Jardim Leme é retratado no projeto ‘Seu bairro, nosso bairro’
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Por Nely Rossany, da Gazeta SP e Liah Marques, do Portal O Taboanense
A Gazeta SP e o Portal O Taboanense iniciaram esta semana, o projeto ‘Seu bairro, nosso bairro’, que tem a proposta de conhecer de perto os bairros de Taboão da Serra. Jardim Leme, na periferia da cidade, foi o primeiro local visitado. O bairro que faz divisa com São Paulo e é cortado pelo córrego do Pirajuçara, tem 165 mil m² de área e uma população de 2920 habitantes, de acordo com o Censo 2010. No bairro há três escolas, duas unidades básicas de saúde e três áreas de lazer: um campo de futebol e duas praças.
Em uma das avenidas principais do bairro, a Siderópolis, há uma concentração de pequenos comércios, como material de construção, mercadinhos e lojas de roupa, onde a maior reclamação é a falta de segurança. “Todo dia um comércio é roubado por aqui, ontem mesmo foi a farmácia. Pagamos um imposto alto, mas não temos um retorno da prefeitura, está cada vez pior. Pago quase R$ 6 mil de IPTU, mas não moro no Alphaville ou no Jardins”, diz Eliana Jesus Grando, que mantém uma loja de material de construção no bairro há 26 anos.
Foto: Thiago Neme | Gazeta SP
Moradores pedem reforma na praça Antônio Marques de Oliveira
Quem também reclama de segurança são as mulheres que pegam condução antes do amanhecer. “Assalto é direto. As mulheres vão trabalhar cedo e são abordadas por motoqueiros que pegam as bolsas”, comenta Eunice Macedo. Procurada pela reportagem, a Assessoria de Imprensa informou que de acordo com o Secretário de Segurança de Taboão da Serra, Comandante Silas, a ronda da Guarda Civil Municipal será intensificada no bairro.
Saúde
Dona Francisca Macedo, mora no bairro há 20 anos e ali constitui família, são dois filhos, cinco netos e uma bisneta. Ela e o marido vieram do Ceará para São Paulo em busca de uma vida melhor. Hoje eles têm um pequeno comércio no quintal de casa. Uma das reclamações de Francisca é a saúde. “Se precisa de Taboão da Serra, morre”, diz. Ela contou que o neto de 7 anos tem problemas nos rins e faz todo o tratamento no Hospital das Clínicas em São Paulo, pois não tinha atendimento nesta especialidade por perto.
A filha de Dona Francisca, Eunice Macedo de 37 anos, também reclama. Ela explica que é muito difícil marcar consultas na Unidade Básica de Saúde Silvio Sampaio. “Temos que madrugar na fila, antes das seis da manhã, e mesmo assim tem vezes que não conseguimos marcar pediatra para minha neta”, desabafa.
Outra moradora, Ariosângela Alves Castro, também reclama da UBS, fala que o atendimento é muito ruim e que demora. “O médico ginecologista é o melhor do Posto de Saúde aqui do bairro, agora os outros, tipo clínico geral, são os piores, muito difícil marcar consulta com eles. Uma vez eu fui marcar psicólogo e demorou tanto que acabei não marcando”, comenta.
Segundo a prefeitura, a Unidade Básica de Saúde Silvio Sampaio abre às 07 horas e os agendamentos de consultas começam às 07h30, e que não há necessidade da fila. Quanto à pediatria, a Assessoria de Imprensa informou que a unidade conta com dois médicos, sendo que um deles atende todos os dias da semana uma média de 15 crianças por dia e o outro atende uma vez na semana com 25 atendimentos em média. A média de atendimento na unidade chega a 400 pessoas por dia.
Pontos positivos
Mas também há quem elogie o bairro, como Francisco Ozete da Silva, de 35 anos, que há um ano se mudou para o Jardim Leme. Ele morava no Jardim das Rosas, em São Paulo. “Até momento eu não tenho o que reclamar do bairro, estou aqui há pouco tempo e meu convênio de saúde é para atendimentos em São Paulo, então uso o serviço de saúde de lá. Eu gosto do comércio daqui, até que tem bastante opção e a questão de segurança eu não tenho o que falar, pelo menos eu não escuto nada sobre assalto por aqui”, comenta Francisco. Ele conta também que seu filho mais velho estuda na Escola Estadual Armando de Andrade e que o ensino do colégio é muito bom.
Área de lazer degradada também incomoda os moradores
A Praça Antonio Marques de Oliveira, próximo a Escola Armando Andrade foi o primeiro local visitado pela nossa equipe. Encontramos algumas crianças brincando, porém de um modo não tão divertido quanto o esperado. A praça está precisando de manutenção, como por exemplo, o tratamento da grama, novas lixeiras e, principalmente, mais brinquedos para as crianças, pois há apenas um balanço de pneu, que é revezado entre as crianças.
Foto: Eduardo Toledo
“Todo dia um comércio é roubado por aqui”, desabafa a comerciante Eliana Grando
Ariosângela Alves Castro mora no bairro há 9 anos e contou á nossa equipe que a praça precisa de mais brinquedos pois, principalmente no período de férias, é o único espaço de lazer. “A época das férias é muito ruim para elas, eu as trago aqui, mas não tem brinquedo para elas, então as crianças ficam revezando esse balanço, que por sinal havia quebrado e foram os moradores mesmo que arrumaram”, nos conta Ariosângela.
Quem também reclama da praça é Maria Eliete, que mora há dois anos no bairro. Ela veio do Maranhão morar na casa da sogra e diz que a filha de cinco anos gosta de brincar na praça, mas que os brinquedos vivem quebrados. “Quem mora é que deveria cuidar. Todo sábado, a praça fica lotada porque é uma das poucas áreas de lazer daqui”, revela. A filha estuda na Emef Armando Andrade, que é elogiada por Eliete. “Não tenho o que reclamar da escola, minha filha também gosta muito”. Eliete também nos diz que gosta do bairro porque tem tudo por perto. “Gosto muito do bairro, assim que conseguir, vou ter minha casa e quero morar aqui no Leme mesmo”, conclui.
A Secretaria de Manutenção informou que realiza manutenção periódica nas praças da cidade.