No Dia Internacional da Mulher dê flores e busque igualdade
Por Laércio Lopes
Presentear, agradar com palavras e agradecer as grandes mulheres de nossas vidas é tradição que não se perde no Dia Internacional da Mulher. Mais do que em qualquer outra ocasião, observamos lindas declarações ao vivo e nas redes sociais. Cartões são escritos com carinho, flores são enviadas como símbolo de gratidão e bombons entregues como representação da doçura que elas somam aos nossos dias.
Comemorar esse dia e parabenizá-las é essencial. Contudo, não devemos esquecer o verdadeiro significado dessa data – a luta e resistência. Apesar de não sermos os protagonistas da luta diária por igualdade e direitos, temos o dever de ajudar as mulheres nesta caminhada como coadjuvantes. Atuar como incansáveis apoiadores da igualdade de gênero. Lutar contra os estigmas machistas responsáveis pela contínua agressão às nossas mulheres. Combater, ao lado delas, os repetitivos erros que culminam em injustiças até os dias de hoje.
O Instituto Ipsos, conhecido por seus estudos de mercado e com grande influência global, realizou no ano passado uma pesquisa em 24 países sobre o ideal da igualdade de gênero. Os resultados apontaram que 24% das pessoas em todo o mundo não gostam de falar sobre o assunto. O Brasil aparece em terceiro lugar nesse ranking. Estima-se que 36% dos brasileiros preferem ignorar a falta de igualdade entre homens e mulheres e consideram, por muitas vezes, a temática irrelevante para debates.
Nessa mesma pesquisa, os dados coletados demonstraram que apesar da maioria dos entrevistados – cerca de 88% – acharem justo a igualdade entre homens e mulheres, mais de 70% deles acreditam que essa realidade ainda é distante. Pergunto-me então porque a percepção, ainda que grande, interfere menos do que deveria nas ações de toda a sociedade. Vejo mulheres de diferentes idades e cantos do mundo que nadam contra a maré e fincam seus ideais como raízes. Expandem os horizontes e crescem nessa luta. Tornam-se ainda maiores diante dos obstáculos presos na sociedade de forma estrutural. Quebram as barreiras e vencem, dia após dia, esse cenário que desilude, maltrata e assassina mulheres somente por elas serem mulheres.
E, nós, homens, onde ficamos? Muitos acham que devemos estar do lado oposto da linha. Errado. Devemos estar no centro junto a elas munidos de conscientização e vontade de mudar essa realidade. Abrir a mente e derrubar ideais machistas construídos ao longo dos anos que ainda permeiam a nossa mente e ações é o primeiro passo.
Julgar uma mulher pelo tamanho da sua roupa, duvidar de sua capacidade no mercado de trabalho, fazer piadas machistas e não dividir as tarefas domésticas são alguns dos exemplos mais claros que ilustram o quanto a sociedade naturaliza o que está errado. Propagar atitudes similares é contribuir com o ciclo da violência contra a mulher, objetificação do corpo feminino e relação de poder.
No Dia Internacional da Mulher dê flores e entregue gratidão, mas, sobretudo, dê respeito. Dê a mão em prol de uma causa maior. Não deixe que a mesma injustiça que matou mais de 130 mulheres em uma fábrica nos Estados Unidos se repita. Elas só lutavam por direitos e dignidade. Elas só queriam ser tratadas com igualdade. Elas só queriam ser mulheres que não sofrem penalização da sociedade porque nasceram mulheres.
Laércio Lopes é vice-prefeito e empresário em Taboão da Serra
Foto: Ricardo Vaz