Espetáculo Corpos Velhos reúne geração pioneira da dança cênica paulista em apresentação no Sesc Consolação
Nos dias 25 e 26 de outubro, o Sesc Consolação se torna palco do espetáculo Corpos Velhos – para que servem, em uma apresentação histórica que reúne grandes artistas da dança cênica em São Paulo. Com produção da Associação de Cultura Corpo Rastreado e parceria do Portal MUD – Museu da Dança, o projeto é idealizado e dirigido pelo bailarino e coreógrafo Luis Arrieta. Ao lado de expoentes artistas da dança brasileira – Célia Gouvêa, Décio Otero, Iracity Cardoso, Lumena Macedo, Marika Gidali, Mônica Mion, Neyde Rossi e Yoko Okada –, Arrieta investiga em cena as danças possíveis para esses corpos velhos. Os ingressos ficam disponíveis a partir do dia 17 de outubro no site do Sesc https://www.sescsp.org.br/programacao/corpos-velhos-para-que-servem/.
No espetáculo Corpos Velhos – para que servem? cada um dos bailarinos traz seus gestos e movimentos, repletos dos erros necessários ao saber, no tempo e no lugar do presente. A performance abre espaço para uma conversa não falada, para um improviso carregado de memórias e de histórias de criadores pertencentes a uma geração pioneira da dança cênica, com mais de meio século de trajetórias distintas.
Ao colocar esses corpos como protagonistas, o trabalho mostra a transversalidade e a urgência das questões e temáticas que atravessam o etarismo na sociedade, e exalta a permanência do fazer artístico como ato de resistência política, poética e subversiva.
“Está sendo um encontro maravilhoso com essas pessoas que foram e são importantíssimas para mim, para São Paulo e para todo o país. Eu estudei com elas ou foram meus diretores, meus coreógrafos e dançaram comigo em várias oportunidades”, conta Luis Arrieta.
O coreógrafo argentino foi recentemente homenageado pelo Portal MUD – Museu da Dança com o lançamento de um acervo sobre seus 50 anos de carreira na dança (confira aqui). Apesar de seu legado estar disponível para todo o Brasil, online e gratuitamente, Arrieta conta que precisava complementar seu acervo pessoal em uma performance ao vivo.
“Eu fui formado por mestres da dança, que também são acervos vivos. Por isso a importância desse espetáculo, pois eu gostaria incluir em meu acervo pessoal a apresentação dessas pessoas, que são de grande importância para a formação e a continuação da dança em São Paulo e do Brasil como um todo”, conta ele.
Dois dos dançarinos mais antigos que integram o espetáculo, o casal Marika Gidali, de 86 anos, e Décio Otero, de 90 anos, se conheceram nos palcos em 1952 e seguem juntos na vida e na dança. Em 1971, o casal fundou o Ballet Stagium, onde atuam como bailarinos e coreógrafos até hoje.
“Eu conheci o Décio no Ballet Municipal do Rio de Janeiro, chegamos a dançar juntos, mas foi em 1971 num curso de férias em Curitiba que o nosso reencontro se consolidou. São 52 anos de lutas, dança, seis filhos e uma vida plena”, conta Marika, premiada bailarina nascida em Budapeste, na Hungria.
Para Décio, essa apresentação reforça seu desejo de seguir performando na dança ao lado de sua companheira. “Um bailarino por vocação nunca para e estar novamente no palco com Marika não me surpreende, pois o nosso Pas de Deux é uma continuidade da vida”, diz ele se referindo ao um trecho do balé que é executado somente por um dueto em destaque, geralmente uma bailarina e seu partner, que executam os movimentos juntos e sincronizados.
Sobre os artistas do espetáculo
Luis Arrieta: coreógrafo, bailarino, professor e pesquisador, Luis Arrieta iniciou seus estudos de dança em 1972 na Argentina, sua pátria, onde estreou como bailarino. Sua primeira coreografia, Camila, data de 1977 e desde então em mais de uma centena de obras.
Célia Gouvêa: foi co-fundadora do Grupo CHANDRA (Teatro de Pesquisa de Bruxelas). Em 1974, Iniciou no Teatro de Dança Galpão, em parceria com Maurice Vaneau, um movimento renovador da dança. Criou 60 coreografias.
Décio Otero: bailarino, coreógrafo, diretor artístico, autor de dois livros publicados. Tornou-se 1º bailarino do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1971, junto com Marika Gidali, funda o Ballet Stagium, atuando como bailarino e coreógrafo até hoje.
Iracity Cardoso: como bailarina e diretora estabeleceu sua carreira entre o Brasil e a Europa. Atuou no Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo. Foi assessora e curadora de dança na Secretaria Municipal de Cultura, criando o Centro de Dança da Galeria Olido.
Lumena Macedo: como bailarina ingressou em 1983 na Cia. Cisne Negro e em seguida no Balé da Cidade de São Paulo e Cia. 2 do Balé da Cidade, onde encerrou sua carreira como bailarina profissional e passou a atura como assistente de direção de diversos coreógrafos.
Marika Gidali: é uma premiada bailarina. No Brasil, atuou como bailarina no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Ballet do Teatro Cultura Artística e Ballet IV Centenário. Em 1971, junto com Decio Otero, funda o Ballet Stagium.
Mônica Mion: como bailarina participou do Ballet Stagium e do Balé da Cidade de São Paulo, no qual fez carreira de mais de trinta anos em diferentes funções, como assistente de coreografia, ensaiadora e diretora.
Neyde Rossi: foi bailarina do Balé do IV Centenário e do Ballet do Teatro Cultura Artística. Com Ismael Guiser, dançou no Ballet do Museu de Arte de São Paulo e no Ballet Independente Amigos da Dança.
Yoko Okada: foi bailarina do Ballet IV Centenário de São Paulo, onde recebeu o prêmio revelação. Solista e assistente do Ballet Lennie Dale, coreógrafo americano de Jazz. Fundadora e Diretora do Ballet Ismael Guiser, dirigido por Ismael Guiser e Yoko Okada há mais de 50 anos.
Sobre o projeto
Contemplado pela 32ª edição do Programa de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo, o projeto Corpos Velhos na Dança busca proteger a história do grande mestre Luis Arrieta e dos artistas convidados – Célia Gouvêa, Décio Otero, Hulda Bittencourt, Marika Gidali, Mônica Mion, Neyde Rossi, Iracity Cardoso e Yoko Okada -, que fazem parte da geração pioneira da dança cênica em São Paulo.
O projeto tem o objetivo de dar continuidade ao trabalho de pesquisa e criação realizado há 5 décadas pelo artista Luis Arrieta e trazer à tona o valor histórico e artístico de sua trajetória, difundindo e garantindo melhor acesso da população a produção artística e pedagógica, através de propostas de preservação e divulgação do acervo do artista, pelo Portal MUD – Museu da Dança.
O tema “Memória” expande sua importância num tempo fragmentado, permitindo ao indivíduo o resgate de sua identidade. Neste projeto, os idosos assumem o protagonismo, pois são os detentores de um banco de memórias da dança paulistana. Trata-se de revelar as memórias vivas de cada artista na cena.
Considerando que a expectativa de vida da população brasileira tem aumentado nos últimos anos, é urgente pensar em ações que garantam o bem-estar e a saúde de nossos idosos. Daí a importância em estruturar trabalhos artísticos que contribuam com a busca da ressignificação da maturidade e longevidade de nossa população, contribuindo com a interação do idoso com as pessoas de seu convívio e com o ambiente em seu entorno. Quando perguntados sobre estar em cena novamente, mesmo com suas limitações e questões motoras, todos (Célia Gouvêa, Décio Otero, Marika Gidali, Mônica Mion, Neyde Rossi, Iracity Cardoso e Yoko Okada) responderam sem exceção: “Sim! Estamos vivos!!”
SERVIÇO
Espetáculo Corpos Velhos – para que servem?
No Sesc Consolação – Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo
Dia 25 de outubro de 2023 às 20h
Dia 26 de outubro de 2023 às 15h
Ingressos pelo site do Sesc: https://www.sescsp.org.br/programacao/corpos-velhos-para-que-servem/
Duração: 55 minutos
Classificação Livre
FICHA TÉCNICA
Direção Geral: Luis Arrieta
Artistas: Célia Gouvêa, Décio Otero, Iracity Cardoso, Luis Arrieta, Lumena Macedo, Marika Gidali, Mônica Mion, Neyde Rossi, Yoko Okada
Assistente de Direção: Lumena Macedo
Assistente de Coreografia: Suzana Mafra
Assistente Técnica: Cleusa Fernandes
Iluminação: Silviane Ticher
Vídeo: Vinícius Cardoso
Coordenação Projeto: Portal MUD (Talita Bretas)
Fotos: Emidio Luisi e Gil Grossi
Edição trilha sonora: Marcos Palmeira
Músicas: O homem correndo na savana (Guilherme Vaz), Cinco siglos igual (León Gieco/ Luis Gurevich)
Produção: Corpo Rastreado
Apoio: Ballet Stagium, Fábio Villardi, Loty Okada