Incêndio que matou transexual que passava por cirurgia não foi em Taboão da Serra
Lorena Muniz inalou fumaça por quase dez minutos antes de ser retirada do local. Ela teve morte cerebral no domingo, dia 21
Lorena Muniz, 25 anos, morreu neste domingo, dia 21, após ser abandonada inconsciente em uma clínica de estética durante um procedimento cirúrgico. Ela estava sedada quando um incêndio começou no local. Ao contrário do divulgado, a clínica onde aconteceu a tragédia não fica em Taboão da Serra, mas sim na rua da Glória, na Liberdade, em São Paulo.
A reportagem do Portal O Taboanense conversou com a deputada estadual Erica Malunguinho que denunciou o caso. Ela confirmou que o “médico tem essa clínica no Taboão mesmo, porém ele remarcou com algumas meninas nessa outra que fica na Rua da Glória, no bairro da liberdade”, disse.
O caso aconteceu na quarta-feira, dia 17, Lorena teria se internado para colocar silicone. A vítima estava sedada quando o ar-condicionado pegou pego e todos evacuaram o local, deixando Lorena para trás, sem socorrê-la.
Lorena inalou fumaça e ficou inconsciente por cerca dez minutos até ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada ao Hospital das Clínicas. Na madrugada deste domingo ela teve morte cerebral.
O marido de Lorena, Washington Barbosa, conhecido como Tom, se manifestou pelas redes sociais: “Eu e Lorena tínhamos uma vida. Comum, simples, mesmos nas dificuldades constantes do racismo e da transfobia. Estávamos casados há seis anos. Nos conhecemos numa festa junina, noite de São João. Desde que nos conhecemos, somos parceiros de vida”.
Em nota divulgada à imprensa, a deputada Erica Malunguinho se posicionou sobre o descaso com Lorena.
Internada em estado grave no pronto-socorro do Hospital das Clínicas, em São Paulo (SP), Lorena Muniz, de 25 anos, teve a morte cerebral confirmada neste domingo (21). Jovem mulher transexual, Lorena veio de Recife (PE) para a capital paulista para realizar um dos seus maiores sonhos: colocar próteses mamárias.
Seu caso ganhou ampla repercussão após denúncia feita por seu esposo, Washington Barbosa, conhecido como Tom, em suas redes sociais. Segundo ele e outras testemunhas que estavam com Lorena no dia de sua cirurgia, após um incêndio na clínica onde realizava o procedimento, Lorena foi deixada para trás durante a evacuação do local, ficando exposta a grandes quantidades de fumaça. A jovem só foi socorrida com a chegada dos bombeiros, que a levaram ao hospital.
Em São Paulo, Tom e a família de Lorena têm recebido apoio de organizações LGBT+, e assistência conjunta, inclusive jurídica,da vereadora Erika Hilton e da deputada estadual Erica Malunguinho, com quem Tom esteve, ainda em Recife, na noite de sexta (19).
Erica Malunguinho alerta para o fato de o caso de Lorena não ser isolado e de muitas mulheres trans e travestis serem vítimas de clínicas que realizam processos cirúrgicos que não garantem a segurança e qualidade dos procedimentos. “Não tenho muitas palavras diante da atrocidade que é o caso ao qual Lorena foi submetida. É uma realidade que, inclusive, também pode prejudicar pessoas que não são trans. É fundamental que os órgãos competentes fiscalizem esses locais”, diz.
Para a vereadora Erika Hilton, “não devemos medir esforços para traçar uma estratégia jurídica e política para que a clínica, localizada em Taboão da Serra (SP), e seus braços em outras cidades, sejam investigados e responsabilizados, bem como os profissionais responsáveis pelos procedimentos. É indignante, mas não podemos permitir a espetacularização da morte por negligência médica e permitir que o ocorrido com mais uma travesti passe impune.”. “Se não pressionarmos, é o que ocorrerá”, acrescenta.