Polícia Civil de Taboão da Serra desmantela rede de pedofilia; 33 pessoas foram presas
Por Rose Santana
A Polícia Civil de Taboão da Serra desmantelou uma rede de pedofilia na manhã desta terça-feira, dia 20. A operação aconteceu em 21 cidades e cumpriu 49 mandados de busca e apreensão. De acordo com a polícia a operação teve, até o meio-dia, 33 pessoas presas em flagrante. Participaram da ação 200 policias e 14 delegados da Seccional de Taboão.
As investigações começaram há seis meses, após a Seccional de Taboão receber uma denúncia anônima que informou que uma pessoa armazenava e distribuía pornografia infantil. A partir daí os policias do SIGA passaram a rastrear os suspeitos através de buscas em sites com conteúdos pornográficos que envolvessem crianças e ou adolescentes. Em um dos endereços foi encontrado, em um computador, cerca de 200 vídeos com pornografia infantil. Em outro, 7 mil arquivos. Mesmo que o arquivo seja apagado, a polícia tem como recuperar o vídeo.
“Através de uma denúncia anônima de uma pessoa que armazenava e distribuía imagens pornográficas de crianças aqui na nossa região, começamos a fazer as investigações. E para nossa surpresa identificamos uma rede de pedofilia muito bem arquitetada, que tinha tentáculos em toda Grande São Paulo. A partir desse momento vimos que era necessário o apoio de todo o departamento da Grande SP, e hoje tivemos esse êxito com os 49 locais identificados. Inclusive nós ousamos não pedir a prisão, porque ainda não tínhamos os alvos definidos apenas os locais. Felizmente, dos 49 locais, já nesse momento estamos aferindo, já temos 33 prisões em flagrante”, explicou o Márcio Fruet, delegado da SIG/DISE.
Entre as cidades onde a operação foi deflagrada estão Taboão da Serra, Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu, Cotia, Vargem Grande Paulista, Itapevi, Jandira, Barueri, Osasco, Diadema, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires, São Bernardo do Campo, Diadema, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos, Mogi das Cruzes, na capital e Praia Grande.
Em Taboão da Serra cinco pessoas foram presas, entre eles, pai e filho, moradores do Pq. Pinheiros. No ato da prisão eles disseram que um não sabia do outro, mas foi encontrado conteúdo de pornografia infantil no computador dos dois. Os outros presos são do Jd. Record, Jd. São Salvador e Jd, Três Marias. Em outra cidade, dois irmãos foram presos na mesma casa.
Nesse primeiro momento a denúncia feita pela Polícia Civil foi para quem armazenava e distribuía conteúdo de pornografia infantil, como explica a delegada do SIG/DISE, Gilmara Natália. “Nossa denúncia foi quem armazenava e distribuía. Se conseguíssemos prender alguém que produzia, ótimo. Quantas pessoas a gente não está salvando? O foco é prender os autores e salvar as vítimas”, delegada do SIG/DISE, Gilmara Natália.
A polícia vai investigar se eles além de armazenar e distribuir também produziam os vídeos, entre os envolvidos estão desde um Guarda Civil, funcionários de escola infantil e buffet , jovens, adultos, idosos, todos eles homens. Não existe um perfil definido, mas entre os presos nessa operação, estão homens casados, solteiros com e sem filhos. Homens na faixa etária entre 20 e 60 anos. A princípio nenhum tinha passagem por crime de pedofilia.
“É importante frisar, que ainda não temos ciência se há alguma vítima ou não naquelas imagens, porque a gente só verificou imagem de pedofilia no computador, temos que olhar com essa cautela. Muitas vezes essas vítimas estão dentro dessas casas sendo abusadas, e as pessoas estão trocando essas fotos”, comenta a delegada Gilmara.
Foram apreendidos computadores, mídias e celulares. No ato da prisão alguns tentaram correr, foram violentos, outros choraram. Segundo os delegados, muitos achavam que nunca seriam presos, pois faziam isso há pelo menos 10 anos. Nos vídeos há imagens crianças de bebês de dois meses, dois anos, crianças tendo relação sexual com outra criança.
“É sempre chocante ver uma criança de dois meses, dois anos em uma cena de pornografia infantil ou duas crianças fazendo sexo uma coma outra. E o pior é imaginar um adulto por trás daquele computador tendo prazer nessa violência […] Esse é um crime horrível, estamos tratando de um crime que é estupro de vulnerável, a pessoa que sofreu um abuso nunca mais vai ser a mesma”, falou a delegada Gilmara.
Os criminosos serão indiciados no Artigo 241B do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). O crime é afiançável, e se condenado, a pena é de até 4 anos de prisão.