Mais de 1.200 famílias ocupam terreno no Parque Laguna em Taboão da Serra
Reportagem esteve no local em julho, quando cerca de 300 famílias estavam morando na área de 136 mil m² no Parque Laguna
Ocupação na avenida Castelo Branco, no Parque Laguna em Taboão da Serra é alvo de disputa na justiça
Por Matheus Herbert, da Gazeta de S. Paulo
Em menos de três meses mais de 1.200 famílias sem-teto ocuparam um terreno particular na avenida castelo Branco, no bairro Parque Laguna, em Taboão da Serra. A reportagem esteve no local em julho, quando cerca de 300 famílias estavam morando na área. Nesta quarta-feira, a Gazeta voltou ao local e além dos barracos de plástico, moradias de madeira foram erguidas. O local também já abriga comércios e até uma igreja evangélica.
O crescimento da ocupação irregular é reflexo da crise econômica que o País passa e também do déficit habitacional da cidade que sofre com a falta de terrenos para a construção de moradias e um adensamento populacional recorde. Hoje são 14.012 habitantes por km², em uma cidade com apenas 20,38 km². O déficit habitacional de Taboão é de mais de 10 mil famílias, de acordo com dados da prefeitura do ano de 2010.
A proximidade com a Capital atrai moradores de cidade vizinhas que ou perderam suas moradias por não ter condições de pagar aluguel ou viviam em outra ocupações. “Estava em uma outra ocupação, aí fiquei sabendo dessa e vim com a minha filha de sete anos. Estou vivendo há três meses nesse barraco improvisado, pagar aluguel está muito difícil e aqui a minha família me ajuda. Até temos medo de uma reintegração, porém vamos resistir porque não temos para onde ir”, disse Ivani da Silva, de 33 anos, moradora da ocupação “Filomena Basilio” no Parque Laguna.
As famílias estão distribuídas em uma área de cerca 136 mil m² que faz divisa com o Jardim Três Marias em Taboão da Serra e outros bairros da zona oeste da Capital. “Além das 1.200 famílias que vivem aqui, temos uma fila de espera com mais de 100 famílias cadastradas. Estamos dialogando com a prefeitura e queremos comprar a área que está abandonada. As famílias que vivem aqui são do bem e se ajudam”, disse um dos líderes do movimento Marcos Torres.
“Vivo aqui com os meus quatro filhos e os moradores da ocupação me ajudam muito, principalmente com o cuidado das crianças, porque trabalho das 3h às 10h em Barueri. Infelizmente sou mãe e pai das crianças e não conseguiria pagar com a minha renda um aluguel”, disse Adriana Araújo, de 33 anos.
De acordo com Leandro Cavalca, outro líder da ocupação, as famílias não pertencem a nenhum movimento social partidário e fazem parte da “Associação A.B.A.M.D na Luta por Moradia Digna”. “A nossa luta é por moradia para essas famílias. Quem vive aqui, ajuda a associação com R$ 30 para despesas gerais e até mesmo para levantarmos um capital para comprarmos o terreno, que é um dos nossos desejos. Moradores que têm comércio pagam R$ 50”, disse Cavalca.
A área já tinha sofrido processo de reintegração de posse em julho do ano passado e já tinha sido invadida outras vezes. “Sabemos dessas outras ocupações, mas não temos ligações com nenhuma delas”, complementou Leandro Cavalca.
A reportagem procurou a Prefeitura de Taboão da Serra e como já divulgado em junho, a administração disse que notificou o proprietário.