O grande mini-cine Tupy
Por Sérgio Vaz
Esses dias assisti a um filme brasileiro chamado “Tapete vermelho” do diretor Luiz Alberto Pereira que conta a saga de um pai que promete ao filho leva-lo ao cinema para ver um filme do Mazzaropi.
Ao sair da roça, em sua busca, percorre várias cidades do interior e descobre que as salas de cinemas já não são tão populares como nos tempos do seu pai (a maioria delas virou templos evangélicos). Um filme para quem ama a sétima arte, e para quem curte o impagável Matheus Nacthergaele, um dos melhores atores do país.
Estou falando disso porque sou amante do cinema e porque também me lembrei de uma outra paixão: as pessoas simples que atuam na realidade. Cinema + pessoas simples = Zagatti. Luz!
Para quem não conhece, no horário comercial Zagatti é catador de papel, e, por conta disso, seus dias são quase invisíveis nas grandes salas coloridas onde são decididos nossos papéis de coadjuvantes, nesse curta-metragem que é a vida. Nada disso! Isso é para quem interpreta o filme errado. O Mazzaropi de Taboão achou um projetor no lixo, criou o mini-cine Tupy para que as crianças da periferia também possam sonhar aos domingos com o mundo dentro de um saquinho de pipoca. Já é até filme. Câmera!
Zagatti é um ser humano como poucos, por isso sofre como muitos. Arte é sofrimento e ser uma pessoa boa atrai muitas pessoas ruins. Sabe como é… nessa vida tem muito vilão no papel de mocinho, e é muito difícil chegar ao fim da película sem que alguém sangre no final.
Sendo o que é, Zagatti é um dos melhores personagens da vida real dessa cidade e de outras cidades do mundo. As crianças que lotam seu cinema sabem do que eu estou falando. Aliás, um sorriso no rosto é o valor da entrada.
O seu mini-cine Tupy é o nosso cinema Paradiso, que é outro filme belíssimo sobre amor ao cinema. Esse longa, de Giuseppe Tornatore, conta a história de Toto, um menino que amava ir ao cinema, e se torna amigo do velho Alfredo, projecionista do local no único cinema na cidade.
Aí segue uma verdadeira história de amizade e amor ao cinema. O filme é lindo, assista. A história maravilhosa do Zagatti passa diante dos nossos olhos, sem cortes e sem efeitos especiais, conheça. Ação!
Sérgio Vaz, é poeta. O poeta da periferia.