Taboão da Serra está há 62 anos emancipada, mas seu povo não!
Por Najara Costa
Tá bonito ver as postagens sobre o aniversário de Taboão da Serra! Tá bonito ver porque os informes institucionais e análises de velhos políticos locais (ou seus filhos, já que a vida pública aqui infelizmente ainda é de pai pra filho/a), retratam uma Taboão da Serra que não existe para a maioria dos munícipes.
O que chamam de crescimento imobiliário podemos entender, na verdade, como crescimento desordenado em prol de empreiteiros e com custos para o povo.
O que chamam de território diverso, observa-se na verdade, uma imensa segmentação espacial definidora, grande parte das vezes, pelo tom de pele e gênero, vide a situação a qual vivem as mães solo, chefes de família e público LGBTQI periférico.
O que chamam de um município agregador, podemos entender simplesmente que não, já que o povo trabalhador, que mal vive a cidade por trabalhar em São Paulo em grande parte das vezes, dá um duro danado pra por a comida na mesa e vê, a cada dia, a situação só piorar agravada a crise sanitária, precarização do trabalho, fim do auxilio emergencial ou mesmo ausência de espaços de cultura e lazer para uma melhora da saúde mental, profundamente abalada em tempos de pandemia.
Nossa luta diária envolve a tentativa de sobrevivência em um município em que há ausência de remédios básicos, vagas em consultas médicas ou um atendimento digno, mas impostos chegam sim com grande facilidade e estes são duros de pagar.
Taboão da Serra se tornou há poucos anos a cidade mais adensada do país, pelo grande número de habitantes por metro quadrado, graças, claro, a especulação imobiliária. Aqui, grande parte do povo periférico, ainda vive de forma não digna e cara!
Taboão é palco de muitas lutas e queremos viver a cidade tendo acesso a tudo dentro dela. Seja cultura, lazer, esporte, saúde, educação entre outras oportunidades, não buscando quase tudo isso em SP.
Que em um futuro não muito distante possamos ser tratados como sujeitos dignos de exercer a nossa cidadania, pois, como bem define a mulher de luta Sandra Fortes, onde faltam direitos sobram favores que são rigidamente cobrados em tempos de eleição. Por isso, e para que isso aconteça, é fundamental que o clientelismo, que torna nosso povo tão frágil, deixe de existir.
Apesar de tantos percalços. Parabéns povo de Taboão da Serra!
A luta continua, não temos outra alternativa.
Najara Costa é taboanense, professora, socióloga e mestre em Ciências Humanas e Sociais.