plano seria comandado por Ney Santos, prefeito de Embu das Artes, e seu adversário político. “Não vamos permitir e não vamos ser vítima de um golpe político na nossa cidade. Principalmente um golpe político arquitetado por Ney Santos, que deveria estar cuidado da cidade dele, que está um caos”.
Desenrolar
O secretário de Planejamento Olívio Nóbrega (PR), pai do vereador Eduardo Nóbrega, após a crise que se instalou no governo, entregou o cargo. Ao que tudo indica, Fernandes deverá exonerar uma série funcionários que foram indicações dos vereadores que se rebelaram contra.
O grupo formado pelos vereadores Joice Silva (PTB), Johnatan Noventa (PTB), Ronaldo Onishi (SDD), Marcos Paulo (PPS), Rita de Cássia (PSDB), Cido da Yafarma (DEM) e Priscila Sampaio (PRB) se mantém unidos na base de apoio da administração e terão, a partir de agora, a incumbência da defesa de Fernandes na Câmara Municipal.
Emoldurando toda a crise política, a briga pela presidência da Câmara Municipal, que acontece em dezembro e a sucessão do prefeito Fernando Fernandes, em 2020, colocam novas cores no atual quadro dos bastidores do poder em Taboão da Serra.