Jd. Saint Moritz apresenta problemas típicos da periferia
• Siga o Portal O Taboanense no Twitter e no Facebook
———————————————————
Por Nely Rossany, da Gazeta SP e Liah Marques, do Portal O Taboanense
Saint Moritz, próximo à região do São Judas em Taboão da Serra foi o terceiro bairro visitado pelo projeto ‘Seu Bairro, Nosso Bairro’ da Gazeta SP e Portal O Taboanense. Entre os principais problemas do bairro, os moradores citaram a segurança e o transporte. O bairro foi ocupado irregularmente e é cheio de ladeiras, muitas asfaltadas há poucos anos. Com 66 mil m² e 1.261 pessoas, o bairro também tem seus comércios e os moradores encontram tudo por perto, farmácia, mercado, escolas e posto de saúde.
O adolescente Gabriel Ediberg, de 14 anos, trabalha e mora no bairro diz que gosta muito e acha que é um local bom para se morar. Em contrapartida acredita que a educação poderia melhorar. “Eu gosto do bairro, sempre morei aqui e nunca vi nada de errado. Acho que esse bairro é bom para se morar porque tem tudo por perto. Só acho que a educação poderia ser melhor, no colégio que estudo os professores não se empenham muito”, conta o adolescente que estuda na Escola Estadual Laert de Almeida São Bernardo.
Foto: Thiago Neme | Gazeta SP
Bairro tem seu próprio centro comercial e áreas de lazer, mas moradores reclamam que praças são utilizadas por usuários de drogas
Já a comerciante Conceição Pires, de 49 anos, diz que a “saúde do bairro é um descaso com a população”, mas também reclama de segurança. Moradora do bairro há 13 anos, Conceição diz que nunca foi assaltada, mas seus vizinhos já foram.“Estou pensando em voltar a morar em Osasco, lá é uma cidade muito boa e tranquila, também tem de tudo. Mas tive que me mudar de casa com minha família e aqui era o local que achamos na época. Aqui os assaltos são constantes, estão até tirando até aliança do dedo das pessoas”, conta.
Sobre a saúde, Conceição diz que nos postos de saúde nunca tem médico para atender e raramente tem medicamentos. “A saúde aqui é um descaso, eu nem perco mais o meu tempo indo nesses postos de saúde daqui, eu vou direto em São Paulo”.
Outro ponto abordado por Dona Conceição foi a questão das drogas. “Tem muitas drogas aqui, graças a Deus os meus filhos conseguiram ficar longe disso. Estamos largados à própria sorte. Eu queria que o novo prefeito de Taboão tivesse um pouco mais de amor à cidade e às pessoas, talvez assim tivéssemos algum bom resultado”, finaliza Conceição.
Violência e drogas
Joise de Pinho Santos, 20 anos, faz faculdade de administração, diz que mora há 13 anos no Saint Moritz, e antes de se mudar para lá morava de aluguel no Centro de Taboão. Segundo Joise a maior queixa dos moradores do bairro é a segurança. “Acho que deveria ter um posto policial aqui perto, ia melhorar muito”.
A manicure Gilma dos Santos, de 34 anos, diz que o bairro é muito violento. Nunca foi assaltada, mas escuta muitas histórias de assaltos, inclusive de sua irmã, que também é moradora do bairro. “Aqui a gente sempre escuta histórias de assaltos. Tem muitos usuários de drogas por aqui, em cada rua encontramos um”, justifica Gilma. A moradora diz que as praças do bairro são utilizadas por usuários de drogas.
Foto: Thiago Neme | Gazeta SP
“Aqui é tudo muito precário, se tiver bom investimento, muda. Apesar de tudo de errado que vejo aqui, eu não mudaria de bairro”, diz a manicure Gilma dos Santos
Procurada pela reportagem, a Assessoria de Imprensa da Prefeitura diz que a Guarda Civil Municipal realiza rondas diárias no bairro, mas lembra que a função da GCM é de zelar pelo patrimônio público, e que a população deve acionar a Polícia Militar através do 190.
Sobre a fiscalização das praças ocupadas por usuários, o secretário de Segurança, Coronel Silas diz que quando um usuário é flagrado, a GCM o orienta a procurar tratamento no CAPS AD. “É importante ressaltar que o município conta com um equipamento que realiza esse tipo de tratamento, que é o CAPS AD, mas muitas vezes o usuário não concluiu e cabe também ao Estado dispor de um Centro de Tratamento para auxiliar o município no combate e no tratamento ao usuário de drogas”, informa a Assessoria de Imprensa.
Saúde
A manicure reclama da saúde também, dizendo que nunca encontra médico no posto de saúde. Gilma inclusive deu o exemplo de um morador do bairro: “Eu conheço uma pessoa que tem que marcar uma cirurgia na coluna e já vai para dois anos que está na fila de espera. Isso é um descaso com a população”.
Sobre a saúde, a prefeitura informa que a Unidade Básica de Saúde que atende os moradores do bairro é a Jardim Salete que tem as especialidades de Clínico Geral, Pediatria e Ginecologia Obstetrícia. “Quando o paciente chega em uma UBS e não tem a especialidade que ele procura o mesma é encaminhado para a UBS do Jardim Helena que atende todas as especialidades. As UBS´s oferecem os mesmos medicamentos existentes na Farmácia Popular. Ou seja, não falta medicamentos nos Postos de Saúde e Unidades Básicas de Saúde de Taboão da Serra”, esclareceu em nota a prefeitura.
Sobre a cirurgia que a manicure Gilma cita, a prefeitura esclarece que a rede municipal de saúde só faz o encaminhamento para a rede estadual e que cabe a Secretaria Estadual de Saúde a marcação e o atendimento de cirurgias e exames de média e alta complexidade.
Transporte
Gilma também reclama do transporte público, diz que os motoristas de ônibus circulares são muito mal educados e deveriam tratar melhor principalmente as gestantes, os idosos e pessoas com crianças de colo. “Eu mesma já caí com uma criança de dois anos que estava no meu colo, o motorista não esperou eu subir no ônibus e eu acabei caindo”, conta.
“Aqui é tudo muito precário, se tiver bom investimento, tudo muda. Apesar de tudo de errado que vejo aqui, eu não mudaria de bairro, se a prefeitura investir mais, aqui se torna um bom lugar para morar e trabalhar, o que vejo é falta de interesse dos políticos. Não adianta a gente falar pra eles o que acontece aqui, eles não dão importância”, finaliza a manicure.
Foto: Thiago Neme | Gazeta SP
“Outra coisa que me incomoda muito é o som alto e bagunça, desrespeito mesmo. O poder público tinha que fiscalizar, a Lei do silêncio aqui não funciona”, comenta Paulo Roberto
Paulo Roberto que mora há um ano no bairro também reclama do transporte. “Eu morava no bairro Campo Limpo, em São Paulo e com R$ 3 pegava um ônibus para percorrer a cidade São Paulo toda e ainda podia pegar mais uma condução e fazer baldiação com o metrô. Mas aqui o ônibus anda só em Taboão é o mesmo preço, isso não está certo”.
‘Lei do Silêncio não funciona’, diz morador
Ainda segundo Paulo, outra coisa o incomoda no bairro, o som alto dos carros nas ruas. “Outra coisa que me incomoda muito é o som alto e bagunça, desrespeito mesmo. Esses dias de madrugada ali na pracinha tinha carros com som alto.O poder público tinha que fiscalizar, a Lei do Silêncio aqui não funciona”, comenta.
Sobre os pontos positivos do bairro, Paulo diz “O bairro cresceu muito, até estou vendo programas de melhoria por aqui, mas penso que ainda há muita corrupção e se isso acabasse, muita coisa poderia ser feita”.
Sobre a fiscalização da Lei do Silêncio, a Assessoria de Imprensa diz que a Lei do existe e é cumprida. “A prefeitura realiza blitz constantes em vários pontos da cidade. E a população pode denunciar para através do número 190 da Polícia Militar ou 153 da Guarda Civil Municipal”.
O próximo bairro que o projeto ‘Seu Bairro, Nosso Bairro’ vai visitar será o Parque Monte Alegre próximo ao Centro de Taboão. Para mandar sua sugestão ou perguntas, clique aqui.