Funcionários da Niasi fazem greve contra demissões
Os funcionários da Niasi, uma das maiores indústrias de Taboão da Serra, entraram em greve nesta quinta-feira, dia 5, após a empresa anunciar o corte de pelo menos 120 vagas. Segundo o Sindicato dos Químicos, ligado a CUT, esse número pode ser maior. “A Niasi não quer tratar as demissões como dispensa coletiva, por isso resolvemos parar”, afirmou Luis Carlos Gomes, diretor do sindicato.
De acordo com o sindicato, quando uma empresa realiza a dispensa coletiva, ela precisa negociar benefícios e outras vantagens para os demitidos. “Na quarta-feira foram mandados embora 40 funcionários e na quinta mais 80, para nós isso configura uma dispensa coletiva”, afirmou. A Niasi tem cerca de 980 funcionários em sua linha de produção.
As informações obtidas pela reportagem do Portal O Taboanense dão conta que cerca de 80% da linha de produção da Niasi foi afetada com a greve. O sindicato fala em paralisação total da produção. “Nós protocolamos a pauta de reivindicação, mas a empresa não quis abrir negociação”, afirma Gomes.
Segundo a assessoria de imprensa da companhia Hypermarcas, detentora da marca Niasi, o que houve foi um ajuste. “A Hypermarcas informa que realizou um ajuste de pessoal na fábrica da Niasi (Taboão da Serra-SP). Foram 104 demissões, o que representa menos de 1,7% do seu quadro atual de colaboradores diretos e indiretos. Trata-se de uma adequação anual devido a sazonalidade na produção da unidade fabril. As outras fábricas encontram-se operando normalmente”.
Na manhã desta sexta-feira, uma comissão formada por três dirigentes sindicais e dois trabalhadores tentavam um acordo com a empresa. Além das demissões, o sindicato pede que seja revista a participação nos lucros e resultados da empresa.
Outra questão em pauta colocada pelo sindicato é o aumento da produção e a diminuição de funcionários no setor. “Os funcionários estão tendo que trabalhar mais rápido, em um ritmo maior, o que pode causar doenças por esforço repetitivo”, lembra o diretor do sindicato.
Funcionários da Niasi, que pediram o anonimato, disseram que a crise mundial não afetou a empresa. “Muitos funcionários estão precisando fazer hora extra, a produção tem aumentado”, disse um grevista. O Sindicato afirmou que a Niasi justificou os cortes como “parte de reestruturação da empresa”.
Entre os grevistas estava o vereador Wagner Eckstein, do PT, que disse que estava prestando solidariedade ao movimento grevista. “Vamos repercutir politicamente essa demissão coletiva, na Câmara Municipal muitas soluções estão sendo debatidas para minimizar o impacto da crise e queremos ajudar nessa situação da Niasi”, afirmou.
Mudança
Em setembro do ano passado A Niasi foi vendida para o grupo Hypermarcas, holding que detém o comando de diversas marcas, como a Assolan, Bozzano e Monange. O valor do negócio girou em torno de R$ 366 milhões.
No final dos anos 70, a fábrica da Niasi, que funcionava em um galpão no bairro de Congonhas, na Capital, se transferiu para Taboão da Serra. Logo em seguida foi a vez da administração da empresa vir para o município. Hoje a Niasi está instalada em um dos pontos mais valorizados na cidade, ocupando um terreno de 60 mil metros quadrados.
A Niasi é uma das maiores fabricantes de produtos de beleza do país com faturamento bruto anual de R$ 246 milhões. A empresa produz principalmente esmaltes, da marca Risque, e as tinturas para cabelo Biocolor. Na época da aquisição, a Hypermarcas informou que a compra da Niasi complementa os investimentos do grupo na área de produtos de beleza e higiene pessoal.