Terreno no Jd. Helena é invadido por famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Barracos na área invadida pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Com colaboração de Mário de Freitas, do Jornal Hoje
Uma das poucas áreas livres de Taboão da Serra foi invadida por mais de 800 famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) na madrugada do último sábado, dia 1º de outubro. O terreno particular pertence a antiga Paulicoop, uma cooperativa habitacional que foi a falência nos anos 90. As terras estão em litígio na justiça.
A área que fica no Jd. Helena ocupa 80 mil metros quadrados e o valor venal do terreno é de dois milhões e setecentos mil reais e fica numa das mais valorizadas regiões da cidade, próximo ao Shopping Taboão. Ela está totalmente ocupada por famílias que vieram principalmente de São Paulo e de outras cidades da Região Metropolitana. Segundo levantamento da prefeitura, quase não existem pessoas de Taboão da Serra na invasão.
A ação do grupo foi muito bem planejada. Por volta das duas da madrugada diversos carros com madeira e lona chegaram no local e pelo menos 50 pessoas já esperavam para começar a montar os barracos. Na segunda-feira, dia três, pelo menos 700 famílias já ocupavam o terreno. Até o fechamento da matéria, a prefeitura calculava que pelo menos 2.500 pessoas estavam no local. A própria organização estima em 1.300 famílias no local, desde terçca-feira, dia quatro.
Segundo informações exclusivas conseguidas pela reportagem do Portal O Taboanense, o movimento é ligado ao PSTU, partido político de tendência radical da esquerda. Estudantes, políticos e sindicalistas fazem parte da cúpula do MTST.
Para se ter uma idéia da organização do movimento, até mesmo um site, atualizado quase que diariamente, informando sobre as ocupações realizadas pelo grupo está na Internet. (Clique aqui para acessar).
Protestos de todos os lados
Na segunda-feira, dia três, cerca de 700 pessoas que fazem parte do MTST foram em passeata até a prefeitura passando pela Câmara Municipal. Os manifestantes usavam palavras de ordem e paralisaram o trânsito por um longo período, inclusive na BR-116. Em frente ao Poder Legislativo a Guarda Civil Municipal parou na porta e a casa foi fechada, mas o movimento passou pacificamente. Na prefeitura, eles foram conduzidos até o estacionamento do Parque das Hortências. O prefeito Evilásio Farias não atendeu os manifestantes.
Segundo moradores do bairro, o terreno está abandonado eles dizem que a área estava sendo usado por bandidos e estupradores. A maioria das pessoas entrevistadas pela reportagem do Portal O Taboanense disse ser contra a invasão. “O bairro não comporta tanta gente, não temos escolas sobrando e essa gente vai morar sem nenhuma condição de higiene, acho que estamos vivendo um caos”, afirmou um morador que não quis se identificar.
Para outro morador, que também pediu anonimato, é um absurdo permitir que tenha havido essa invasão. “Nós já estávamos prevendo que poderia acontecer isso, agora quem é que vai dar condições dessas pessoas morarem aí? O que vai virar o nosso bairro? Uma favela?”, dizia indignado.
Outra moradora disse que não é contra as pessoas terem o seu teto, mas acha que a invasão irá trazer mais malefícios do que benefícios. “É uma situação complicada, acho que alguém tem que fazer alguma coisa logo, porque a tendência é isso aqui piorar muito, essa invasão é um barril de pólvora”.
Nossa reportagem tentou falar com os líderes do movimento, mas não localizamos os responsáveis pelo grupo.
Batismo
O movimento do MTST usa a apologia como instrumento de mobilização. Além do ‘slogan’: ocupar, resistir e construir, os líderes sempre usam de nomes de personalidades para determinar o nome das ocupações.
No terreno invadido do Jd. Helena, o nome dado, após votação, foi o de acampamento Chico Mendes, que derrotou a proposta de Che Guevara. O seringueiro acreano saiu vencedor em votação feita durante assembléia dos invasores.
› O texto segue as regras ortográficas da língua portuguesa vigentes na época da sua publicação