SP anuncia “fase emergencial” ainda mais dura, fecha escolas, igrejas e restringe comércio
Por Bruno Hoffmann, da Gazeta de S. Paulo
O governo de São Paulo anunciou na tarde desta quinta-feira um aumento de restrições sem precedente no estado de São Paulo, para conter o avanço do coronavírus no Estado, batizado como fase emergencial. Segundo o governador João Doria (PSDB) e membros do comitê de contingência ao novo coronavírus, entre 15 e 30 de março passam a ser proibidos cultos religiosos coletivos, atividades esportivas coletivas (como o Campeonato Paulista) e outros setores da economia, como lojas de material de construção.
Além disso, o toque de recolher em todo o Estado foi ampliado das 20h às 5h, e também haverá escalonamento na entrada de trabalhadores nas empresas para minimizar aglomerações no transporte público. As escolas só atenderão para fornecer alimentos aos alunos. Não será permitido o acesso a parques e praias paulistas.
“Não é fácil tomar essa decisão, é uma decisão impopular, difícil, dura. Nenhum governante gosta de parar atividades econômicas de seu estado, eu, principalmente. Entendo o sofrimento de todos. É difícil não poder sair para trabalhar, não poder sair para batalhar pelo sustento da sua família”, disse o governador.
Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, 53 municípios paulistas estão com 100% dos leitos ocupados, e a pandemia está crescendo de forma assustadora. Na segunda-feira, por exemplo, segundo, eram 32 municípios com lotação total de leitos de UTI. “É a velocidade da pandemia no Estado que compromete a assistência à vida”, disse.
Ele também afirmou que a segunda onda da pandemia tem características diferentes à vivida antes. “Todos temos que ter a conscientização que o que está acontecendo hoje é uma pandemia diferente daquela que nós víamos no ano passado”.
Segundo ele, a diferença principal é que agora cerca de 50% das ocupações de UTIs são de pessoas com menos de 50 anos, e muitas por volta de 30 anos. “Mais jovens estão sendo comprometidos”.
No início da coletiva, o Governo de São Paulo mostrou um vídeo com vários casos de UTIs voltadas à Covid-19 lotadas em todo o Estado. Na sequência, Doria afirmou que os hospitais paulistas estão quase chegando ao limite máximo de ocupação. “Essa nova cepa do vírus é muito agressiva, é muito perigosa, e precisamos adotar medidas ainda mais restritivas no estado de São Paulo para conter a aceleração das mortes”, disse ele.
Segundo o tucano, é um erro dizer que basta abrir mais leitos de UTI para minimizar o problema. “Para aqueles que dizem que é só abrir novos leitos de UTI, eu esclareço: não é. Tínhamos 3,5 leitos de UTI, agora temos 9.200, mas não temos profissionais de saúde suficientes para atender tantos leitos”, e disse que o governo está fazendo tudo o que está ao alcance para minimizar os efeitos da pandemia.
As mudanças
De acordo com o anúncio do governo, a fase emergencial determina que as atividades que passarão a ter restrições completas entre 15 e 30 de março são lojas de materiais de construção, celebrações religiosas coletivas e atividades esportivas coletivas. Atendimento religioso individual permanece liberado.
As escolas também param, e haverá atendimento para alimentação para alunos em vulnerabilidade social. O teletrabalho vai passar a ser obrigatório para atividades administrativas não essenciais. Não será permitida a entrega de alimentos e produtos ao cliente em estabelecimentos comerciais.
Além disso, está proibido o uso de praias e parques do Estado. Haverá também recomendação de escalonamento do horário de entrada no trabalho, para evitar aglomerações no transporte público. A recomendação de novos horários de entrada dos trabalhadores nas empresas é:
5h-7h: trabalhadores da indústria
7h-9h: trabalhadores de serviços
9h-11h: trabalhadores do comércio
Por fim, o toque de recolher foi ampliado, e passa a valer das 20h às 5h em todo o estado de São Paulo a partir do dia 15 de março.
“Nesse período [desde o início da pandemia até hoje] acertamos em muitas coisas, e certamente erramos em outras. Mas tudo é muito novo e muito difícil. Mas, garanto: estamos fazendo o que está ao nosso alcance”, disse o governador;