Moraes Moreira morre aos 72 anos no Rio
Cantor e compositor baiano morreu na manhã desta segunda-feira, após sofrer um infarto agudo enquanto dormia
Da Gazeta de S. Paulo
Um dos principais compositores dos Novos Baianos e dono de uma carreira solo de prestígio, Moraes Moreira morreu na manhã desta segunda-feira na sua casa, no Rio de Janeiro, enquanto dormia. O artista tinha 72 anos.
A causa da morte foi infarto agudo do miocárdio. As informações do velório não serão divulgadas, devido à pandemia do novo coronavírus.
Centenas de personalidades lamentaram a morte do artista. Em um texto emocionado, Daniela Mercury chamou o amigo de “poeta do carnaval”.
CARREIRA
Nascido em Ituaçu, no interior da Bahia, em 8 de julho de 1947, Antônio Carlos Moraes Pires iniciou o contato com a música tocando sanfona de doze baixos nas festas de São João da cidade. Já adolescente, e morando em Salvador, se apaixonou pelo rock.
Em 1968 formou os Novos Baianos ao lado de Luiz Galvão, Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes e a niteroiense Baby do Brasil, a única não baiana do grupo.
A banda fez uma revolução na música brasileira, com uma mistura harmoniosa inédita de rock, baião, forró, frevo, afoxé, choro e outros ritmos internacionais e brasileiros. Era como se terminassem o trabalho iniciado pelos tropicalistas anos antes, encerrado pelo Ato Institucional Número 5 (AI-5). A grande inspiração dos músicos, porém, era João Gilberto.
Da cabeça dos jovens baianos nasceu Acabou Chorare, considerado o melhor LP da história do Brasil pela revista “Rolling Stones”.
Com o fim do grupo, Moraes se lançou em carreira solo em 1975. Marcou-se por ser considerado o primeiro cantor de trio elétrico, ao assumir os microfones do Trio de Dodô e Osmar, em
Salvador.
Nas décadas seguintes renovou seu público ao ter músicas incluídas em novelas da “TV Globo”, além de lançar um disco acústico pela antiga “MTV”. Juntou-se ainda duas vezes com os Novos Baianos, em 1997 e 2015, para relembrar os sucessos do grupo histórico.
Antes de morrer o artista baiano estava preparando um disco de inéditas. Não deu tempo.
(Bruno Hoffmann)