Itaú Cultural Play lança mostra com filmes de Sylvio Back
Kadu Carneiro em uma cena de ‘Cruz e Souza’ (1998)
A partir do dia 13 de janeiro (sexta-feira), a plataforma de streaming Itaú Cultural Play faz a primeira atualização do ano em seu catálogo com uma homenagem ao prestigiado diretor Sylvio Back. Conhecido pela realização de filmes que se passam nos momentos mais impactantes da história do Brasil, Back ganha uma retrospectiva com cinco de suas principais obras de ficção, dirigidas entre as décadas de 1960 e os anos 2000. Em outro recorte, seis animações foram selecionadas para festejar o verão e o
período de férias das crianças e de adultos.
Com mais de 500 títulos disponíveis de todas as regiões do Brasil e gratuita, a plataforma voltada exclusivamente para o audiovisual brasileiro pode ser acessada pelo site www.itauculturalplay.com.br ou pelo App nos dispositivos móveis Android e IOS.
Sylvio Back ficcional
Realizado e lançado em 1968, Lance maior, primeiro longa-metragem do diretor, rendeu, de cara, o prêmio de melhor Cartaz no Festival de Brasília no mesmo ano.
Filmado em Curitiba e lançado em plena ditadura militar, acompanha as histórias cruzadas de Rogério (Jorge Botelho), um trabalhador que se apaixona por Neusa (Irene Stefânia), moça de origem humilde. Ela, por sua vez, começa a se relacionar com Mário (Reginaldo Faria), estudante e bancário, que, movido pela ambição e por status social e financeiro, se envolve com Cristina (Regina Duarte), uma jovem de família de classe média alta.
Para a par com o protagonismo dos atores, a capital paranaense ganha destaque nesse filme de ficção, que revela um jogo de interesses, amores, ilusões, luta de classes e a libertação sexual das mulheres na década de 1960.
Também produzido durante a ditadura militar, Aleluia, Gretchen (1976) foi eleito pelo diretor Glauber Rocha como um dos seus filmes preferidos. A história cria diálogos entre o fascismo nazista, o conservadorismo e o contexto político brasileiro, tendo como guia o olhar crítico e desencantado de Back. Nele, a família Kranz foge da Alemanha para o Brasil, no final da década de 1930, e se estabelece em uma pequena cidade no estado do Paraná. Lá, ele adquire um hotel que passa a ser frequentado por entusiastas do nazismo, abençoados pela matriarca da família.
A guerra dos pelados (1971) é baseado na sangrenta Guerra do Contestado, ocorrida na década de 1910 entre os estados de Paraná e Santa Catarina, devido a uma disputa de terras onde seria construída uma estrada de ferro. Os insurgentes, chamados “pelados”, reuniram-se em torno de um curandeiro e fundaram cidades santas. Por discutir o messianismo como solução para os conflitos sociais, a obra é comparada com clássico Deus e o diabo na terra do sol (1964), de Glauber. Considerado um dos principais trabalhos da carreira de Back, o longa-metragem coloca em atrito opostos como opressão e resistência, progresso e decadência, arcaico e moderno.
Inspirado na poesia simbolista do principal poeta negro da língua portuguesa, morto em 1898, o longa-metragem Cruz e Sousa – O poeta do desterro, de 1999, conta a sua trajetória em 34 estrofes visuais, que revelam os amores, dramas, preconceitos e racismo. Com elenco central formado apenas por atores, com Kadu Carneiro na interpretação de Cruz e Souza, o filme foi celebrado em grandes festivais do país e do mundo, se tornando uma obra essencial para refletir sobre o racismo e a literatura. A produção venceu os prêmios de melhor roteiro, ator e cenografia da Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA, em 1977. No mesmo ano, foi premiado no Festival de Gramado pelo melhor ator coadjuvante.
No filme Lost Zweig – Os últimos dias de Stefan Zweig no Brasil (2003), o roteiro acompanha a última semana de vida do escritor austríaco Stefan Zweig e de sua esposa, Lotte Altman. O casal, que se refugiou no Brasil para fugir do nazismo, morreu junto em um pacto misterioso. Apesar do realismo, o roteiro alia fatos inspirados no livro Morte no paraíso, a tragédia de Stefan Zweig (1981), de Alberto Dines, a elementos ficcionais. O filme ganhou os prêmios de melhor direção de arte e roteiro
no Festival de Brasília, em seu ano de lançamento.
Animações para as férias
As opções de animações na Itaú Cultural Play são ampliadas com mais seis produções que passam a integrar o catálogo neste começo de ano. A seleção, que também pode agradar os adultos interessados no gênero, junta histórias ora tocantes, ora alegres, sempre inventivas e premiadas.
Garoto Cósmico (2007), é o primeiro longa-metragem realizado por Alê Abreu e o último com a participação do ator Raul Cortez, morto em 2006, responsável pela voz de Giramundos. Ele se passa em um mundo futurista, no qual as vidas são totalmente programadas e seguem rotinas rígidas. Três crianças, Cósmico, Luna e Maninho, resolvem se aventurar e descobrem um novo universo, esquecido no fantástico Circo Giramundo.
Também dirigido por Alê Abreu e trilha sonora de Naná Vasconcelos e Emicida, O menino e o mundo (2013) é um dos filmes mais premiados do cinema brasileiro, tendo sido indicado ao Oscar de Melhor Animação, em 2016, e exibido em mais de 80 países. Conquistou o Prêmio Cristal de melhor longa-metragem no 38º Festival de cinema de animação de Annecy, na França – o mais importante festival da animação mundial.
A história acompanha um menino que mora com a família no campo. Certo dia, seu pai abandona a casa onde vivem e vai para a cidade ganhar a vida. O garoto parte em sua busca, atirando-se em uma aventura cheia de descobertas. Sua travessia o leva para uma grande metrópole, onde conhecerá pessoas, estranhos seres e assustadoras máquinas-bicho.
Com direção de Maurício de Souza e José Márcio Nicolosi, Cine Gibi 7 – Bagunça Animal (2014) reúne uma série de esquetes feitos sob medida para o público infantil e protagonizados pelos, provavelmente, mais queridos personagens dos quadrinhos brasileiros, a Turma da Mônica: Cebolinha, Cascão, Magali e Mônica. Sucesso no cinema e na televisão, o filme adapta para a tela parte dos gibis criados por Mauricio de Sousa. Fiel ao espírito dos quadrinhos, ele alinha espírito educativo, risadas e muita
aventura.
Gabriel Bitar, Gustavo Steinberg e André Catoto, assinam a direção do longa-metragem Tito e os Pássaros (2018). Nele, são utilizadas aves alegóricas para apresentar uma narrativa atual e crítica sobre uma espécie de epidemia de medo que assola o mundo. Na obra, um menino e seus dois amigos partem para encontrar a pesquisa perdida do seu pai sobre canções de pássaros, que pode salvar o mundo dessa peste. O filme teve destaque no Festival de Annecy e foi pré-indicado ao Oscar de Melhor Animação de
2019. O tema, atual, apesar de assustador, teve boa recepção entre as crianças e ganhou o prêmio de melhor longa-metragem infantil no Festival Anima Mundi.
Mais uma animação premiada neste festival, Miúda e o guarda-chuva (2019), de Amadeu Alban, se vale da música e de um instigante trabalho de cores e texturas que abordam os temas para o desenvolvimento infantil, como a curiosidade, a descoberta da linguagem e a necessidade de lidar com escolhas na vida. Em sua história, Miúda é uma menina e vive com uma planta carnívora, seu bichinho de estimação – voraz, adora comer formigas e sempre tem fome. Certo dia, a menina pede que a amiga a chame pelo nome. Em troca, a planta exige mais alimento. O problema é que as formigas vão se revoltar com a decisão.
Serviço
Itaú Cultural Play
Em www.itauculturalplay.com.br
A partir de 13 de janeiro (sexta-feira)
Mostra Sylvio Back – Ficções
Lance maior (1968)
Duração: 100 minutos
Classificação indicativa: 14 anos (drogas lícitas, conteúdo sexual e nudez)
A guerra dos pelados (1971)
Duração: 98 minutos
Classificação indicativa: 14 anos (violência, drogas lícitas e nudez)
Aleluia, Gretchen (1976)
Duração: 118 minutos
Classificação indicativa: 16 anos (nudez, tortura e insinuação de sexo)
Cruz e Sousa – O poeta do desterro (1999)
Duração: 86 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Lost Zweig – Os últimos dias de Stefan Zweig no Brasil (2003)
Duração: 114 minutos
Classificação indicativa: 12 anos (insinuação de sexo)
Mostra Férias Animadas
Garoto Cósmico (2007)
De Alê Abreu
Duração: 75 minutos
Classificação indicativa: Livre
O menino e o mundo (2013)
De Alê Abreu
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: Livre
Cine Gibi 7 – Bagunça Animal (2014)
De Mauricio de Sousa e José Márcio Nicolosi
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: Livre
Tito e os Pássaros (2018)
De Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto Dias
Duração: 73 minutos
Classificação indicativa: Livre
Miúda e o guarda-chuva (2019)
De Amadeu Alban
Duração: 74 minutos
Classificação indicativa: 10 anos (medo)