Delegacia Seccional de Taboão da Serra soluciona chacina
Ronie Anderson, assassino confessou os crimes
A Polícia Civil de Taboão da Serra solucionou e prendeu o autor de um crime bárbaro acontecido no último dia 18 de dezembro, em Embu das Artes. Quatro pessoas da mesma família foram assassinadas, entre elas duas crianças de cinco e oito anos. Ronie Anderson Rodrigues de Freitas, de 26 anos, confessou os crimes e disse que cometeu os homicídios por causa de um ritual satânico. O delegado seccional, Erasmo Pedroso Filho, afirma que o motivo teria sido uma briga familiar.
A confissão de Ronie e escutas telefônicas, autorizadas pela justiça, implicaram na prisão de outras quatro pessoas envolvidas no crime como co-autoras. Foram presas a sua a mãe, acusada de ajudar no crime dando uma faca e uma marreta, sua irmã, sua namorada e um amigo que o teria ajudado a levar os corpos até uma mata em Embu-Guaçu.
De acordo com a polícia, Ronie morava com a mãe e com o padrasto em um sobrado no Jd. da Luz, periferia do Embu há dois meses, desde que conseguiu a liberdade condicional. Uma das vítimas, Regina dos Santos Simões das Neves, de 27 anos é filha do padrasto do assassino e morava com o marido e as duas filhas na mesma casa, só que na parte de cima do sobrado.
História de terror
O crime aconteceu na segunda-feira, dia 18 de dezembro. Regina estava em sua casa, deitada no seu quarto enquanto suas duas filhas, Evelyn Carolyne, de oito anos, e Janaína Helena, de cinco anos, assistiam TV na sala. Ronie pegou uma faca de cozinha, pulou a janela e encontrou Regina na cama. Com uma das mãos ele tapou a boca da vítima para que ela não gritasse e começou a esfaquear. Ela morreu na hora.
Ronie decidiu levar o corpo de Regina até o banheiro. Neste momento, as duas meninas foram ver o que estava acontecendo e deram de cara com o assassino. “Elas me viram. Fiquei com medo que elas me reconhecessem. Eu não queria matar as crianças, mas fiz isso para me proteger”, disse o assassino no dia 29, assim que foi preso.
Assustado, Ronie limpou o sangue da mãe e das duas filhas e foi para a sua casa, onde acabou confessando para sua mãe, para sua irmã e namorada o que tinha acabado de fazer. Segundo o delegado Erasmo Pedroso Filho, o assassino teria pedido para sua mãe algo mais resistente para matar o marido de Regina, que era um homem forte. “Ela forneceu uma marreta”, afirmou o delegado.
Ronie voltou para a casa onde já tinha cometido os três crimes e ficou esperando a chegada do marido João Evaristo para agir novamente. “Tomei muita pinga para ter coragem”, disse o assassino em seu depoimento a Polícia. Assim que a quarta vítima entrou em casa, ele foi recebido com uma marretada na nuca.Com João desmaiado, Ronie deitou sobre o corpo e o esfaqueou diversas vezes.
Os corpos de Regina e João foram levados para uma mata em Embu-Guaçu, onde foram jogados sob uma pedra. Para esconder as vítimas, Ronie contou com a ajuda da irmã e de um amigo, o motorista de funerária Vagner Carlos Rodrigues dos Santos, de 32 anos, quer usou o carro funerário para transportar as vítimas.
O casal foi encontrado no dia 19, terça-feira, enrolados em um lençol com as cabeças decepadas. No bolso do marido, a polícia encontrou mil reais em dinheiro, o que levou os investigadores a descartarem qualquer possibilidade de latrocínio. No dia 20, a polícia encontrou os corpos das duas crianças também em Embu-Guaçu, só que em um outro local.
Herança e satanismo
A polícia trabalhou rápido e desvendou o crime em menos de uma semana. Após realizar escutas telefônicas, uma conversa entre a mãe de Ronie, Maria Sueli e sua filha, não deixou dúvidas sobre a participação de toda a família no crime.
Ao ser preso, Ronie confessou pertencer a uma seita de adoradores de Satã e atribuiu as mortes a um ritual satânico. “Ele nos disse que ‘forças ocultas’ o teriam obrigado a cometer o crime e que a morte das crianças o purificaria”, contou o delegado seccional. A mãe do assassino também confirmou a versão. “Acho que ele quis matar a família por isso. Ele disse que o bicho queria sangue antes da virada”, disse.
Segundo o delegado, Ronie teria chorado ao escutar a mãe dizer do ritual e passou a negar que teria um pacto com o diabo. “Que seita é essa, se ele saiu da cadeia há um mês? Foi uma desavença familiar. Ele alega que a mãe se sentia ameaçada pelo casal. O crime é tão hediondo que o cara tem achar alguma justificativa”, disse Dr. Erasmo. “Ele é uma pessoa fria, calculista, não tem sentimentos. É o que a gente percebe”.
Para a polícia não restam dúvidas, o crime foi motivado por causa da herança do pai de Regina, isto é, uma casa humilde e com as paredes rachadas na periferia do Embu. O clima entre as duas famílias nunca foi dos melhores e Maria Sueli sempre escrevia para o filho dizendo que era ameaçada por Regina e pelo seu marido. “Eu só pensava nas ameaças contra a minha mãe e a minha irmã”, disse o assassino.
Ao ser preso, Ronie teria dito para seus familiares: “Tudo o que eu fiz foi por causa de vocês”. O assassino que havia acabado de cumprir uma pena de seis anos por roubo foi indiciado por quatro homicídios triplamente qualificados – meio cruel, motivo torpe e fútil e por não ter dado chance de defesa as vítimas. Os outros quatro acusados vão responder por co-autoria e por ter facilitado os crimes.