São Paulo registrou 36 casos de sarampo desde janeiro
Por Flávia Albuquerque, da Agência Brasil
O estado de São Paulo registrou, de janeiro até agora, 36 casos de sarampo. Este é o maior número de casos da doença desde 1999 quando, em todo o ano, foram contabilizadas 94 pessoas com sarampo.
O primeiro surto de 2019 ocorreu em Santos, com 21 casos, provenientes de um navio que atracou no porto da cidade. Pelo menos 17 tripulantes e dois passageiros tiveram a doença confirmada. Os outros dois casos atingiram profissionais da saúde do município. Na capital paulista, 14 pessoas foram confirmadas com a doença e em Osasco, uma.
Devido ao número de casos confirmados, o estado está entre aqueles que participarão, entre os dias 10 de junho e 12 de julho, da campanha extraordinária de vacinação contra o sarampo do Ministério da Saúde. O objetivo é vacinar a população na faixa etária de 15 a 29 anos.
A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, Regiane de Paula, explicou que a vacina contra o sarampo deve ser aplicada em duas doses: a primeira quando a criança tem um ano de idade, prevenindo contra sarampo, rubéola e caxumba. A segunda, chamada de reforço, é dada aos 15 meses, com a tretaviral, que além das três doenças anteriores, inclui a varicela. “Muitas vezes essa segunda dose não é dada. Quando fazemos um monitoramento rápido, percebemos que a população de 15 a 29 é a mais acometida pelo sarampo. Por isso, é importante reforçar a vacinação nessa faixa etária”.
Segundo a diretora, ao detectar um caso suspeito de sarampo é feito o bloqueio dos contatos do indivíduo, com vacinação não só nas pessoas conhecidas da vítima, como nos oito quarteirões ao redor do infectado. “No município de Santos, para se ter uma ideia, nós vacinamos durante 45 dias, mais de 35 mil pessoas e verificamos mais de 55 mil carteiras de vacinação, somente em passageiros desembarcando e embarcando de navios. Em Santos desencadeamos uma vacinação para 90 mil pessoas”.
O sarampo era uma doença eliminada no país, mas em 19 de fevereiro de 2019 o Ministério da Saúde comunicou à Organização Mundial da Saúde que o Brasil voltou a ter casos da doença. Para continuar com o certificado, é preciso não ter registrado casos em 12 meses. “Com o surto que aconteceu com as pessoas que vieram da Venezuela, do Pará e de Manaus o território ficou 12 meses sem a interrupção da doença”.
De acordo com Regiane, São Paulo é o estado que tem maior fluxo de pessoas transitando em seu território, por ter o maior porto da América Latina e o maior aeroporto internacional. “O que aconteceu no porto, com os 21 casos, mostra a fragilidade. Esses tripulantes que vieram contratados por essa empresa não tinham carteira vacinal. Uma vez que esse navio vem da Europa, que tem muitos casos e até óbitos por sarampo, porque a vacinação não é obrigatória na Europa, pode trazer e levar doenças”.
A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica ressaltou que o sarampo é uma das doenças mais transmissíveis, com um indivíduo podendo contaminar mais de 200 pessoas. “A vacina é a forma mais eficiente de controlar um surto de sarampo em uma população não vacinada ou que não tem o esquema vacinal completo nesse momento. E aí falamos também dos profissionais da saúde que precisam se vacinar.”
Regiane reforçou que atualmente o sarampo é uma das maiores preocupações das autoridades e que a vacina é altamente segura, feita com vírus vivo atenuado.