São Lourenço da Serra registra morte de dois macacos infectados com febre amarela
A prefeitura de São Lourenço da Serra confirmou nesta semana a morte de dois macacos infectados com a febre amarela. Segundo a diretora de saúde, Ângela, os casos foram confirmados após análise.
Em entrevista ao site Agora é Sério, a médica informou que a cidade Em São Lourenço da Serra precisa se precaver e vacinar toda a população, uma vez que grande parte do município é coberto por matas.
“Tivemos dois casos confirmados de macacos com febre amarela, no Despésio e Vargedo, todas as denúncias que temos estamos coletando e mandando para a análise, então não sabemos se vamos ter mais [casos] de positividade ou não”, afirmou a diretora Ângela ao repórter Guto do Agora é Sério.
Segundo ela, é necessário vacinar com urgência os moradores dos bairros onde os macacos foram encontrados mortos. “O vírus está circulando, intensificamos a campanha nesses bairros, pedimos que nossos agentes [de saúde] procurem as famílias do entorno para saber se vacinou, se não se vacinou. E vamos orientar para que venham mesmo [se vacinar] porque é um momento de risco para toda a população”.
De acordo com um comunicado da prefeitura de São Lourenço da Serra, até a semana passada já haviam sido vacinadas cerca de 8.500 pessoas. “e por isso a importância da intensificação da campanha para que toda a população apta esteja imunizada o quanto antes”.
A prefeitura afirma ainda que “o Departamento de Saúde municipal também vem trabalhando pesado para solicitar mais doses da vacina, visando o bem estar da população e minimizar a propagação da doença”.
Desde a última segunda-feira, dia 15, a prefeitura de São Lourenço da Serra ampliou o horário de funcionamento das UBSs até às 20h e vai trabalhar em esquema de mutirão neste fim de semana.
A diretora de saúde afirmou que muitos moradores de outros municípios estão indo até as unidades de São Lourenço da Serra para se vacinar porque lá as filas seriam menores. “O Estado vai fornecer vacina para todos, enquanto tiver vacina vamos continuar vacinando toda a população, mas estamos recebendo moradores de outras cidades como Osasco, Carapicuíba e Taboão da Serra”
Região
Em Itapecerica da Serra a prefeitura confirmou a morte de 33 macacos por causa da doença, entre eles uma família de seis Bugios. A situação do município é a que mais inspira cuidado em toda a região. No final do ano passado, um morador de Taboão da Serra que passou as festas de fim de ano na cidade foi infectado com vírus e morreu no último domingo, dia 14, vítima da doença.
O prefeito Jorge Costa decretou nesta sexta-feira, dia 19, Estado de Alerta em Saúde, medida tomada por causa dos casos de febre amarela na cidade. A medida visa priorizar a vacinação de moradores e pessoas que trabalham no município, evitando que pessoas de fora utilizem a rede pública em busca da vacina.
O artigo 1º do decreto diz: “Estado de Alerta em todo o território Municipal, para que na Cidade circulem apenas residentes, trabalhadores ou pessoas com real e efetiva necessidade de circulação”. Apesar dos termos, o que a prefeitura quis expor foi que a aplicação da vacina, nas Unidades de Saúde do município, vão exigir a comprovação de um dos três fatores citados.
O município é considerado um dos mais problemáticos nesse surto de febre amarela. Com uma estimativa de 170.927 habitantes em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de pessoas que já foram imunizadas corresponde a 52% da população. A meta é vacinar todos os moradores, excluindo apenas os que pertencem ao grupo de contraindicações
Vale lembrar que os macacos (bugios, micos, etc) não são responsáveis pela transmissão da febre amarela, e sim o mosquito. O inseto infecta tanto humanos quanto animais.
Sintomas
A febre amarela é uma doença viral que causa dores no corpo, mal-estar, náuseas, vômitos e, principalmente, febre. Os sintomas duram em média três dias. Em alguns pacientes, o vírus da febre amarela ataca o fígado. São as complicações hepáticas que levam as pessoas infectadas a ficar com uma cor amarelada, daí o nome febre amarela. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que em torno de 30% das pessoas que contraem a doença podem morrer, se não forem diagnosticadas precocemente. Por isso, a recomendação é a de que o paciente deve buscar imediatamente atendimento adequado nas unidades de saúde.
Transmissão
A febre amarela não é transmitida de pessoa para pessoa, nem de macaco para seres humanos. Os macacos são os principais hospedeiros do vírus, mas os únicos vetores de transmissão da doença são os mosquitos silvestres Haemagogus e o Sabethes. No meio silvestre, os mosquitos picam o macaco, que depois de infectado pelo vírus pode ser picado por outro vetor e este, por sua vez, transmite para o homem.
No caso da área urbana, a transmissão ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti. O Ministério da Saúde ressalta, no entanto, que a possibilidade de contágio no meio urbano é remota e informa que não há registro de infecção da doença pelo ciclo urbano desde 1942. Com a construção de conjuntos residenciais e condomínios em áreas ecológicas, ambiente onde vivem os mosquitos que transmitem a doença, o risco de transmissão aumenta.
Vacina fracionada
O Ministério da Saúde esclarece que os casos recentes da doença estão localizados em áreas específicas com alta densidade populacional. Para evitar que a transmissão se alastre para outras regiões, a pasta decidiu abrir campanha de vacinação com doses fracionadas. Segundo o Programa Nacional de Imunizações, a dose fracionada é de 0,1 ml, enquanto que a dose-padrão é de 0,5 ml.
O fracionamento ocorre para ampliar a capacidade de imunização da população. O objetivo do Ministério é vacinar 21 milhões de pessoas até o fim de fevereiro, sendo 16,5 milhões com a dose fracionada e outras 5,2 milhões com a dose-padrão.
A dose fracionada será disponibilizada em 54 municípios de São Paulo, 15 do Rio de Janeiro e oito cidades da Bahia. Nos outros estados e municípios, se estiverem na lista de locais recomendados para imunização contra a febre amarela, a população será vacinada com a dose-padrão, disponível no programa de vacinação regular dos postos de saúde.
Estudos comprovam que a dose fracionada não causa reações adversas e tem a mesma eficácia da dose completa. A dose fracionada já foi utilizada pela OMS, na República do Congo, que enfrentou um surto urbano de febre amarela em 2016. O fracionamento permitiu que a organização vacinasse quase 8 milhões de pessoas em apenas 15 dias e interrompeu o surto na área urbana do país.
Com informações da Agência Brasil e do jornal Agora é Sério
Foto: Reprodução do jornal Agora é Sério