Expectativa e desconfiança marcam retomada dos bares em Taboão da Serra e região
Os empresários que não faliram esperam superar a crise, ou, pelo menos, conseguir cobrir os prejuízos causados pela paralisação dos serviços no Estado
Empresários precisam respeitar uma série de restrições sanitárias para reabrirem os estabelecimentos
Matheus Herbert, da Gazeta de S. Paulo
Após cerca de três meses com as portas fechadas, os proprietários de bares, um dos setores mais afetados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), começaram a retomar os atendimentos. Divididos entre expectativa e desconfiança, os empresários que não faliram esperam superar a crise, ou, pelo menos, conseguir cobrir os prejuízos causados pela paralisação dos serviços em todo o Estado. A Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) estima que cerca de 20% do segmento pode fechar as portas em definitivo.
E é tentando driblar a crise e a queda de arrecadação, que o dono de uma bar da região central de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, reabriu as portas na quarta-feira (1º). “O prejuízo para o nosso setor é gigante. A queda de arrecadação foi brutal. Empresários que tinham que pagar aluguel foram os primeiros a decretar falência. Decidimos abrir para gerar um fluxo de caixa e assim conseguir pagar os funcionários e as despesas”, disse o empresário Afonso Marques.
Porém, para retomar os atendimentos, todos os estabelecimentos precisam se adaptar a uma série de exigências sanitárias, como, por exemplo, atender para 40% da capacidade, disponibilizar álcool em gel e também operar em horário reduzido, durante seis horas seguidas. “Enxergamos com bons olhos todas as medidas de segurança e vamos respeitar, mas infelizmente atender em um horário reduzido é muito ruim. Precisamos vender”, complementa Afonso.
“Os estabelecimentos realmente estão fragilizados e necessitam vender, justamente para gerar um fluxo de caixa. Essa reabertura acontece no momento certo, era preciso reabrir, claro que de forma consciente e correta. Esperamos muito tempo. Claro, que o nosso conselho é que todos sigam as medidas de segurança”, explica o presidente da Abrasel-SP, Percival Maricato.
Apesar das adversidades, muitos empresários estão otimistas com o retorno. “Estou esperançoso com essa retomada. Sinto que as pessoas estão com medo, mas ao mesmo tempo pedem para reabrimos. Do começo da pandemia até agora já tive um prejuízo de cerca de R$ 50 mil. Tenho no meu estabelecimento 56 mesas, mas na segunda vou reabrir com 24 mesas e espero que tenhamos movimento. Estou confiante”, diz Adeval Gomes, que que possui uma pizzaria bar na região central de Itapecerica da Serra.
ABC Paulista
Já na região do ABC Paulista, considerado o terceiro polo econômico do País e com uma população de mais de 2,5 milhões de habitantes, o setor de bares e restaurantes retomará os atendimentos na próxima segunda-feira (6). A região é formada pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
“Acreditamos que a reabertura é necessária e urgente, e demorou para acontecer. Reconhecemos que os cuidados com a saúde devem ser tomados e todas as medidas de precaução devem ser adotadas”, diz o presidente licenciado do Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do ABC (Sehal), Beto Moreira.
O setor também foi fortemente afetado pela pandemia no ABC. Segundo o Sehal, ao menos 30% dos estabelecimentos da região devem encerrar atividades até o fim do ano, o que representará 4,6 mil empresas e 28 mil empregos perdidos.
20% devem fechar
O presidente da Abrasel-SP, Percival Maricato, acredita que cerca de 20% dos bares e restaurantes do Estado tenham que fechar as portas definitivamente por conta da pandemia.
“Após mais de 100 dias fechados, os empresários realmente estão com uma queda muito grande na arrecadação e isso prejudica o progresso dos negócios. Os restaurantes sofrem, mas os bares e as casas noturnas sofrem mais ainda. Em nível nacional, acreditamos que tivemos mais de um milhão de demissões de funcionários que trabalham diretamente para esses segmentos. No Estado estimamos que 20% tiveram que fechar as portas, mas até o final do ano esse número será muito maior, infelizmente”, diz Percival Maricato.
Ainda de acordo com o presidente da associação em São Paulo, ainda não há uma previsão de melhora. “Acreditamos que a partir do próximo ano as coisas podem melhorar, mas ainda é cedo para prever. Hoje, pelo fato de estarmos em isolamento social, conseguimos dizer o quanto é bom irmos a um restaurante e um bar após um longo dia de trabalho. São ambientes de confraternização, de alegria. Essa pandemia nos mostrou o quanto é importante não ficarmos só em casa. De forma natural vamos superar isso e voltaremos melhores”, finalizou Maricato.