Serviços online vieram para ficar e estão crescendo ainda mais
O fato de diversos serviços estarem disponíveis online não é novidade para ninguém, mas 2020 definitivamente vem fazendo com que consumidores prestem mais atenção na modalidade e, ao que tudo indica, essa preferência não será temporária. Em 2019, o setor já tinha dado um pequeno sinal positivo e foi na contramão de muitas indústrias afetadas pelo PIB do país naquele ano. Ao lado de ramos como comércio, atividades imobiliárias e construção civil, o e-commerce foi um dos poucos a registrar crescimento. Ainda assim, foi um aumento simbólico e, por isso, a atenção a ele dedicada vinha sendo modesta.
Porém, à frente de um cenário global novo, muitos negócios tiveram que se reajustar, se reestruturar ou se reiventar por completo, enquanto outros que já objetivavam fazer parte do mundo digital tiveram que adiantar esse processo. Isso acelerou drasticamente o crescimento de serviços online, que tiveram que entregar ao consumidor uma mensagem eficiente – e assim o fizeram. De acordo com pesquisa realizada pela TIC Domicílios, 70% dos brasileiros usam a internet. Destes, 48% adquiriram ou fizeram uso de e-commerce nos últimos meses, seja pedindo delivery de comida, assistindo a filmes ou ouvindo músicas por meio de serviços de streaming, utilizando aplicativos, etc. Em números, são 134 milhões de usuários na internet, estando 1 a cada 4 brasileiros conectado à rede.
O crescimento surgiu abruptamente por volta de abril, e segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), os números são interessantes. Ramos como o alimentício e o farmacêutico chegaram a crescer 448% e 74,70%, respectivamente. No entanto, por serem serviços básicos não surpreenderam tanto quanto outros menos óbvios. O crescimento de setores ligados ao entretenimento, por outro lado, foi uma novidade, pois mostrou em números o quanto os consumidores dão valor ao bem-estar. O de brinquedos, por exemplo, cresceu mais de 600%, com jogos de tabuleiro, quebra-cabeças e jogos de raciocínio lógico que envolvem participação coletiva ganhando espaço.
O setor de jogos online também foi atingido positivamente e registrou um aumento de 77%. A indústria, que inclui diversas vertentes, destaca-se por sua pluralidade e pelas constantes inovações, com exemplos que vão de videogames criados por marcas que entraram no ramo, como a famosa Lego, até comunidade globais fortalecidas, como a líder Steam – para jogos de multiplayers. Plataformas que oferecem jogos de cassino online também despontaram ainda mais, e sites de referência, como o Casinos.pt, que comenta a respeito dos portais mais seguros e dos jogos mais populares, viram sua lista de recomendações de sites confiáveis crescer. Os jogos de eSports com campeonatos organizados por produtoras gigantes do ramo, como a StarLadder e a ESL, ganharam mais visibilidade, algo que também aconteceu com as plataformas de streaming, que tiveram a sua parte garantida, o que ficou comprovado pelo fato de o Brasil ter se tornado o segundo mercado em número de assinantes da Netflix.
Outro setor que registrou crescimento surpreendente foi o de educação. Com um total de 95%, o destaque ficou por conta de cursos de marketing no Instagram (103%), edição de vídeo (102%) e desenho (84%). A Udemy, referência em ensino online em marketing, divulgou em relatório recente que as pessoas vêm buscando no ensino online uma forma de melhorar suas habilidades e manter-se produtivas. Mesmo novas e incomuns categorias têm sido muito procuradas e ajudam a traçar um perfil desses novos consumidores que desejam implementar suas habilidades pessoais. Como exemplo, podem ser mencionados cursos de gestão de estresse, autodisciplina, gerenciamento de tempo e tomada de decisões.
Mas o que nos faz pensar que o crescimento do e-commerce não é apenas uma fase? Para muito além do sucesso proveniente de bom marketing e vendas (e criatividade de comerciantes), existe uma dependência exclusiva de fatores externos. Comportamentos humanos, entretanto, quando repetidos, podem se tornar hábitos e criar novos padrões. Estes geralmente levam tempo, mas excepcionalmente há casos em que podem ser acelerados, como observado em 2020. Não apenas as pessoas passaram a fazer uso do e-commerce com mais intensidade, como muitas sentiram-se mais propensas a dar a primeira chance à modalidade. Adesões menos convencionais começaram a surgir, o que serve como medidor para avaliarmos a confiança do consumidor, que, se for positiva, dará continuidade a esse ciclo, que é o que vem acontecendo. Dessa forma, mesmo entre não-competidores o ganho é para todos os serviços e produtos online, já que um abre portas para vários, e consumidores podem se envolver mais com o que está à sua disposição. O e-commerce não é mais uma segunda opção ou um plano B. Ele não apenas veio para ficar como prova que nada será o mesmo após a sua plena aceitação.