Em visita a Taboão da Serra, deputado federal Valmir Prascidelli, fala sobre o atual cenário político
O deputado federal Valmir Prascidelli que visitou Taboão da Serra na última quarta-feira
O deputado federal Valmir Prascidelli, do PT, visitou Taboão da Serra na última quarta-feira, dia 18. Ao lado de lideranças petistas, ele teve uma agenda que envolveu a visita a comércio da região do Pirajuçara, a uma escola no Jd. Sapotiro, além de encontros com lideranças da região.
Em entrevista exclusiva ao Portal O Taboanense, o ex-vereador e ex-vice-prefeito de Osasco falou sobre o cenário político para as eleições de outubro, defendeu a candidatura de Lula, do companheiro de partido, Luiz Marinho, que disputa o Governo do Estado, além de se posicionar contra a PL do Veneno, proposta que pode liberar o uso de substâncias condenadas por ambientalistas na agricultura.
A seguir, a entrevista:
O Sr. acredita que o PT esteja imobilizado devido a definição da candidatura ou não do ex-presidente Lula?
Se tem uma coisa que o PT não está, é imobilizado por causa do Lula, pelo contrário, o PT está muito ativo e o presidente Lula é absolutamente visível. Quem anda nas ruas, quem conversa com a população, vê o sentimento da necessidade da volta do Lula. Ao contrário do que a grande imprensa e parte da elite imaginavam, que o presidente Lula ia perder voto ao ser acusado, achincalhado, preso e exposto em uma situação negativa, eles pensavam que ele perderia voto e ao contrário, não só está consolidado como tem ampliado o sentimento de votar no Lula. No dia 15 de agosto vamos registrar a candidatura e vamos entrar com os recursos necessários para que ele possa disputar a eleição. E nós não temos nenhuma dúvida que ele disputando, ganha a eleição, possivelmente ainda no primeiro turno.
O fato do ex-presidente Lula ter sido condenado em segunda instância e preso, essa situação, juridicamente, não inviabiliza a candidatura dele?
Se seguir uma situação de normalidade, o que não tem acontecido no caso dele, um processo absolutamente anormal, seletivo, parcial, politizado. Mas se for respeitadas as regras jurídicas estabelecidas, ele pode ser candidato. Não há uma condenação definitiva, ele não cometeu nenhum crime que o impeça [de disputar as eleições], mas obviamente eles querem impedir e estão usando instrumentos para atingi-lo e persegui-lo.
Como está a conversa com o PSB, aliado histórico do PT, que chegou a abrir negociações com o Ciro e até mesmo já chegou a dizer que poderia optar pela neutralidade?
O PSB, apesar de ser um partido localizado mais no centro-esquerda, participa desse bolo que o Ciro disputa, mas há grupos que defendem, como o governador Márcio França, o apoio a Alckmin, outros que preferem que sejam isentos, neutros na disputa nacional. Nós temos um bom diálogo com o PSB, a discussão nacional é no sentido de discutirmos um plano comum para a reconstrução do país. E o PT tem dialogado com o PSB nesse sentido. Se não houver a possibilidade com o PSB, a neutralidade possibilitaria que eles tivessem mais força nos estados que eles estejam disputando. Essa é uma discussão que estamos fazendo, as definições vão acontecer nos próximos dias. O que é certo é que teremos candidaturas majoritárias, a candidatura do Lula, queremos inclusive abrir o diálogo com [a possibilidade de indicar] o vice.
E a questão do PCdoB? Como está a conversa com o partido?
O PCdoB fez esse diálogo com o Ciro, mas a Tendência é que o PCdoB caminhe conosco, tem a reeleição do Flávio Dino no Maranhão, que é importante para eles. Tem a chapa de deputados federais, especialmente… É bom lembrar que essa eleição pela primeira vez entra a cláusula de desempenho, o partido também precisa eleger uma quantidade de deputados para pleitear o fundo partidário, tempo de TV.
O PT trabalha o nome o ex-prefeito Haddad como um plano B para a eleição presidência?
Não, não existe isso. Quem faz especulação com o nome do Haddad é uma parte da imprensa. Na minha opinião ele deveria ter sido candidato a deputado federal até para ter um desempenho importante, ajudar a chapa, mas é uma decisão dele e ele optou por não ser candidato, nem a governador, que havia pessoas que defendiam seu nome.Na minha opinião ele não reúne condições de ser o candidato a presidente da república e o presidente Lula deverá ser o nosso candidato.
E a candidatura ao governo do Estado. Como está a campanha do Luis Marinho?
O Luiz Marinho precisa primeiro se tornar mais conhecido. Essa é uma campanha muito curta e nós não temos veículos de comunicação que dão o mesmo tratamento para todos candidatos, infelizmente. A imprensa tem um grau de parcialidade nisso. Mas o Marinho tem grande capacidade, tem solidez nas propostas, conhece bem o Estado de São Paulo. Estamos convencidos que a candidatura dele vai crescer. Esse ainda é um momento de costura.
Existe a possibilidade dele abrir mão da candidatura e apoiar o Márcio França por uma conjuntura nacional?
Olha, a prioridade do PT já aprovada em resoluções da direção nacional, da Executiva Nacional, é a eleição majoritária, presidencial. Depois vem a eleição do parlamento, dos deputados federais. Toda discussão nossa é pautada pela campanha nacional. Em São Paulo, em relação a Márcio França, permite dizer que é muito difícil dizer que vamos fechar uma aliança no primeiro turno. O Marinho é o único que vai poder dizer que é realmente oposição ao governo [PSDB] que comandou esse estado por mais de 20 anos. Quem é responsável pela tragédia da segurança? O Governador Alckmin. Quem é o responsável pela tragédia da educação, da saúde, do transporte? É o PSDB, do Alckmin.
As contas do Marinho foram rejeitadas pela Câmara em São Bernardo, isso seria um empecilho?
As contas dele haviam sido aprovadas no Tribunal de Contas. Infelizmente as Câmaras Municipais têm sido utilizadas, em muitos momentos, para fazer disputa política. Lá em São Bernardo me parece que existe um interesse político muito grande e houve uma condução nesse sentido. Um processo absolutamente irregular, não deram ao Marinho sequer chance de defesa. Não vejo nenhum problema nesse sentido.
Sobre a PL do Veneno que está sendo discutida no Congresso, qual sua opinião.
Sou absolutamente contra. E a argumentação da bancada do Boi, que defende o agronegócio, é falaciosa. Nós sabemos que isso afeta a vida das pessoas e permite o uso de ingredientes nocivos a saúde, que são vetados na maioria dos países desenvolvidos do mundo. Interesses econômicos muito intensos e vamos trabalhar para ser rejeitado esse projeto.
Sobre o governo Temer, qual a sua opinião?
É um governo fraco, sem nenhuma credibilidade. É um governo que já foi pra lata de lixo da história. O Temer pela traição de tudo o que ele defendeu… Ele defendeu em 2014 o que ele chamou de Ponte para o Futuro, um projeto entreguista, instituído não só por ele, mas pelo PSDB, pelo DEM e por todos os partidos que deram o golpe.
O Sr. vê o país governado pelo Bolsonaro?
Em hipótese alguma. Seria uma tragédia para o país. Um retrocesso muito grande, uma subserviência ainda maior aos Estados Unidos e as grandes empresas. Não tenho nenhuma preocupação porque sei que a população não deixará um sujeito como esse governar o país.
E aqui na região, como o Sr. está vendo a política e o PT?
Vim aqui inclusive retribuir esse grande trabalho que a Professora Márcia, que o Irineu, o Zé Alves e todos os outros desenvolvem. Muitas vezes a truculência acaba imperando na política aqui e essa visita é um reconhecimento por tudo o que eles fazem pelo PT e pela população.
E essa debandada que teve, aqui na região, das lideranças do partido. Como o Sr. vê isso?
Fico chateado com aqueles que utilizaram do partido para crescimento, por muitas vezes de interesses pessoais, e depois seguiram um caminho que prejudicaram o partido. Muitas vezes tiveram atitudes que acabaram maculando a imagem do partido, mas faz parte da lógica do ser humano conviver com aqueles que não têm a dignidade necessária para enfrentar a construção de uma sociedade melhor. É um processo, o PT cresceu em função de ter o Governo Federal, e muitas pessoas se aproveitaram disso. Mas o que ficou é a turma que quer construir uma sociedade definidamente melhor, trazer novos quadros, oxigenar o partido com novas ideias, projetos.