Ney Santos e vice são cassados por uso de dinheiro do crime na eleição de 2016
De acordo com as investigações, Santos teria usado dinheiro de facção criminosa na campanha
Ney Santos (PRB) e seu vice Dr. Peter (MDB) foram eleitos em 2016 com 79,45% dos votos válidos
Por Matheus Herbert, Gazeta de S.Paulo
A Justiça Eleitoral de Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, cassou a chapa do prefeito da cidade Ney Santos (PRB) e do seu vice Dr. Peter (MDB), por uso de dinheiro do crime na campanha eleitoral de 2016, onde a chapa foi eleita com 64.828 votos, o que corresponde a 79,45% dos votos válidos para a disputa. De acordo com as investigações, Ney Santos teria usado dinheiro de facção criminosa para financiar a campanha. A decisão cabe recurso e o chefe do executivo e seu vice seguem no cargo até a publicação da sentença, caso tenham que sair, quem assume é o presidente da Câmara, Hudo Prado (PSB).
A sentença dada na semana passada pela juíza Tatyana Teixeira Jorge, mas só publicada nessa semana aponta abuso de poder econômico e uso de dinheiro de origem ilícita. O processo está em segredo de Justiça e o caso segue em investigação.
A magistrada cassa o registro, diploma e o mandato do prefeito e do vice e ainda determina a inelegibilidade de ambos por oito anos, caso as ilegalidades sejam comprovadas. Ela acatou o pedido do Ministério Público (MP) numa Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije).
A justiça investiga se a campanha de Ney Santos teria sido financiada pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com o site “Verbo Online” a denúncia do MP, feita através do promotor Estêvão Luís Lemos, acusa Ney Santos de ter usado “contribuições provenientes de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de entorpecentes, incluindo os valores doados pelo próprio eleito à campanha”. A justiça investiga se a campanha de Ney Santos teria sido financiada pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Na segunda-feira, dia 9, o site Verbo-Online noticiou que Ney teve a campanha a prefeito em 2016 financiada, “em boa parte”, por um membro da facção criminosa. A notícia se baseia em um suposto áudio gravado por um ex-assessor de Ney Santos. Na conversa, Ney teria dito, entre outras coisas, que sua campanha teria custado ao menos R$ 12 milhões.
Através de uma nota, a Prefeitura de Embu das Artes informou que “o prefeito Ney Santos e seu vice continuam no cargo e irão recorrer com em outra instância. Respeitamos a decisão da Justiça Eleitoral de Embu das Artes, porém entendemos que a decisão foi errônea”.
Ainda de acordo com a prefeitura, as contas da campanha do prefeito Ney Santos foram aprovadas, os doadores tinham capacidade legal de fazer as doações e que quase toda a campanha foi bancada pelo fundo partidário.