Taboão da Serra: MC Lalão do TDS lança o clipe de Mandraka Siliconada no Mês do Funk gravado no Jd. Comunitário
No novo hit, Lalão narra a história de duas mulheres numa aventura de moto
MC Lalão do TDS na gravação de Mandraka Siliconada no Jd. Comunitário, em Taboão da Serra
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Na próxima quinta-feira, 27 de julho, no mês do Funk, MC Lalão do TDS lança o clipe de Mandraka Siliconada, o seu novo hit, sobre duas mulheres a caminho de uma festa, numa aventura de moto. Lalão, ou Larissa Manoel, tem 26 anos, nasceu e foi criada em Taboão da Serra, é cria do funk paulista, preta, periférica e sapatão. “Essa música marca uma nova fase para mim, que faço muito funk consciente, ela mostra a minha versatilidade enquanto artista. É uma música de amor, que também traz algo mais maloqueira, de ‘vida loka também ama’”, diz Lalão.
O clipe, dirigido e produzido por Pétala Lopes e Luíza Fazio, foi feito de forma voluntária por uma equipe de mais de 40 pessoas, principalmente mulheres e membros da comunidade LGBTQIAP+, que se disponibilizaram por meio de uma chamada no Instagram. O elenco do clipe é todo composto por mulheres. “Em cada uma das etapas, pré-produção, gravação, pós-produção, divulgação, entre outras, vimos todo mundo acreditando muito no projeto, em fazer dar certo”, conta Pétala. “As pessoas participaram oferecendo o tempo delas, que é o bem mais precioso que todos temos”, complementa Luíza.
As gravações foram feitas no bairro Jd. Comunitário, em Taboão da Serra, bairro vizinho ao de Lalão. “Quando escrevo uma letra, já escrevo pensando no clipe. Então, já visualizava as minas dando grau de moto na minha quebrada. É incrível ver isso materializado”, diz Lalão. “No clipe, vemos as minas empinando motos e dançando na frente de um paredão de som.”
“Mandraka Siliconada colou na minha quebrada / me tacou na sua garupa / acho que eu tô apaixonada”, canta Lalão em Mandraka Siliconada. Ela conta que, ao escrever as suas letras, costuma inverter papéis, desafiar estereótipos. “Numa relação entre mulheres, não existe essa parada de quem faz o quê. Por isso, na música e no clipe, quem me busca de moto é a Mandraka, uma mina toda feminina, siliconada, de unha rosé”, diz Lalão. “O estereótipo de uma mina como eu, nada feminina, funkeira, naipe, é o de quem pega geral, mas sou diferente disso e quis trazer quem eu sou para a letra.”
A inspiração para escrever a música surgiu quando uma amiga de Lalão disse para ela que queria colocar silicone e se mudar para o exterior. “Comecei a brincar com o assunto e logo surgiu uma melodia”, conta Lalão. A música mistura a sensualidade do funk com os beats lentos do trap.
No elenco, há diversidade de corpos, cores, sexualidades e estilos – e as personagens não ocupam os papéis pré-estabelecidos pelo senso comum. “Em clipes de funk, não encontramos muitas mulheres pilotando moto. Então, fomos atrás de minas que dão grau em toda a Grande São Paulo para participarem do projeto”, conta Pétala. “Nos debruçamos na palavra ‘aventura’ para trabalhar tanto na direção quanto na direção de foto.”
Luíza conta que, para a produção e direção do clipe, uma das referências foi o clipe de Saoko, da cantora espanhola Rosalía, que ficou conhecida como Motomami, nome do álbum que contém a música. “Quisemos trazer essa referência de moto mais feminina para a estética do funk, para uma estética mais popular e noturna”, conta ela.
Lalão destaca que a cultura do grau é muito forte na periferia, inclusive entre as mulheres. “Não é algo tão retratado pela imprensa ou pelas redes sociais, mas é muito presente, são vários os bondes, os rolês de moto”, diz ela. “A nossa referência principal é a cultura da quebrada.”
Algumas das principais referências de Lalão são Queen Latifah e Missy Elliott, além das brasileiras Cris SNJ, Negra Li, Tati Quebra Barraco e MC Marcelly. Entre os homens, os clipes do MC Hariel também são uma referência.
Lalão começou a carreira em 2020, apesar de já estar envolvida com a música há anos. O seu primeiro lançamento foi Papa-léguas, música escrita durante a pandemia. “Foi uma fase em que eu estava passando por dificuldades e a música chegou como uma luz na minha vida”, diz ela. Outros singles são Várias (lançado em junho deste ano), Princesa do Gueto (produzido por BADSISTA) e Maloca.
A expectativa de Lalão com o lançamento de Mandraka Siliconada é furar a bolha da Zona Sul de São Paulo e atingir o Brasil todo. “Acredito muito nessa música e, como artista, quero passar a visão de que a resposta é sempre a arte e não o vício”, afirma ela. “Estou limpa há dois anos e meio e essa vitória inspira todo o meu trabalho.”
Informações:
Artista: MC Lalão do TDS
Gênero: Funk
Data de lançamento: 27 de julho de 2023
Título do single: Mandraka Siliconada
Smartlink: sndo.fim.to/eelnkqy