Toda miserabilidade humana foi pouca
Por Bruno Anderson
Ainda repercute muito mal na cidade o tratamento recebido por parte da imprensa no quarto e último dia da 11ª Festa do Peão de Boiadeiro de Taboão da Serra. A truculência dos “seguranças” e “produtores” da dupla Bruno e Marrone foi parecida com aquelas que figuravam no tempo da ditadura militar, quando os órgãos de imprensa sofriam as retaliações e os diversos tipos de censura e tortura.
Para que isso fique claro, vamos aos fatos: toda Festa de Peão ou evento que tenha o mínimo de organização a imprensa, seja ela local ou regional, tem ao seu favor um crachá, mais conhecido como credencial, que garante o acesso livre dos profissionais, em diversas áreas do evento. Essa mesma “credencial” dá o direito de cobertura ampla aos jornalistas que se submeteram, anteriormente, a um cadastro prévio e, sobretudo, que têm atividade jornalística e periodicidade na região.
Tão grave como o processo ditatorial estabelecido neste país no século passado, em Taboão a história foi vexatória. Infelizmente, aqueles “seguranças” e “produtores” desprovidos do espírito humano e de cultura suficientes para ler a tarja que acompanhava a credencial (acesso livre), impediram a presença de alguns jornalistas que, acima de qualquer coisa, apoiaram a divulgação da festa e, acima de tudo, se disponibilizaram a fazer a cobertura jornalística da dupla e promover a divulgação depois do evento, como foi o caso do Eduardo Toledo, deste site.
Para quem não sabe, este Portal deu 100% de cobertura jornalística e publicitária (gratuitamente) ao evento, e repito: alguns “delinqüentes mentais” mancharam a relação de respeito e profissionalismo, estabelecida por nossos redatores, e agindo com incoerência “liberaram” a entrada daqueles que se passam por “jornalistas” e que “camelaram” atrás dos organizadores do Rodeio, mendigando anúncios e aquelas famosas “pulseirinhas” de acesso aos camarotes para, tão somente, desfrutar da festa sem compromissos profissionais.
Diante disso, só nos resta uma e sincera pergunta: E agora me diz de quem é a culpa?
Todo os artistas que ascendem da miséria e da pobreza econômica e social, automaticamente tem um comportamento diferenciado com as pessoas e com os fãs, pois já viveram as dificuldades da vida (e longe de qualquer preconceito), e sabem que o que é mais importante dentro de uma carreira vitoriosa é, acima de tudo, a humildade.
Quem sustenta o artista é o povo, que compra seus CD’s e os acompanham nos shows pelo país. Sem isso, seriam o mesmo que “criança sem chupeta” ou um “carro sem combustível”. Em contra partida, o tratamento a esses fãs e aos profissionais da imprensa, que contribuem para a sua inserção e divulgação no mercado fonográfico, deveria ser ao menos profissional e se “sobrar um tempinho”, como alegam a maioria deles, um pouquinho cordial.
Entretanto, talvez, Bruno e Marrone, seus “seguranças” e “produtores” factóides acreditam que o sucesso é eterno; que ninguém seja insubstituível a ponto de agirem de forma arbitrária e irresponsável com aqueles que queriam, somente, uma foto; e o pior: visando a promoção exclusiva da dupla e de mais ninguém.
Em suma, após esse vexame, todos nós, imprensa e público, possamos analisar até que ponto compensa o compromisso com a coisa material? Até que ponto compensa a humilhação humana àqueles que desprezam e passam por cima do ser humano? O dinheiro e o poder, por mais que sejam bons, não resgatam aquilo que é de mais importante no espírito humano: que é o caráter e o respeito ao próximo.
Viver de aparência, como muitos fazem, dando beijinho nos fãs em programas globais, com 40, 50 pontos de audiência. Isso, provavelmente, é muito mais fácil do que se comprometer com uma mídia que não dá retorno, como muitos pensam, ou com aqueles admiradores que “são consumidores de CD pirata”, ou melhor: que “se quisesse tirar foto eu seria modelo e não cantor”.
Extremamente lamentável!!!
Bruno Anderson é estudante de jornalismo no Centro Universitário FIEO – UNIFIEO