Fernandes sobe tom de críticas contra Professor Moreira que acusa prefeito de perseguição política
Fernandes diz que Moreira está levando caso para o lado político; vereador diz que Cras não atenderá todas as crianças atendidas pela ONG
O vereador Moreira, que fez críticas ao fim do convênio entre prefeitura e a ONG Solar dos Unidos
O clima de tranquilidade entre o vereador professor Moreira (PSD), único parlamentar da oposição, e o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) parece que chegou ao fim. As alfinetadas públicas começaram nos últimos 15 dias e devem ganhar novos contornos nessa semana após a confirmação que o convênio com a ONG Solar dos Unidos não será renovado.
No sábado, dia 19, o prefeito Fernando Fernandes disse que a decisão tomada de não renovar o convênio com a entidade, que já foi presidida por Moreira e tem fortes ligações com ele, não é política, mas técnica.
“Estou há cinco anos nesse mandato e o Solar dos Unidos funcionou com o Moreira na oposição durante esses cinco anos. E funcionou com o Moreira na oposição. Se fosse uma decisão política, a gente teria cortado no início do mandato”, afirmou Fernandes.
O prefeito deixou claro que não pretende “afinar” pra Moreira que vem mantendo um discurso muito mais críticos nas duas últimas sessões. “Todo mundo sabe que essa entidade é ligada a ele. O Moreira só deixou a presidência quando assumiu o cargo de vereador, por exigência legal. Mas a gente sabe que a entidade é comandada por ele, por pessoas ligadas a ele”.
Fernandes rebateu as críticas de Moreira. “Esse é um discurso fácil, querer jogar nas costas do governo e aí usar politicamente essa questão. Se ele insistir em usar isso politicamente eu vou falar politicamente em relação a esse comando dele nessa entidade, daí vamos ter que esclarecer com mais profundidade como isso funciona”, declarou.
Após anunciar a inauguração do Cras do Jd. Clementino para os próximos dias, Fernandes voltu a criticar o vereador. “Ele quer comparar os serviços da entidade com o Cras, me parece muito oportuno isso. E aí nós vamos começar a discutir o uso da ONG com viés político, já que ele sempre esteve no comando ao longo desses anos”.
Moreira chegou a ser cogitado para assumir a secretaria de Habitação, mas ele não não teria aceitado as condições impostas pelo governo e nas duas últimas sessões subiu o tom das críticas contra Fernandes. A não renovação do contrato entre a prefeitura e a ONG Solar dos Unidos expôs de vez o clima não amigável entre os dois.
Outro lado
Em resposta a entrevista dada por Fernando Fernandes, Moreira acusou o governo de perseguir a ONG que atende 175 crianças e adolescentes no Jd. Clementino, em Taboão da Serra.
“Sobre o que falou o prefeito, eu tenho que dizer o seguinte: eu realmente fui presidente da ONG Solar dos Unidos entre 1998 e 2004, ano que fui eleito vereador. Em março daquele ano me desincompatibilizei do cargo. Uma nova direção assumiu, mas como a ONG está no Jd. Clementino, na rua em que eu moro, tenho um bom relacionamento sim. E sou carinhosamente reconhecido como presidente de honra, porque preparei as bases para o crescimento do Solar dos Unidos”.
Moreira disse também que ele não é o único parlamentar a defender uma entidade no município. “Se você perguntar para qualquer vereador, todos têm uma ONG do coração que ele apoia, isso não significa que ele faça parte, eu não faço parte da direção, não faço parte de nada. Apenas dou um apoio técnico e político quando sou solicitado”.
Outro ponto abordado por Moreira é a capacidade do Cras absorver as crianças atendidas pelo Solar dos Unidos. “Por mais que o prefeito fale que o critério é técnico, nós sabemos que no Cras não dará para absorver todas as crianças, no máximo 30 crianças de manhã e 30 à tarde, e as outras 120 crianças, onde ficarão? Eu brigo para que mais crianças sejam inseridas e não cortem. Acho que o prefeito erra quando faz essa atitude, a gente sabe que não é possível colocar todas as crianças lá”.
ONG não é instituição do governo
Fernando Fernandes foi enfático ao dizer que o dinheiro público não será repassado sem critérios. “Nós temos que deixar claro uma coisa, uma Organização Não Governamental, já diz, não é uma organização do governo, não pode depender do governo. Pode ter uma parceria com o governo, mas não pode sobreviver só disso”.
O prefeito justificou a decisão dizendo que a prefeitura irá continuar oferecer o atendimento às crianças. “A gente tinha uma deficiência no Jd. Clementino, mas vamos inaugurar o Cras e vamos oferecer esse serviço a população através do governo, não tem sentido eu ficar contratando uma entidade para fazer o mesmo serviço. Se houver uma deficiência nisso, a gente pode estudar no futuro, ter um convênio com essa entidade”.
Fernandes disse ainda que a entidade Solar dos Unidos continuará recebendo verbas do governo municipal para manter dois Pacs (Programa de Atendimento à Criança) que possui parceria com a prefeitura, um no Jd. Clementino e outro no Jd. São Judas.