Paixão de Cristo de Taboão da Serra completa 50 anos com apresentação memorável
Mário Pazzini, interpretando Cristo
A maior festa popular de Taboão da Serra, a Encenação da Paixão de Cristo, completou nesta sexta-feira Santa, dia 14, sua 50ª apresentação. E o que se viu, durante as quase cinco horas de espetáculo, foi emocionante, memorável, histórico e repleto de momentos únicos, como a participação de Manuel da Nova, o homem que deu início a tudo isso em 1956. Segundo a estimativa dos organizadores, cerca de 20 mil pessoas acompanharam a encenação.
Depois do que se viu neste espetáculo, não é exagero afirmar que hoje a Paixão de Cristo de Taboão da Serra é a maior e melhor encenação realizada em todo o Estado de São Paulo. Não se tem notícia de outra cidade que realize um evento desse porte e com a presença tão marcante do público, que lotou o estacionamento do Parque das Hortênsias e depois a rua José Soares de Azevedo, no centro.
O evento começou por volta das 18h20, quando a procissão, que percorreu diversos bairros, chegou ao Parque das Hortênsias. O Monsenhor Aguinaldo, da Paróquia Santa Terezinha, realizou um missa que durou cerca de 30 minutos e contou com a presença do prefeito Evilásio Farias e de sua vice, Professora Márcia.
Os atores e figurantes, 230 ao todo, entraram no palco às 19h20. Diferentemente do ano passado, não choveu e o clima estava com uma temperatura amena, o que ajudou para trazer um público maior em relação as apresentações anteriores. Nesta primeira parte, que acontece em um palco de 30 metros de diâmetro, são mostrados os últimos dias de Jesus.
Neste ano, talvez pelo aniversário de 50 anos, as emoções estavam a flor da pele. Logo após receber a coroa de espinhos, o ator Mário Pazzini, que interpreta Cristo, desceu do palco e recebeu um demorado abraço de Manuel da Nova. Os dois choraram emocionados. O Pai de Pazzini foi o primeiro ator a interpretar Jesus na encenação de Taboão da Serra.
O calvário de Cristo é retratado em uma longa caminhada até o Morro do Cristo,onde milhares de pessoas aguardam o encerramento da encenação, onde Jesus é crucificado e logo após ressuscita, em uma das mais belas e esperadas cenas de todo o espetáculo. Durante o trajeto, um carro de som acompanha o público e atores que encenam o sofrimento vivido por Jesus, sendo açoitado o tempo todo.
O espetáculo terminou 23h30 sob aplausos efusivos dos moradores que acompanharam a encenação. Uma chuva de papel laminado e uma grande queima de fogos encerram o evento, que promete ficar gravado na memória e na retina de todos aqueles que tiveram o prazer de presenciar a maior festa taboanense.
Nem tudo foi perfeito
O figurino deste ano estava impecável, os atores, os efeitos… Mas problemas sempre existem. Assim como no ano anterior, o sistema de som implantado pela empresa Lumi Show ficou muito a desejar. Os microfones ficaram sem funcionar em boa parte do espetáculo, dificultando o entendimento da encenação para o público.
Os atores se esforçavam, eram obrigados muitas vezes a gritar, mas mesmo assim o descontentamento foi grande, tanto por parte do público, como dos diretores, que não esconderam a insatisfação com as falhas que foram freqüentes. A qualidade do som que saia das caixas também foi alvo de críticas, principalmente dos moradores. “Parece uma caixa cheia de abelhas, não entendi nada”, reclamou Antônio Marcos de Assis, 42 anos, morador do Jd. Bom Tempo.
Segundo informações não oficiais, a prefeitura teria fechado com a empresa pelo segundo ano consecutivo, apesar das reclamações do ano passado. O valor gasto com luz, iluminação e telões, tudo realizado pela Lumi Show, seria de 26 mil reais. Três empresas foram consultadas.
Inauguração
A prefeitura aproveitou a encenação da Paixão de Cristo para inaugurar, oficialmente, a nova estátua de Cristo, além de uma nova iluminação. A imagem colocada em 1960 pela administração da época, um ano após a emancipação de Taboão da Serra, estava muito deteriorada, além de uma das mãos terem sido arrancadas por vândalos no final do ano passado.
A nova escultura de Cristo é bem maior do que a antiga que media 1,60 metros. A nova tem quatro metros de altura e ficará sobre uma base de dois metros. “Será um dos maiores Cristos do Estado de São Paulo”, garantiu Bete Geraldine, diretora da Divisão de Cultura, responsável pela troca.
O material do novo Cristo será mais moderno e de maior durabilidade. Todo feito em fibra, ele foi fabricado para durar aproximadamente 200 anos. A escultura custou 11 mil reais ao município.
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