Taboão da Serra: Aprígio aponta falha em obras e prédio da UBS do Pq. Laguna poderá ser demolido
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No último sábado, dia 6, a prefeitura de Taboão da Serra realizou no Pq. Laguna o evento Prefeitura no Seu Bairro, que levou diversos serviços para a população do bairro e imediações. Porém, o que mais chamou a atenção dos moradores foi a notícia que o prédio da UBS, que está com as obras paralisadas, poderá ser demolida por falhas na construção.
As obras da unidade de saúde começaram na gestão do ex-prefeito Fernando Fernandes. Assim que assumiu a prefeitura, em janeiro de 2021, Aprígio paralisou as obras e justificou que a construção não seguia o projeto e apresentava diversas falhas técnicas (leia no final da matéria).
Segundo a prefeitura de Taboão da Serra, há risco do prédio desmoronar caso as obras seguissem e as falhas não forem sanadas, o que exigiria mais investimentos. “O ex-prefeito já pagou mais de 60% do valor da obra e o que temos é um esqueleto que não tem condições de receber com segurança a população”, disse Aprígio.
Outro ponto que é questionado pela atual administração é o fato do prédio ter sido construído em um terreno da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) sem a autorização da mesma. A vereadora Érica Franquini disse que a Câmara Municipal irá pedir uma posição oficial da companhia sobre o caso. “Não podemos ficar sem saber quem está dizendo a verdade, queremos saber a verdade”, disse.
Aprígio convidou a imprensa regional para uma visita ao prédio e detalhou novamente os erros que colocam em risco a continuidade de obras do prédio. Mesmo sem ter um conhecimento técnico é possível ver a fragilidade da estrutura que em alguns pontos balança com um simples caminhar.
“Como prefeito, estou comprometido com a transparência e o bem-estar da população, então decidimos abrir ao público a obra parada para esclarecer a situação da construção da Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Laguna. Identificamos diversas irregularidades na construção, que divergiam do projeto executivo. Diante disso, decidi paralisar a obra e abrir um processo de Produção Antecipada de Provas no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo”, justificou.
Casa nova
Para que a população não seja ainda mais prejudicada com a demora na solução do caso, Aprígio anunciou que a prefeitura de Taboão da Serra está procurando um prédio no bairro para ser alugado e assim a UBS seria inaugurada, mesmo que provisoriamente. “Já passaríamos a atender a população, que precisa se deslocar até o Jd. América para qualquer consulta, vamos resolver essa questão muito em breve”, disse José Alberto Tarifa, secretário de saúde.
Aprígio quer celeridade no aluguel e implantação da nova UBS. “A população não pode sofrer sem atendimento, essa discussão ainda vai demorar, a justiça vai ter que fazer uma avaliação criteriosa, mas enquanto isso não se resolve, vamos dar continuidade a nossa proposta de inaugurar uma UBS aqui no Pq. Laguna”.
Prefeitura aponta erros
Aprígio detalhou todos os pontos que acha relevantes para justificar a paralisação das obras: “Realizei uma vistoria minuciosa nas obras em andamento, incluindo a construção da UBS Parque Laguna, localizada na Rua Ida Romussi Gasparinetti, quando assumi a gestão em janeiro de 2021. Foi constatado um conjunto de problemas que comprometiam a estrutura e a segurança da UBS. Um laudo técnico foi elaborado e confirmou as irregularidades encontradas. Foram identificadas falhas na execução de pilares e vigas, problemas no muro de arrimo, além de pilares construídos em posições diferentes do projeto, entre outros problemas”.
• No muro de arrimo, constatamos a falta de execução do Pilar 30, o que representa uma preocupação séria em relação à estabilidade da estrutura. Além disso, os pilares foram construídos em posições diferentes das especificadas no projeto original, evidenciando uma falta de conformidade com as diretrizes estabelecidas. Outro problema observado foi o embarrigamento nos fundos do muro de arrimo, agravando ainda mais a situação.
• Na fachada da UBS, foram identificadas deficiências na execução das vergas dos vãos das janelas. Três vergas não foram devidamente instaladas, comprometendo a distribuição de cargas e a resistência desses elementos estruturais. Além disso, nenhuma contraverga foi executada nos vãos das janelas, o que representa um risco adicional para a estabilidade da construção. Também verificamos a descontinuidade de um pilar, levantando preocupações sobre a solidez geral da estrutura.
• No pavimento térreo, a situação é igualmente preocupante. Treze vigas não foram executadas, gerando incertezas quanto à capacidade de suporte dessa laje. Além disso, dois pilares foram construídos em posições diferentes das especificadas no projeto, evidenciando falhas no planejamento e execução da obra. É importante destacar que esses pilares também apresentam seções inferiores às indicadas no projeto, colocando em risco a estabilidade da estrutura.
• No pavimento superior, identificamos diversas ausências de vigas, totalizando 16 elementos estruturais não executados. Essa situação levanta preocupações sobre a segurança e a capacidade de suporte desse andar. Além disso, seis pilares estão faltando, o que agrava ainda mais a situação e coloca em xeque a integridade estrutural do edifício. Também constatamos que dois pilares foram executados em posições diferentes do projeto, destacando problemas de execução. Além disso, identificamos a execução parcial de um pilar, levantando questionamentos sobre a qualidade do trabalho realizado.
• Os ensaios de resistência do concreto, realizados pela ConsultCon Engenharia, mostraram que o material utilizado não atendia às especificações necessárias. A resistência do concreto em alguns pilares ficou abaixo do recomendado, comprometendo a segurança estrutural da UBS.
• Além dos problemas estruturais, recebemos uma notificação extrajudicial da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). A CDHU alegou que o terreno onde a UBS foi construída pertence à companhia e que não houve autorização para a realização das obras, uma vez que o local estava destinado à construção do Conjunto Habitacional. Na mesma notificação extrajudicial, a CDHU determina a paralisação da obra e a recuperação da área modificada, voltando ao que era antes, ou seja, sem a obra construída.
“Diante dessa situação complexa, meu objetivo como prefeito é proteger a população de Taboão da Serra e evitar qualquer prejuízo decorrente de ações tomadas por administrações anteriores. A transparência, o compromisso, a responsabilidade e o respeito à população norteiam todas as ações em relação à UBS Parque Laguna”, escreveu o prefeito em suas redes sociais.