Morre, aos 51 anos, o ator e diretor teatral Mario Pazini
O ator, diretor e ativista cultural Mário Pazini Junior, 51 anos, morreu na tarde desta segunda-feira, dia 31, vítima de câncer. O artista deixa três filhas e a esposa Naruna Costa, também atriz. Em Taboão da Serra o artista foi um dos responsáveis pela profissionalização da encenação da Paixão de Cristo. Ele também é um dos fundadores do Clariô, respeitado espaço cultural.
Marinho Pazini, como era conhecido no meio artístico, estava internado há uma semana no hospital Nove de Julho e apesar de sua doença ser de conhecimento dos amigos, sua morte prematura pegou todos de surpresa. O velório acontece desde às 22h desta segunda-feira, o enterro está marcado para às 16h no cemitério da Saudade, em Taboão da Serra.
A comunidade artística lamentou a morte de Pazini. O diretor Valter Costa disse que Pazini iniciou toda a cena teatral de Taboão da Serra. “Ele é um amigo, um irmão que deixa uma lacuna impreenchível na cultura, trabalhou muito em prol do que acreditava e tem uma importância ímpar na cultura de Taboão”, disse.
A amiga e atriz Maira Galvão, que trabalhava com Pazini no premiado espetáculo Hospital da Gente lamentou a morte do diretor. “O Pazini é sinônimo de teatro em Taboão da Serra, uma das pessoas mais amorosas que eu conheço, estou profundamente triste com o seu falecimento, fomos pegos de surpresa”.
O ator e diretor José Maria Lucena lembrou da importância de Pazini para Taboão da Serra. “Tudo o que ele fez foi por amor ao teatro, a gente sabia da sua luta contra o câncer, torcia para que ele superasse isso, infelizmente perdemos um companheiro que era exemplo para todos nós, um artista que vai nos fazer muita falta”.
O poeta Sérgio Vaz também lamentou o falecimento. “Era um ativista cultural, um agitador do movimento cultural. Taboão da Serra e toda a região perdem um ator e diretor incrível e acima de tudo um ser humano que deixou um legado, uma marca e uma história na nossa cidade”, afirmou.
Carreira
Pazini tem uma das mais bonitas carreiras artísticas de Taboão da Serra. Em uma das primeiras encenações da Paixão de Cristo, sua mãe, que interpretava a Virgem Maria carregava na barriga o filho Mário Pazini. Ele brincava que esse foi a sua primeira participação na encenação que o tornou famoso em toda a região.
Durante seis anos foi o personagem principal da encenação da Paixão de Cristo. Sua primeira participação foi em 2000 e em 2005 protagonizou um dos momentos mais difíceis de toda história do espetáculo. Quando se preparava para a cena da ressurreição, caiu de uma altura de quase três metros. Mesmo machucado, Pazini voltou e encenou os momentos finais do espetáculo.
Em 2006, sua última participação como Cristo, protagonizou um dos momentos mais emocionantes quando encontrou Manoel da Nova, o primeiro diretor da encenação da Paixão de Cristo em 1958. Os dois se abraçaram durante o calvário de Jesus, arrancando aplausos do público que acompanhava.
Mas a carreira de Pazini vai muito mais além do que a Paixão de Cristo, fundador do Espaço Clariô, ganhou em fevereiro um dos prêmios mais importantes da cultura, o Prêmio Governador do Estado. Entre as peças que Pazini deu vida no palco estão “Hospital da Gente”, “Cavalo de Pau” e “Urubu Come Carniça e Voa”, entre outras.
Pazini era formado pela escola Macunaíma de Teatro e começou sua carreira em Taboão da Serra no grupo Tesol, do ator e diretor Daniel Diez.