Peças roubadas do museu de arte sacra do Embu podem ter ido para o exterior
O Museu de Arte Sacra do Embu assaltado em outubro
A Polícia Federal e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) acreditam que as peças roubadas do Museu de Arte Sacra do Embu, no último dia quatro de outubro, possam estar sendo negociadas com colecionadores estrangeiros. Os objetos foram inseridos no banco de dados da Interpol tanto para circulação na sua rede segura, como para permitir o acesso ao público pela Internet.
Segundo Til Costa Pestana, subgerente de Bens Móveis e Integrados do Iphan, diversas obras roubadas no Brasil podem ter o exterior como destino. “Guardamos a desconfiança de que certas peças do nosso patrimônio estejam no exterior, pois despertam o interesse do comércio ilícito internacional”, afirma. De acordo com Pestana, os bens culturais são visados por uma série de motivos, até para o crime de lavagem de dinheiro.
Na ocasião, três bandidos entraram armados no museu, renderam os seguranças, e levaram peças importantes do acervo do museu, inclusive algumas tombadas pelo patrimônio histórico nacional, entre elas seis coroas de santo em prata e ouro, um sino e um porta hóstia. Todas as obras foram produzidas entre os séculos XVII e XX.
O objeto mais valioso levado pelos criminosos foi uma coroa de prata produzida entre 1690 e 1700, a peça mede 11 centímetros e segundo o padre jesuíta Carlos Alberto Contieri, diretor do museu, o valor da obra é incalculável. “Todo valor monetário fica muito aquém daquele que a obra historicamente vale, é impossível calcular o prejuízo”, disse.
As coroas eram usadas para adornar os santos e são tombadas pelo patrimônio nacional como artigo de relevância histórica. O museu de Arte Sacra do Embu tem um dos acervos históricos religiosos mais importantes do Brasil.
Além da coroa de prata do século XVII, os bandidos levaram outras cinco coroas, uma delas de ouro maciço, outras duas banhadas a ouro e duas de prata, todas as peças do início do século XX. Os criminosos levaram ainda um cibório (porta-hóstia), um porta-oléo e um sino com três badalos. O material estava dentro de um armário do museu.
De acordo com informações da Interpol, tanto países desenvolvidos como em desenvolvimento são afetados igualmente pelo roubo de bens culturais. Por isso a polícia internacional está se empenhando em uma série de ações e desenvolvendo parcerias para combater o comércio ilícito de objetos culturais. O banco de dados de obras procuradas pela Interpol está disponível na web.
A Interpol, Organização Internacional de Polícia Criminal, é uma organização internacional que ajuda na cooperação de polícias de diferentes países. Surgiu em Viena, na Áustria, no ano de 1923. Hoje sua sede é em Lyon, na França. A Interpol é uma central de informações para que as polícias de todo o mundo possam trabalhar integradas no combate ao crime internacional, o tráfico de drogas e os contrabandos.
Ousadia
Os bandidos foram ousados no assalto. Por volta das 9h50 da quarta-feira, três jovens armados, aparentando terem entre 17 e 19 anos, já entraram com os revolveres em punho. Em segundos, eles renderam os dois vigias que faziam a segurança do local e ainda um funcionário. O grupo foi para a área do museu em que as obras ficavam.
O que mais chamou a atenção é que os criminosos foram direto nas peças mais importantes e que sabiam exatamente onde elas estavam guardadas. De acordo com o padre Contieri, um dos vigias reconheceu dois dos três bandidos. Eles haviam visitado o museu na sexta-feira passada.
Na sexta-feira, quando o crime foi comunicado a imprensa, a polícia disse que dois homens, que têm passagem na polícia de Embu, foram reconhecidos como suspeitos por um funcionário do museu. A Polícia Civil irá intimar os suspeitos para deporem, além de produzir um retrato falado com as características dos envolvidos.
Em setembro do ano passado, a TV Taboanense fez uma reportagem especial sobre o museu, contando sobre a sua história e as obras de arte do local. As peças roubadas estavam guardas e não puderam ser filmadas na época. Para assistir a reportagem, clique aqui.
O Museu de Arte Sacra dos Jesuítas fica em um prédio que foi construído em 1690, no local funcionava um seminário para padres. Hoje em dia o local abriga o maior acervo de imagens rocas, a maioria delas foram esculpidas por índios entre os séculos 17 e 18.