Grafite de 10 mil m² é produzido no centro São Paulo
Por Ludmilla Souza, da Agência Brasil
Um polvo gigante, imerso em cores vivas, já ocupa um dos 15 prédios que farão parte da obra Aquário Urbano, que terá, no total, mais de 10 mil m² de pintura. A obra é realizada pelo artista Felipe Yung, o Flip, em parceria com o produtor cultural Kleber Pagú. A obra, que já ocupa seis empenas (paredes laterais dos prédios) começou a ser pintada nas fachadas de um terreno que fica na esquina da Rua Major Sertório com a Rua Bento Freitas, no centro de São Paulo, próximo ao edifício Copan. A pretensão é bater o recorde do Guinness de maior mural do mundo e também alertar para questões ambientais e urbanas.
“O Aquário Urbano se divide em alguns temas, estamos resignificando um espaço. Aqui é um dos principais cruzamentos do centro de São Paulo, próximo de edifícios como Copam, Hilton, Itália. Então quando a gente faz uma instalação de arte nessa proporção, que é a maior arte a céu aberto do mundo, temos que considerar no conjunto da obra o que queremos dizer além da estética e aqui o nosso tema é o aquecimento global e o consumo exagerado” disse Pagú.
Para o produtor cultural a obra ainda possibilita empoderar as pessoas em sua relação com a cidade. “Torna [São Paulo] mais atraente, mais turística, envolve a economia criativa, porque a pintura ainda vai trazer mais gente e afetar todas as pessoas e o comércio no entorno”, disse.
Pagú explicou que a obra é um projeto independente que começou em 2017. Definida a área, ele pediu as autorizações dos prédios, que participariam sem nenhum custo. Ele disse que muitos prédios menores até pediram para entrar no projeto.
“É um trabalho independente, e como trabalho independente buscamos apoio com uma fabricante de tintas, que doou mais de R$ 500 mil em tintas e com uma empresa de plataforma elevatória, enfim, é um projeto totalmente colaborativo e independente.”
A obra, que ocupará quatro quarteirões da região, já chama atenção de quem passa por lá. “A cidade anestesia a gente no corre-corre e a arte faz com que a gente pare, como eu parei aqui na esquina e fotografei. Estou realmente surpreso com o tamanho da obra, com as cores escolhidas e acho que São Paulo tem que ser assim”, disse o consultor de projetos Gustavo Vanderlei.
O amigo dele, o barbeiro Alexandre Silva, também ficou surpreso. “A obra está absurdamente linda, e São Paulo precisa de cor. A cidade é conhecida como terra da garoa, como cinza e precisamos mudar essa imagem de gente fria e trazer calor e cor pra cidade. A melhor forma possível foi assim, com cores vibrantes. Somos pessoas que trabalham pra caramba, mas têm tempo para parar, admirar e se emocionar com a arte sempre.”
O vendedor Antonio Duarte Fernandes, funcionário há 51 anos de uma loja de aeromodelismo na Rua Major Sertório, acredita que a obra vai ajudar os comércios do entorno. “Tem bastante gente tirando foto e a obra vai ajudar no comércio da gente”. Para ele, é preciso valorizar a arte da cidade. “Tem uns grafites que eu adoro, esse aí está bonito, o grafite é uma arte, temos que dar valor.”
Realidade virtual
Segundo o produtor cultural, o grafite deve ficar pronto no Carnaval de 2020. Até lá quem quiser ver a obra completa pode acessar o aplicativo Aquario Urbano para celular de imersão em 360º. Com a ajuda de óculos de realidade virtual, é possível se posicionar no “ponto zero” e interagir com os sons do fundo do mar e com os animais em movimento.
“Aí coloca-se no celular e se vê, tudo isso que a gente está pintando com aplicação e desenvolvimento de realidade virtual em animação 3D, e tudo isso que está na parede passa a estar animado no óculos com som e imagem – você consegue acessar a obra virtualmente de qualquer lugar do mundo”, disse Pagú.