Rebelados cortam a cabeça e queimam corpo de detento no CDP de Itapecerica da Serra
A rebelião teve início às 12h30 no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Itapecerica da Serra, durante o horário de visita. Presos fizeram nove funcionários de reféns, e executaram Edvaldo Cândido Moizés, 25 anos, que estava no “seguro” (local onde ficam os presos jurados de morte). A PM recolheu duas armas e sete celulares dentro do presídio. A Corregedoria da Administração Penitenciária vai apurar como as armas entraram nas celas, já que o CDP tem detector de metais. Esta foi a primeira rebelião no local, inaugurado há menos de um ano.
O motim começou nos pavilhões 2 e 3, e se alastrou pelos outros seis, onde nove funcionários foram trancados em uma cela. Parentes de presos ouvidos pela reportagem dizem que Edvaldo foi assassinado porque seria membro do CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade) rival do PCC (Primeiro Comando da Capital) que domina o “cadeião”.
Outra versão que circulou durante a revolta é a que Edvaldo teria sido expulso do PCC, e depois assassinou um integrante do grupo. Segundo funcionários do CDP, Edvaldo havia chegado à prisão de Itapecerica na sexta-feira (8) transferido do CDP do Belém, na zona leste da Capital. Ele foi preso por homicídio. Uma outra pessoa disse que ele teria sido transferido do CDP de Pinheiros, em 29 de abril. Até o fechamento desta matéria, não havia confirmação oficial sobre a origem e a data da transferência do detento.
Execução macabra Segundo a irmã de um detento (que pediu anonimato) no início do motim os presos gritavam: “Pega a chave do seguro! Pega a chave!”. Os amotinados foram até este local, arrastaram Edvaldo, e cortaram sua cabeça. Levaram o corpo até o pátio, fincaram duas estacas em seu peito, e espetaram sua cabeça nos paus. Em seguida, atearam fogo ao cadáver. Os presos também incendiaram colchões.
Após a execução, a rebelião acabou. Um outro preso, identificado apenas como Robson Roberto, o Robinho, foi ferido levemente durante o tumulto.
O tenente-coronel Paulo Roberto Salles, do 25º Batalhão da PM, informou que os rebelados entregaram duas pistolas 9mm e sete celulares, diante da promessa que a Tropa de Choque, aquartelada defronte ao “cadeião”, não ocuparia o CDP. Segundo o policial militar, estas armas não teriam sido disparadas.
Os nove funcionários reféns foram liberados sem ferimentos. Os cerca de 300 parentes de presos que ficaram retidos no presídio durante a revolta, começaram a ser liberados após as 17h.
Quem manda A Secretaria da Administração Penitenciária não admitiu que o “cadeião” de Itapecerica seja dominado pelo PCC ou por qualquer outro grupo do crime organizado. A alegação da Secretaria é que o local só abriga presos temporários, e os detidos não teriam tempo para organizar-se em facções.
Já fontes de informação da Polícia Militar apontam evidências de que uma execução desta natureza, só pode ter sido fruto de uma guerra entre facções criminosas.
› O texto segue as regras ortográficas da língua portuguesa vigentes na época da sua publicação