Operação Prato Feito: “nós estamos na legalidade”, diz Ney Santos
Durante a entrevista o prefeito chegou a se emocionar e falou que sentiu “vergonha de encarar os filhos”
Por Matheus Herbert, da Gazeta de S. Paulo
O prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), convocou uma entrevista coletiva na manhã de sexta-feira para, segundo ele, esclarecer as denúncias onde é citado como alvo da operação Prato Feito, deflagrada pela Polícia Federal, na última quarta-feira. Os agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão na sede da prefeitura e também na casa de Santos.
A operação que apura fraude e desvio de dinheiro público em licitações da área de Educação em ao menos 30 cidades paulistas aponta o envolvimentos de prefeitos e ex-prefeitos, mas segundo Ney Santos, a prefeitura está dentro da legalidade.
“Nós estamos na legalidade. Essa empresa que cuida do uniforme em várias cidades do Estado é investigada desde o ano de 2015, e eu assumi a prefeitura em 2017. Lembrando que a licitação com essa empresa [Reverson] foi feita em 2016, período que eu ainda não era prefeito. Nosso trabalho aqui na cidade é sério, queremos mudar a história desse município”, disse.
O prefeito chegou a se emocionar durante a entrevista e afirmou que as acusações contra ele o fizeram sentir “vergonha de encarar os filhos”. “Nunca tive problemas em enfrentar acusações que fazem contra mim, mas essa semana eu tive vergonha de encarar meus filhos. Desviar verba de contratos para a merenda, enquanto existem crianças que vão para a escola só para se alimentar, não é coisa que se faça”, disse. Ney Santos já foi acusado pelo Ministério Público do Estado no âmbito da Operação Xibalba por suposta lavagem de dinheiro do tráfico de drogas do PCC.
Ainda segundo Ney Santos, a prefeitura está colaborando com as investigações. “Aqui em Embu pediram [Polícia Federal] a licitação e contrato do uniforme que terminamos de entregar na última semana para todos da rede pública. Foram mais de 31 mil kits. Colaboramos e entregamos para a Justiça tudo que foi pedido”.
Segundo a PF, ao menos 85 pessoas estão envolvidas nos esquemas que desviava verba federal destinada à Educação, entre elas 13 prefeitos, 4 ex-prefeitos, 1 vereador, 27 agentes públicos não eleitos e outras 40 pessoas da iniciativa privada. Foram cumpridos 154 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Paraná, Bahia e Distrito Federal, além de afastamentos preventivos de agentes públicos e decisões de suspensão de contratação com o poder público referentes a 29 empresas e seus sócios.
Ainda sobre a operação, Santos disse que as investigações são importantes, mas criticou seu nome ser citado e alega ser perseguido pela imprensa. “Desde 2010 sou noticiado em casos policiais, porém nada nunca foi provado, eu nunca fui condenado em processo nenhum. Eu preciso me defender, embora a pressão esteja forte, devemos uma explicação para o nosso povo. Toda matéria negativa, mesmo envolvendo outros políticos, eu sempre sou colocado como o garoto propaganda. Será que um garoto pobre que veio da favela não pode ser prefeito de uma cidade?”, finalizou.
*Matéria com colaboração de Nely Rossany