Taboão da Serra aprendendo e ensinando uma nova lição
Por Antônio Rodrigues, secretário municipal de Fazenda
Faço parte do Governo Aprígio desde o seu primeiro dia e já estava com ele no mandato de Deputado Estadual, ao qual renunciou para assumir a cadeira de Prefeito. Digo isso para que o improvável leitor possa julgar se deve ou não prosseguir na leitura, ou ainda, ponderar o valor a ser atribuído às minhas palavras. De fato, a história se conta aos séculos. É difícil traçar uma narrativa responsável sobre fatos recentes ou atuais com alguma pretensão de imparcialidade. “Pautas quentes” são objeto de disputas narrativas entre os grupos jornalísticos ou sujeitos desejosos de assegurar versões que sejam favoráveis aos próprios interesses. Verdade é que só o distanciamento histórico, obtido com o serenar dos ânimos que sucede ao fim do protagonismo dos atores diretamente envolvidos nos fatos,permite uma interpretação menos comprometida destes.
Dito isso, proponho falar sobre fatos contemporâneos que impactam a política local e regional. Não quero e não devo (por causa da lei eleitoral) falar das eleições e dos candidatos e candidatas aos diversos cargos em disputa nos Estados e no País neste ano de 2022. Meu propósito é destacar fatos políticos relacionados às eleições municipais de 2020, quando um resultado apertado, obtido no segundo turno da primeira eleição municipal em dois turnos, elegeu José Aprígio da Silva Prefeito de Taboão da Serra.
Homem do povo, talvez por essa origem e postura humildes, mesmo tendo realizado muito após décadas de trabalho como empregado na construção civil, comerciante, empreendedor imobiliário, vereador por dois mandatos e Deputado Estadual, Aprígio foi substimado em seu potencial por parte da elite política local. Durante muitos anos, os “caciques” desdenharam de suas pretensões políticas.Muitas vezes, de forma preconceituosa e ofensiva, políticos locais manifestaram descrença na sua capacidade de liderança. Quando começou a demonstrar força, Aprígio passou a ser alvo de perseguição, tendo sido atacado em suas atividades empresariais por um ex-prefeito conhecido pelo uso e abuso da máquina administrativa em favor dos interesses de seu grupo político, como demonstram processos administrativos e judiciais ainda em curso.
A eleição para Chefia do Poder Executivo Municipal chegou para Aprígio em sua terceira tentativa.Esta eleição surpreendeu apenas aqueles que tinham a visão nublada pelo preconceito. Outros que acompanhavam de perto a realidade do desenvolvimento da política local apenas constataram a confirmação do resultado de quase duas décadas de trabalho de um político resiliente, com foco em seu objetivo e persistência incomum.
Uma vez eleito, Aprígio revelou uma capacidade de articulação política que surpreende pela simplicidade e eficácia. Falo tanto do estilo de gestão administrativa quanto da forma de exercer a liderança política consolidada pela eleição a Prefeito.
Após anos de autoritarismo, servidores públicos, agentes políticos locais e munícipes estão aprendendo a reconhecer um tipo de liderança democrática a que não estavam acostumados e que é caracterizada, sobretudo, pelo envolvimento de colaboradores e de interessados nas discussões e ações políticas e administrativas. A liderança democrática distribui responsabilidades a todos os que são chamados a compartilhar da tomada de decisão e é incompatível com o autoritarismo.
Do ponto de vista da gestão, Aprígio surpreende ao delegar com facilidade e também ao cobrar sistematicamente resultados. Quando delega, o faz de maneira criteriosa, dando a cada um a responsabilidade que lhe compete; ao cobrar, é respeitoso, porém, bastante objetivo e rigoroso com seus colaboradores. Deste modo, ao Secretariado do Prefeito e às demais pessoas que integram a gestão como um todo,têm sido dada a oportunidade de planejar e gerir a execução das ações previstas no Plano de Governo. O trabalho segue diariamente e todos são chamados a prestar contas daquilo que lhe se confiado de maneira que faz lembrar a “parábola dos talentos” (Mateus 25:14-30). Aqueles que realizam as competências delegadas se qualificam para continuidade de outras delegações; os que negligenciam a delegação devem se haver quando chegada a hora da tomada de contas.
Olhado para a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo, nos primeiros meses de governo, Aprígio não só conseguiu desativar as muitas armadilhas políticas, administrativas, orçamentárias e financeiras deixadas pelo antecessor, como também desarmou espíritos de alguns Vereadores e Vereadoras quanto aos propósitos de seu mandato à frente da máquina pública. De fato, passados mais de um ano e meio de mandato, o Governo Aprígio segue com o apoio do Poder Legislativo num novo tipo de relação institucional entre os Poderes:a Câmara Municipal dá respaldo à gestão nas votações de interesse público encaminhadas pelo Prefeito porque, agora, tornou-se regra a discussão prévia com os vereadores e vereadoras dos projetos de lei de iniciativa do Poder Executivo. Não há surpresas nas votações porque as críticas e contribuições do Legislativo são incorporadas aos projetos de lei quando justificadas. Na outra ponta da relação institucional, para além da atividade legislativa, Aprígio tem demonstrado respeito às demais prerrogativas da Câmara, exigindo do Secretariado atenção tanto ao trabalho de fiscalização das atividades da Prefeitura pela vereança, quanto no processamento das demandas do Legislativo dependentes da atuação dos órgãos municipais no exercício de suas competências legais.
Por fim, chego à articulação política regional. Aprígio tem, aos poucos, atraído lideranças políticas e administrativas de outros municípios para discussão de questões que interessam não só a Taboão da Serra, mas também às demais cidades da Região Sudoeste, a exemplo da municipalização do trecho taboanense da BR-116, do acesso regional à saúde e ao transporte urbano metropolitano.Com o mesmo tipo de liderança democrática exercida na Prefeitura, Aprígio construiu um diálogo com um amplo com líderes de vários municípios que já atuam alinhados em diversas frentes, inclusive na disputa política regional.
A verdade é que o vácuo deixado pela falta de compromissos e iniciativas relevantes da atual gestão do Conisud tem sido preenchido pela liderança regional emergente. Esta, diferentemente de outras já conhecidas e ofuscadas, vem pautando suas articulações políticas e administrativas pelo pragmatismo e respeito aos interlocutores de cada uma das cidades da Região Sudoeste, apresentando-lhe se encaminhando propostas que dialogam com os interesses regionais.
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