Laurita Ortega Mari, uma mulher a frente do seu tempo
Laurita Ortega Mari ao lado de estudantes na década de 1960
Por Christian Sznick
No Dia Internacional das Mulheres, Taboão da Serra tem um importante marco político para se vangloriar. É que Laura Ortega Mari, Dona Laurita como ficou conhecida, foi a primeira mulher a ser eleita prefeita de uma cidade do país após a redemocratização. Ela governou Taboão da Serra entre 1964 e 1968.
Laurita nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1908. Em 1934 casou-se com Francisco Ettore Pedro Mari indo residirem no Jardim Europa, bairro da alta sociedade paulistana. Dificuldades financeiras obrigaram o casal a mudar-se no início dos anos 40 para uma chácara na então Vila Poá onde fundaram o Matadouro Avícola.
Devida a sua boa formação e contatos com a alta sociedade era grande aliada política de Adhemar de Barros. Candidatou-se em 1959 à prefeitura de Taboão da Serra perdendo para Nicola Viviléchio por apenas 42 votos. Derrota esta que não a abateu, pois buscou ficar conhecida, indo de casa em casa nas eleições de 1959, o foi determinante mais tarde eleger-se como Prefeita.
Em seu mandato, no qual doava os seus vencimentos referentes ao cargo, fez obras de melhorias na atual Estrada Kizaemon Takeuti, lançou programas de assistência à população (tem-se registrado que no transporte de enfermos para hospitais na Capital utilizavam-se os veículos de sua Granja dada a precariedade e parcos recursos da cidade), cursos de alfabetização de adultos, construiu o Cemitério da Saudade, onde em uma visita às obras estava usando calças, traje inusitado para uma mulher na época.
Juntamente com a então primeira dama do Estado, Dona Leonor Mendes de Barros, chegou a lançar a pedra fundamental da Maternidade Municipal no terreno onde hoje está o Shopping Taboão (projeto não realizado pelas administrações posteriores).
Antes de sua eleição trouxe como cidadã conquistas para a nascente cidade, como o primeiro semáforo, a instalação do Ginásio Estadual junto ao grupo Escolar do Maria Rosa (até 1963 a cidade oferecia somente o ensino até a 4 série primária). Organizava campanhas de arrecadação de donativos envolvendo a juventude taboanense, para instituições beneficientes como o Asas Brancas.
Elegeu-se vereadora em 1969, sendo a mais votada. Tentou uma volta à prefeitura em 1976, tendo a maioria dos votos, provando que ainda gozava de grande prestígio, mas devido às regras eleitorais da época, que permitia mais de um candidato por partido, assumiu Armando Andrade devido seu partido ter obtido mais votos do que o de Laurita. Faleceu em 20 de outubro de 1977, estando sepultada juntamente com seu marido, falecido em 1973, no Cemitério da Saudade.
Homenagens póstumas foram feitas a antiga Prefeita. Uma avenida que corta todo o Parque Pinheiros, além de ser a patrona de uma Escola Estadual no Pirajuçara. Uma comenda que leva com seu nome é hoje entregue a pessoas de relevância para a cidade.
Sua antiga chácara, reduto de reuniões políticas, foi vendida no final dos anos 70, dando espaço a dois Condomínios (um deles leva seu nome), ao Hospital Family, ao atual leito dos Rios Pirajussara e Poá.