Polícia investiga morte de bebê de 5 meses em creche particular em Itapecerica da Serra
A creche funcionava de forma irregular. Segundo a prefeitura, o local era "insalubre" e não tinha as mínimas condições de segurança para a permanência das crianças no loca
Ana Beatriz Pires dos Santos, 5 anos
A morte de uma bebê de cinco meses em uma creche particular em Itapecerica da Serra está sendo investigada pela Polícia Civil. A declaração de óbito apontou que a criança teve um edema pulmonar. De acordo com a prefeitura, a escolinha funcionava de forma irregular.
O laudo constatou que a causa da morte de Ana Beatriz foi um edema pulmonar, porém a família alega que ela não tinha problema de saúde.
Ao G1, o pai da pequena Ana Beatriz Pires dos Santos, contou que deixou bebê no local por volta das 6h20. Três horas depois, ele recebeu uma ligação dizendo que a filha tinha morrido, sem dar explicações. “Não temos mais nem chão para continuar vivendo. A razão que eu tinha para viver se partiu de uma maneira tão trágica”, disse o pai, Claudimar José dos Santos.
Segundo o pai de Ana Beatriz, a dona da escola ligou para ele e pediu desculpas. “[Ela] começou a chorar e pedir desculpa, como se isso fosse trazer minha filha de volta. Eu só quero justiça”.
A família registrou boletim de ocorrência no 1º DP de Itapecerica da Serra. O caso está sendo investigado como “morte suspeita”. Exames periciais serão realizados para identificar as causas da morte.
A Escolinha Crisântemos (Entidade Recreativa Ferreira Luz), localizada no Jd. Sônia Maria, em Itapecerica da Serra, funcionava de forma irregular. E desde 2019 existem denúncias de outros pais por maus-tratos e lesão corporal nos bebês atendidos.
Em nota ao Portal O Taboanense, a prefeitura de Itapecerica da Serra informou que o local estava em situação irregular e que “a Secretaria de Educação utilizou-se de todos os meios cabíveis e legais para interromper as atividades na Instituição denominada Escolinha Crisântemo, atualmente Entidade Recreativa Ferreira Luz”.
Segundo a prefeitura, dia 17 de março de 2021, representantes da Secretaria de Educação e do Conselho Tutelar, juntamente com a Guarda Civil Municipal, autuando a proprietária da instituição “por atividade irregular de ensino”. A notificação “determinava a interrupção de suas atividades até sua regularização, inclusive em razão do Município encontrar-se na Fase Vermelha do Plano São Paulo, infringindo o Decreto municipal” e que, neste mesmo dia, “o Conselho Tutelar realizou a devolução das crianças para os pais”.
Ainda segundo a administração, na ocasião os pais também teriam sido informados “quanto ao funcionamento irregular da instituição” e que o local não oferecia “as mínimas condições de segurança para a permanência [das crianças] no local”, orientando-os a comparecerem ao Conselho Tutelar o mais breve possível.
Em 20 de maio de 2021, a Vigilância Sanitária realizou vistoria na creche e constatou “local insalubre”. A prefeitura ressalta que “junto à Secretaria de Educação do Município e aos outros órgãos competentes; importante salientar que, por força da ausência dessa regularização, a instituição não pode ser considerada de Educação Infantil nos termos da Resolução 01/2020 – Conselho Municipal de Educação – CME”.
Um dia antes da morte da menina Ana Beatriz, dia 23 de junho, de acordo com a prefeitura “mais uma vez, a Supervisão de Ensino da Secretaria de Educação notificou a proprietária acerca da ilegalidade de atendimento às crianças no espaço até que tenha homologação deferida” o protocolo de recebimento teria sido assinado pela proprietária da escolinha.
Por telefone, a reportagem tentou contato com a Escolinha Crisântemos, mas as ligações não foram atendidas.