Nova página na história de Taboão da Serra

Por Marco Pezão

O primeiro dia do novo ano, 2005 floresce sob o impacto da tragédia na Ásia, quando, ondas gigantes originárias de um epicentro no fundo do mar invadiram praias de vários países, matando mais de 200 mil pessoas; no universo de mais de dois milhões de desabrigados.

Aqui, em Taboão da Serra, no Cemur, sábado, às 10 horas, em conformidade com o resultado do pleito eleitoral de outubro, começamos a escrever mais um capítulo na vida desta cidade.

A platéia, totalmente lotada, compareceu para prestigiar a festa da democracia. A salutar alternância de poder, não só de partidos políticos, mas de homens que fazem reger o principio básico da liberdade, do direito, em todos os seus aspectos.

Nas urnas, o eleitorado fez a sua parte. Elegeu os representantes em busca de renovada esperança. Colocou seu time de confiança em campo e agora espera ver o desempenho de cada um. Em número de quinze, os eleitos foram diplomados oficialmente na manhã sabatina, e, devidamente caracterizados, estão aptos a rolar a pelota no sempre intrínseco jogo político.

Para esta legislação são em número de treze, os homens que ocupam a vereança. Destes, seis foram escalados em substituições aos anteriores ocupantes das cadeiras. Força jovem chegando, vestindo a camisa.

O cerimonial contou com a presença de personalidades do município. Pároco, bispos, comandantes da policia militar, delegado, representante da Caixa Econômica, deputado convidado, ex-prefeitos, enfim, pessoas, cujas ilustres carreiras profissionais traduzem, no dia a dia, obrigações civis com os anseios populares. Testemunhas marcantes do ato em pauta.

A torcida agitada viu ser celebrado os nomes dos referendados. O vereador José Luiz Elói, o mais votado do pleito com 4146 votos, comandou a diplomação. Os reeleitos, mantendo a postura de conhecedores da posição, foram: Paulo Félix, Olívio Nóbrega, Dr Mauricio André, Dr Savazzi, Natal e Marco Porta.

Os novatos: Valdevan Noventa, Wagner Eckstein, Aprígio, Nei, Prof. Moreira e o Queiroz, que retorna ao elenco depois de quatro anos de ausência. Alguns mais afeitos ao discurso, outros não. A palavra é a bola que a língua enrola, principalmente se acompanhada de indisfarçável emoção. Pegando, também, de jeito, mesmo os mais experientes. E isso aconteceu na hora dos discursos, quando o público rejeitou o excesso de indefinida oratória.

“Tá bom, mas tá ruim! Tá ruim, mas tá bom!” Essa, entre outras, foram manifestações lingüísticas que, através de aplausos, assobios e vaias, organizadas ou não, agitou o encalorado ambiente no desenrolar das apresentações.

Todos os vereadores se comprometeram, particularizando a frase: eu prometo cumprir com as obrigações relativas ao cargo ocupado. Todos deixaram claro que estão ali pensando somente no engrandecimento do município. Que a oposição política deve existir baseada nos interesses da maioria, da coletividade. Que fiscalizar o poder executivo é função natural: assim como é chamar atenção de algum companheiro do time, pelo estrelismo ou desvio de atenção. Que o passe redondo significa auxiliar com propostas preponderantes. Que jogar com vontade é somar: e esta é a ação mais importante dentro do contexto.

Não somente em Taboão da Serra, o município é uma célula. E, sim, fazendo-se de exemplo, buscando além do desenvolvimento próprio, ou seja, brasileiro, nacional, do país. O Brasil, a quem tanto amamos.

Resumindo o episódio: na câmara municipal, a bola é do povo. E é o povo quem assina o manifesto de responsabilidade entregue aos atuais nobres edis. Eles que são empregados remunerados do povo, simplesmente isso. E, diga-se de passagem, bem remunerados pelo dinheiro público para desenvolver um trabalho criativo e transparente, durante quatro anos, que possibilite melhor qualidade de vida aos 220 mil munícipes.

Dr Evilasio, o representante maior

O momento aguardado, não poderia ser outro. Dr Evisalio Cavalcanti Farias, que, aos 25 anos de idade, firmou pacto com esta Serra. Chegou médico recém formado, conhecedor dos problemas do corpo humano, e aqui se instalou. Posteriormente político, sabe das agruras do social sofrimento em que a maioria da humanidade habita; em relevo brasileiro atingindo infindáveis cidades semelhantes a nossa Taboão. Duas vezes vereador taboanense, reeleito deputado federal, sua bagagem não cabe em simples bolsa tiracolo.

Depois de ouvir a vice-prefeita professora Márcia, o Dr Evilásio firmou a posse discursando, não como dono da bola. Sim, imbuído de idéias e fundamentos, sem ser arrogante. Falou de urbanismo, justiça social, cidadania, e em zelar pela cidade acreditando em nós próprios. Já de chuteiras calçadas e em campo de trabalho, a primeira atitude do novo comandante do time foi rebaixar o próprio salário. Alguns acham demagogia, mas, por certo, o Dr Evilasio tem razão quando disse que um prefeito não pode ganhar mais que o governador do estado, e do que o presidente da república.

Relembrou o conterrâneo Celso Furtado, cujo pensamento sintetiza: “O mundo é absurdo, violento e injusto. Mas está a altura dos homens em reconstruí-lo”.

Deu à palavra significado direto quanto aos seus objetivos. A confiança em sua equipe de governo. Em contar com o apoio do povo na reconstrução do município, assumindo o comprometimento de campanha. Em cortar privilégios e proporcionar o bem para a maioria das pessoas. Que, ele, prefeito, é somente um gestor da coisa pública buscando uma nova forma de administrar. Enfatizou, ainda, que os prefeitos passam e a cidade continua, pesando, sobre ele, a responsabilidade de nunca errar, sob pena de fazer os munícipes sofrerem.

A frase de autoria de Santo Agostinho, no discurso citada, parece que melhor traduz o inicio desta administração assinada pelo Dr Evilasio: “Diante das dificuldades começo fazendo o necessário. Depois o possível, e você verá acontecer o que parecia impossível”.

Um socialista assume a câmara municipal

O vereador Dr. Mauricio André, reeleito com 3340 votos pelo PSB, foi apontado pela vereança para ser o novo Presidente da Câmara Municipal. Foram também indicados para a mesa diretora, o vereadores: Natal, vice presidente. Moreira, 1º secretário. E Valdevan Noventa, 2º secretário.

O Dr. Mauricio André, atuando no meio campo do time, deixou claro em seu discurso que quer descongestionar o passado. E conclamou todos os colegas da Casa do Povo, a trabalharem juntos. Deixando diferenças ideológicas e partidárias para formar uma sólida aliança em favor de Taboão da Serra. Pediu um choque de indignação, um choque de experiência e motivação, transformados no sonho de acreditar que a cidade taboanense pode dar certo.

Em um trecho, O Dr. Mauricio André ressaltou: “Sou médico e socialista, amargurado pelo desplante administrativo, pelos impostos altos, pela falta de política pública e de oportunidades de gerar emprego àqueles mais distantes que moram em nossa cidade. Precisamos resgatar Taboão e esta Casa, a Câmara Municipal tem essa responsabilidade através de um plano de desenvolvimento que una as oposições e a situação”.