16 de julho de 2008
Iolanda Catani: pioneirismo na preservação da natureza no Taboão
Uma visionária no tocante às questões ambientais. Amante da arte e da mitologia, mas, antes de tudo, uma defensora ímpar da natureza e de sua beleza singular. Essas são algumas das principais características de dona Iolanda Palmira Emilia Catani, fundadora do Condomínio Rural Jardim Iolanda, criado no dia 20 de Agosto de 1.964. A gleba de terra com 477.965,00 m2 tem escritura datada de 12 de maio de 1954 no 3º Tabelião de São Paulo. Seu primeiro registro de Escritura de Convenção Condominial foi efetuado no 7º Tabelião de Notas Comarca da Capital em 20 de agosto de 1964. O local tem 90 residências e 114 glebas.
Dona Iolanda foi um ícone da preservação ambiental para a cidade. Foi a primeira pessoa em Taboão da Serra a pensar em preservação do Meio Ambiente. Ela foi cantora lírica, convivia com artistas e intelectuais. Do seu ciclo de amizades veio a visão de fundar o condomínio. Somente pessoas ligadas à cultura e arte daquela época, década 1950, tinham a consciência da necessidade de preservação ambiental.
Foto: Arquivo pessoal | Nilton Esteves
Dona Iolanda Catani: amor a natureza e a mitologia
Tanto é verdade que o condomínio mantém preservada toda área de Mata Atlântica que possui. Além disso, os lotes no Jardim Iolanda não podem ser inferiores a 1.500 m2, como está previsto em convenção condominial e agora também por força de Lei Municipal, já que os vereadores aprovaram por unanimidade a inserção de texto regulamentando que no Jardim Iolanda não pode haver lotes inferiores a 1.500 m2, de acordo com o Plano Diretor.
Dona Iolanda Catani era natural da cidade de São Paulo, do Bairro Jardim Paulista. Era filha de imigrantes italianos. O pai, seu Gino Catani foi pintor parietal trabalhou nas Igrejas Santa Cecília, Santa Ifigênia e Santa Casa Misericórdia.
A pioneira na preservação ambiental na cidade era casada com engenheiro Civil Cesar Francisco Beretta. Foi ele quem projetou e executou a abertura do arruamento em circuito fechado das Alamedas de Praças do Jardim Iolanda. O casal teve apenas um filho, Claudio Catani Beretta, nascido 08 de março de 1940.
Dona Iolanda e seu marido foram proprietários do Sitio Morro do Vento na Cidade de Embu das Artes. No sítio se produzia horticultura, viticultura bem como a criação de suinocultura, aviário e gado leiteiro.
Para ir e vir da propriedade eles usavam a BR-116. No início da década de 50 o casal se interessou pela área onde atualmente está localizado o condomínio rural, fizeram então uma visita ao antigo proprietário e ficaram sabendo que a gleba estava à venda. Pouco tempo depois o casal adquiriu a propriedade que se transformou no Condomínio Rural Jardim Iolanda.
“A memória da fundadora do Jardim Iolanda sempre esteve, está e estará presente na lembrança de todos nós condôminos iolandenses, afinal vislumbrar um condomínio como o nosso com a preservação de Mata Atlântica na década de 50 foi uma idéia genialíssima, que serve de exemplo para todas as gerações futuras”, salienta Nilton Benedito Esteves
síndico Condomínio.
síndico Condomínio.
História
Uma passagem interessante da história de Dona Iolanda Catani é seu discurso extraído do Livro Ata datado de 11 de março de 1.967, durante à sua entrega aos condôminos.
“Senhores Condôminos, não tenho o propósito de discursar nesta solenidade, que desejo apenas ornar com o toque da simplicidade que caracteriza as manifestações de apreço. Ressalto, porém, tendo-se em vista a respeitável importância coletiva e social do cultivo das relações humanas, e isto é preciso que se propague, que uma das falhas mais lamentáveis dos empreendimentos que fracassam, deriva unicamente da incapacidade de seus dirigentes para estabelecer e conservar amizades.
Mesmo o indivíduo mais atribulado pelas suas atividades, as vezes até mesmo perdido no barquinho dos seus negócios, não contraria a natureza humana e tende a convivência e anseia afeto. Levados por esta instintiva tendência, os homens formam agrupamentos e fixam normas de civilidade e de cortesia. Como admitir harmonia e êxito na consecução de uma iniciativa sem os influxos de uma forte corrente de respeito, de simpatia e de afinidade sentimental?
Para se conseguir um intercambio favorável às boas relações humanas, é mister e imprescindível o cultivo da amizade, que cria imensas possibilidades para um perfeito entendimento e um clima de gratidão, de compreensão e de transigências recíprocas. Dentro de tal percepção de harmonia conjugada a um julgamento honesto, enquadro todos os condôminos do “Jardim Iolanda”, presentes e ausentes, que prestigiaram o empreendimento ora representado pelo Condomínio Rural “Jardim Iolanda”, o qual, nesta oportunidade, entrego a administração da massa condominial, com os meus melhores votos de constante paz e progresso ”.
Mitologia
Outro legado importante de Dona Iolanda Catani refere-se aos nomes dados
às Alamedas e Praças que começam e terminam dentro do Jardim Iolanda. Todos foram escolhidos para homenagear as Musas da Mitologia Grega.
Antigamente existiam na Grécia somente três musas Milete, Mneme e Aede isto é memória, meditação e Canto, as três coisas necessárias para compor um poema e estas eram filhas do Céu, outros dizem de Zeus (Júpiter) e Mnemosina.
Dizem também, que a cidade de Sicione querendo honrar as musas encomendou a três escritores as estatuas das três musas para serem escolhidas as melhores, mas todas ficaram muito belas e não se pode fazer escolha, assim colocaram as nove no templo, isto segundo "Varrone" (escritor muito conhecido do século passado). Elas eram três e dizem que as outras seis só existiam na fantasia dos poetas. Mas a opinião publica admite que há realmente nove musas.
Clio – que toma seu nome de Kleus, gloria fama e presidia a historia e as odes (versos).
Melpomene – isto é a melodiosa reina sobre as tragédias, uma de suas atribuições essenciais era outras vezes os coros.
Talia – a florida presidia a comedia e aos divertimentos.
Euterpe – isto é a brincalhona e jubilosa, presidia a flauta e outros instrumentos de sopro e sua jurisdição estendia-se sobre a musica instrumental.
Terpsicore – a esvoaçante e jovial inventora da harpa presidia a dança e aos fogos.
Erato – a amorosa deu vida a lira por ela inventada e presidia as galantes apaixonadas e eróticas poesias, vem de Eros (amor).
Caliópe – cujo nome anuncia bela voz é a soberana dos sublimes cantos e presidia a astronomia.
Urania – presidia a astronomia.
Polímnia – assim chamada pela qualidade de canções é a musa da musica coral e da retórica.
Júpiter – (nome latino de Zeus) e Mnemósina deusa da memória, foram os pais das musas.
Parnaso – Montanha da Fócida (Grécia antiga) consagrada a Apolo e as Musas.